VIII.

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Dante entregava a taça com o líquido vermelho...

Sobre o que seria, mestre? — perguntou limpando seus lábios com a manga de sua blusa, a manchando.

Irei viajar por alguns dias para resolver alguns assuntos, mas não sei quando irei voltar...— disse.

Oh...i-irá me deixar aqui? — questionou choroso.

Não, é claro que não. — riu leve e nasal. — Irei levá-lo comigo.

O que, é sério? — perguntou descrente.

Sim, partiremos depois de amanhã pelo nascer do crepúsculo. — explicou. — Termine de se alimentar e me encontre na biblioteca, certo?

Sim, mestre! — respondeu entusiasmado.









                                         ✿










Vincentt aflito se aproximava da biblioteca de seu mestre, era um lugar que não ousava entrar...era um tipo de " espaço pessoal " para Dante, assim como o jardim para Vincentt.

Entre, sei que está aí.





E novamente o anjo estava ali, saindo do Éden para cometer mais pecados, pois isso agora fazia parte dele...mesmo que ele tente esconder, isso nunca irá embora.




Mestre...— chamou adentrando sua biblioteca. — Uau! É gigante!

Dante riu. — Venha. — ordenou batendo em sua coxa.

Vincentt correu feliz até seu mestre, sentando no colo do mesmo e o abraçando.

Estou feliz. — confessou.

— Está ansioso pela nossa viagem?

Muito! Para onde vamos? — perguntou.

Iremos para uma cidade chamada Eunwick. — respondeu. — Devemos tomar muito cuidado lá...

— Por quê?

É temporada de caça aos demônios. — refutou se levantando com Vincentt ainda em seu colo, agarrado ao pescoço do mesmo.

Dante andou por um tempo pela sua biblioteca, até achar o que estava a procura.

— Veja.

— As pessoas estão...

Sim, estão atrás de nós, querem nos colocar fogo. — respondeu. — Querem nos destruir.

P-por quê querem fazer isso c-conosco? — questionou desesperado.

Pois somos monstros. Para " eles " somos filhos de Satã, enviados para causar morte e destruição nesse mundo que " Deus " criou. — retrucou.

M-mas não é justo! — Vincentt disse incrédulo.

Sei que não é. — respondeu compreensivo. — Mas, essa és nossa realidade. Devemos aceitá-la. Por que acha que eu vivo neste castelo, sem funcionários, afastado de tudo e de todos?

Porque...eles iriam vir atrás de você se descobrissem...— respondeu afagando seu rosto contra o pescoço gélido de seu mestre.

Por isso devemos tomar extremo cuidado. — disse fazendo Vincentt olhar em seus olhos. — Irá se alimentar até dizer chega hoje, pois não deve caçar em vilarejos, aldeias, cidades e reinos com grande população porque facilmente perceberão o sumiço de alguém. Entende?

— Sim, mestre.

Dante suspirou, pegando um livro em específico e sentando em sua poltrona com a companhia de seu servo.

Cruel EternidadeOnde histórias criam vida. Descubra agora