Prólogo

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No coração do sul da África, o choro de uma criança recém-nascida ressoou pelas paredes do universo. Seus futuros pais ainda não sabiam, mas aquele pequeno ser mudaria muitas vidas com o brilho de seus profundos olhos pretos de jabuticaba. Uma nova bruxa estava entre nós.

A mãe conseguiu segurá-la por alguns minutos, admirando o tom escuro da pele, tão parecida com a sua, e afastando alguns poucos cachinhos grudados na testa antes de perder as forças nos braços e sentir a respiração falhar. Ela sabia, logo quando viu o sangue escorrer por suas pernas, que apenas uma delas sobreviveria, e ficou feliz por ser a filha.

Poucos meses após a chegada da menina no orfanato, dois jovens homens foram envolvidos pela graça daqueles olhinhos e o sorriso banguela. Nossa bruxa enfim teria um lar e uma família.

Laís teve a melhor infância possível. Ia bem na escola, tinha amigos e pais que a amavam incondicionalmente e foi criada numa cidade pequena, tranquila e afastada de grandes acontecimentos, até receber a visita da diretora da escola de magia e feitiçaria.

A comunidade mágica vivia em harmonia com a não-mágica e Geraldo e Antônio, os pais de Laís, tinham muitos amigos bruxos, mas nunca viram sinal de que sua filha pudesse ser uma também.

Ela era uma criança como qualquer outra, corria, escalava árvores, gostava de ler e de ir ao cinema, mas nunca havia feito as xícaras virarem borboletas, como o filho dos vizinhos.

"A magia se manifesta de forma diferente em cada pessoa", a diretora explicou.

Estavam todos sentados na sala de estar da casa da família, ouvindo atentamente às explicações da mulher, quando a menina, de apenas onze anos, tomou sua decisão, não iria sem os pais. Então, fácil assim, a família mudou-se de cidade, a fim de garantir que ela tivesse a melhor educação que o mundo mágico pudesse oferecer.

A princípio, os homens pareciam quase mais animados do que a menina, até ela ver o grandioso prédio centenário, com seus tijolos cinzas aparentes, as trepadeiras subindo pelas paredes e inúmeras outras crianças usando a mesma roupa de uniforme, ansiosas pelo primeiro dia de aula.

Naquele momento, acompanhada de seus pais e rodeada pelo calor da magia concentrada emanando em todo canto, Laís sentiu o coração transbordar de felicidade e uma energia incontrolável sair por seus poros, fazendo todas as flores do jardim da escola florescerem, chamando atenção para sua presença. Ela pertencia àquele mundo tanto quanto qualquer um ali e faria jus ao seu nome de bruxa.

 Ela pertencia àquele mundo tanto quanto qualquer um ali e faria jus ao seu nome de bruxa

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Bem vindes à minha primeira história original!

"Vidas paralelas" é fruto de um desafio proposto no grupo de escrita criativa "Universos de escrita" e uma conversa inspiradora com minha psicóloga, Alyne.

Espero que gostem das minhas meninas, e nos vemos nos comentários!

Vidas paralelasOnde histórias criam vida. Descubra agora