Assim que cheguei a casa naquela noite, recebi uma chamada do meu pai e achei estranho pela hora tardia.
"Estou pai, tudo bem?"
"Olá querida, estou te a ligar porque a tua mãe foi parar ao hospital esta tarde."
"O que se passou?" Perguntei trémula.
"Ela tem estado com fortes dores de cabeça nos últimos dias e hoje começou a ficar com a visão distorcida então levei-a ás urgências e depois de algumas análises, conclui-se que ela tem um tumor no cérebro." Ainda não tinha processado exatamente cada palavra e sem reparar, lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto.
"A mãe precisa de cirurgia, quando é que está marcada?"
"Como não estamos abrangidos por um seguro de saúde é complicado que ela seja operada com urgência até termos dinheiro para pagar."
"Pai, um tumor não pode esperar, a cirurgia tem que ser feita com a maior brevidade possível!"
"Não temos meios financeiros, Sophia." Odiava este país e quem o geria. Odiava como punham o dinheiro acima da saúde da população, era um absurdo e só me apetecia gritar de frustração.
"Vou falar com o meu chefe de departamento, tenho a certeza que ele pode fazer alguma coisa para ajudar." A última coisa que queria era ter que recorrer ao Logan, mas era incapaz de meter a vida da minha mãe em jogo.
"Ok querida, quando tiveres novidades diz."
Assim que desliguei a chamada, respirei fundo mais três vezes e liguei-lhe.
"Sophia?"
"Desculpa estar a ligar, eu sei que não queres falar comigo-"
"O que se passa?" Perguntou ele cortando-me.
"Eu preciso de algo e não estaria a ligar se não fosse mesmo urgente."
"Sophia, diz-me o que precisas."
"Foi detetado um tumor no cérebro da minha mãe esta tarde, mas não a podem operar porque a minha família não tem um seguro de saúde nem meios para uma cirurgia. Eu sei que isto é pedir muito, mas há a possibilidade de ela poder ser operada no Grace? Eu prometo que vamos pagar, só precisamos de tempo."
"Não tens que pedir duas vezes, claro que ela pode ser operada lá e não te preocupes com os custos, eu trato disso."
"Eu não quero o teu dinheiro, Logan, nós vamos pagar."
"Eu não te estou a exigir pagamento, eu disse que tratava disso."
"Não gosto de ficar em dívida com ninguém."
"Tenho mais dinheiro do que preciso, não há de ser uma cirurgia que me vai afetar."
"Até podias ser o homem mais rico do país que eu te ia devolver cada cêntimo." Insisti.
"Tudo bem, agora vamos nos focar em trazer a tua mãe para a cidade. Vou falar com uns colegas do Canadá para preparem uma viagem de avião segura para os teus pais e amanhã à tarde já devem estar cá."
"Nem sei como te agradecer." Disse entre lágrimas.
"Precisas que vá aí?"
"Não é preciso." Mal respondi, ouvi a campainha tocar.
"Como-" Só consegui olhar para ele incrédula assim que abri a porta.
"Eu ainda não me tinha ido embora, não consegui pegar no carro depois desta discussão." Um nó formou-se no meu estômago porque me sentia exatamente da mesma forma. Odiava a forma como tínhamos deixado as coisas, mas era demasiado orgulhosa para o admitir.
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Cirurgião Collins
RomanceQuando a estudante Sophia Williams se encontra no quinto ano do curso de medicina, é aceite num dos mais conceituados hospitais em Seattle como estagiária interna. Tudo aquilo que conhece será posto à prova diariamente, porém o maior desafio será se...