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As preocupações legais foram abordadas legalmente, é claro, e parece que o Dr. Webber conseguiu com que ela ficasse com Harper porque não havia evidências de que, como mãe biológica, ela fosse incapaz de cuidar da filha. Um decreto provisório foi emitido e o Dr. Webber veio na manhã seguinte com três profissionais de plantão para dar a notícia.

Por um instante, vendo o rosto dele se transformar em nada mais do que um sorriso de pena, Meredith pensou que havia falhado com a sua filha, que havia perdido Harper. Mas, "Você terá alta amanhã de manhã e sua filha irá com você."

Com um sorriso que persiste, ela exala um "Isso é ótimo", junto com uma sensação de tranquilidade. "E meu pai?"

Dr. Karev dá um passo à frente e balança a cabeça silenciosamente. "O nome dele não foi registrado em nenhum hospital da cidade nas últimas quarenta e oito horas. Tenta não se preocupar com isso agora."

Seus pensamentos estão focados principalmente no bem-estar da filha, mas eles também estão se desviando por motivos um tanto egoístas no momento. Não é uma pergunta quando ela diz: "Ele disse que eu morava com ele, mas não posso voltar para a casa dele agora". Seguido por: "Eu posso só ficar em algum outro lugar até isso se resolver. Posso voltar para casa. A casa da minha mãe. Eu ainda tenho isso, não tenho?"

"Não tenho essa informação." Conforme o Dr. Webber se aproxima, olhando para um prontuário, os olhos de Meredith se encontram com os da cirurgiã ruiva, extraordinariamente requintada. Meredith não estava encarando – isso seria rude – mas também não estava desviando o olhar. "Posso verificar isso para você, faço umas ligações. Você tem pessoas que se preocupam com você neste hospital, Dra. Grey, espero que saiba que pode contar conosco."

Sim, claro, ela? Confiar nas pessoas neste momento? Fácil. Durante toda a sua vida ela confiou no pai; agora, onde ele está? Yang, a médica... Esse era o nome dela? Algo no peito de Meredith se dissolve quando Dra. Yang dá um olhar estranho à enfermeira que traz Harper para o quarto enquanto a menina está vestida em uma pequena bata de hospital. Para crianças doentes. A enfermeira desliza a menina de seus braços para os braços de Meredith em um movimento ensaiado. "O que há de errado? O que aconteceu com ela?" Dra. Yang questiona, tirando as palavras da boca dela. "Por que vestiram a garota como uma paciente?"

"Como ninguém trouxe uma muda de roupa, a Dr. Montgomery sugeriu que usássemos isso até que algo melhor fosse arranjado," explica a mulher e acena para sair, no momento em que Harper avista a Dr. Montgomery perto da porta, e Harper aconchega-se perto do ombro de Meredith.

"Não é tão ruim, é?" Doutora ruiva pergunta, e o rosto de Meredith fica quente só de lhe ter sido dirigida a palavra. Tipo uma completa imbecil. Harper estende as mãos então, antes que ela pudesse dizer alguma coisa, ambos os braços para cima e dedos pequenos enroscando em garrinhas, exigindo Montgomery até que a mulher se aproximasse e, é, segurasse Harper e seus membros agitados com uma naturalidade de dar inveja. "Oi você, coisinha pequena. Você quer ver sua mãe, lembra? Foi por isso que chorou a noite toda."

Aquele tom é no máximo gentil, educado, não é nada infantil ou forçado, mas cativa Meredith de um jeito certeiro e Harper fisga na mão ligeira o estetoscópio pendurado no pescoço da mulher. Meredith avança para ajudar, por instinto, mas a ruiva desvencilha os dedos menina sem qualquer dificuldade. "Vou encontrar outra coisa para ela usar, não se preocupe."

Ela não quer parecer uma mãe preguiçosa, desleixada, e muito menos uma paciente insuportável, então ela encolhe os ombros, dando um solavanco quando Harper desliza para os seus braços novamente. "É apenas um dia, está tudo bem."

"Eu não me importo."

"Mesmo?"

A Doutora Yang tosse, uma tosse que é muito encenada, e dá um passo mais perto da cama de Meredith. Pelo canto do olho, ela consegue ver o momento exato em que a Yang pisca um olho para ela. Sem mais nada para fazer, Meredith cora. "Bem, se não for pedir demais, eu aceito."

Ela dá de ombros, e há uma colisão estranha quando Harper salta para cima e bate a testa no duro do queixo dela. Harper não chora, e por um segundo Meredith até espera uma maré de lágrimas brotar nos olhos da menina até que... nada. Garota forte. Ela supera isso do melhor jeito possível, encontra uma distração na mecha loira que cobre a bochecha de Meredith. Ah, isso é bom. É um bom dia então, de explorar, puxar e usar força bruta da primeira idade, ela pode sentir que sim, e isso até ameniza todo o estresse que ela está sentindo por não saber exatamente como vai se virar quando receber alta.

A coisa importante agora é que ela não falhou com Harper. O segundo passo é dizer tchau; todos entregam o quarto a Meredith e Harper e também à sensação persistentemente de alívio que se espreguiça no peito dela.

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⏰ Última atualização: Dec 23, 2023 ⏰

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