[45 anos atrás] Inferno

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ATENÇÃO

Esse capítulo contém cenas de violência sexual que podem incomodar alguns leitores.

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Isadora Moraes

Soube por acaso que Diego estava de volta à Diamantina.

Achava um verdadeiro absurdo os outros dois Del Toro residirem na cidade e Diego, não. Se sentiu profundamente ultrajada por ele sequer ter dito um "boa tarde" quando passou por ela na rua.

Era inconcebível a ideia de que ele não a tinha visto. Afinal, todos a viam naquela cidade. Todos a cumprimentavam.

Um plano nasceu em sua cabeça assim que viu Santiago em uma sorveteria e ele lhe sorriu.

— Oi Santiago! - disse ela em tom mais afetuoso que o normal. - Me acompanha em um sorvete?

— Claro! Não é do meu feitio deixar belas moças sozinhas em uma tarde quente como esta!

Usaria Santiago para se aproximar de Diego. Flertaria com ele, pois sabia que uma vez apaixonado, faria tudo o que quisesse. Com o plano em prática, conseguiu arrancar dele onde o moreno estaria a noite.

Sentindo-se a mulher mais bela do mundo, graças aos dotes de Elizabeth em compor maquiagem, roupas e cabelos, Isadora adentrou o bordel segura de si. Todos a olhavam curiosos e certamente era um evento único a Miss Diamantina, filha do Coronel, naquele tipo de ambiente.

Não foi difícil encontrar Diego e também nunca o tinha visto tão bonito. Ele estava sentado no balcão conversando com Sophia, aparentemente de bom humor. Se aproximou lentamente, inalando o perfume que dele exalava, e por Deus! Que homem cheiroso!

— Diego. - disse com a voz suave, passando delicadamente a mão pelo ombro dele, marcando sua presença, sentando-se ao lado com uma cruzada de pernas digna das melhores dançarinas da Broadway. Ao se inclinar na direção de seu objeto de desejo, continuou. - se Maomé não vai a montanha, a montanha vai até Maomé. Estou a caráter?

— Sim. - respondeu ele indiferente tomando um gole do whisky. - perigoso até tomar a freguesia de todo o puteiro.

— Dos fregueses aqui, só me interessa um. Você.

Diego a encarou bem no fundo dos olhos. Isadora nunca o tinha visto tão de perto.

— Minha doce e inocente Isadora Moraes. Se eu a quisesse, eu já a teria. - Diego afastou uma mecha dos cabelos de Isa, que sentiu os lábios dele quase encostarem em seu ouvido, produzindo um efeito delicioso em seu corpo - Até porque você já é minha.

Um sorrisinho de satisfação se formou no rosto de Isadora ao ouvir o fim da frase "você já é minha".

— Quando vamos nos casar?

— Casar!? Rá! - Diego se afastou gargalhando ao ponto de chamar ainda mais a atenção de todos no local. Assim que conseguiu se recompor, em um tom sinistro, continuou - Minha querida, a sua alma me foi vendida.

De repente, as luzes do bordel se apagaram e só restaram os dois. Diego colocou nas mãos de Isadora um pergaminho. O documento era a cópia do contrato que o coronel Moraes havia feito com ele.

— Leia com atenção. Leve o seu tempo. - Diego levou o charuto à boca e a observava enquanto ela lia.

Os olhos de Isadora marejaram e à medida que lia as linhas do contrato, as lágrimas desciam.

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