GIULIA.Encaro o teto pela décima vez nessa manhã.
Semana que vem tenho um desfile em São Paulo e eu estou muito animada, de verdade, mesmo estando com muito medo de não dar certo já que é a primeira vez que vou em um desfile sem a Cecília, sempre fizemos tudo junto e já que agora ela está a mais de nove mil quilômetros de distância me deixa ainda mais preocupada.
Esfrego minha têmpora e me levanto com preguiça, acho que estou enrolando para comer a umas duas horas, no mínimo.
—MAS QUE PORRA É ESSA.— Grito chegando na cozinha e vendo um homem de costas cozinhando, ele se assusta e deixa cair o copo que estava em sua mão.
—Caralho que susto.— A pessoa em minha frente diz se recompondo mas eu continuo a encarando, que merda ela está fazendo aqui.—Qual a fita de você estar me olhando assim? Nunca viu um homem gostoso sem camisa?
—Já não basta não te suportar, você ainda aparece na minha casa e sem roupa.
—Eu te conheço?—Ele me encara.
—Eu quem deveria perguntar isso, o que você tá fazendo na MINHA casa, cara você é psicopata, na boa, vou chamar a polícia.
—Você é aquela tricolor que me tirou do sério?— Gabriel ri alto.— Puta merda. Estar reclamando de me ver sem camisa é demais, as mulheres pagam por isso.
—Você ainda não respondeu minha pergunta, o que você tá fazendo aqui?
—Eu tava procurando um quarto pra alugar por essa região e achei essa casa na boa, preço bom e essas paradas, então aluguei.— O jogador diz enquanto enfia um pedaço de pão na boca.
—Você tá comendo meu pão fit.—Bato em sua mão.—Como assim alugou?
—Sua amiga me ofereceu e então aluguei pelo airbnb, porque você complica tanto, tá achando que é detetive?
—A Cecília só pode estar maluca, puta merda.—Saio do cômodo e escuto ele falando algo como "obrigado pela recepção calorosa",volto para o quarto procurando meu celular e iniciando uma ligação com minha amiga e com minha irmã.
—Isis você não tem noção.— Começo a falar me jogando na cama que eu mal sai.
—Uma barata voadora invadiu seu quarto de novo ou o Leonardo te mandou mensagem?—Minha irmã faz cara de tédio.
—O jogador que eu mais desprezo tá só de cueca na minha cozinha cara, eu acordei sem entender nada, não tem como ser pior.— Bufo.— Cecília você pode se explicar?
—Pera.—Isis ri alto.—Você está desesperada porque transou com o Gabigol, puta merda, eu achei que seria eu primeiro.
—Cala a boca.—Resmungo.
—Não tem nada disso.—Minha amiga me interrompe.—Gabriel é um fofo e cria bom po, eu precisava de grana e você de um homem,mas mantém seu quarto trancado, vai que. Não tem nada mal de vocês darem uns pegas por aí.— Eu reviro os olhos.— Cara, você já deve ter resgatado sua virgindade de tanto tempo sem transar, relaxa aí.
—Se você não quiser pode me botar aí no seu apartamento que eu com certaza vou achar lamentável estar morando com um homem desses, amanhã passo aí pra ajeitar meu novo quarto.—Isis continua falando como uma maritaca.—Se isso é ruim então imagina o bom.
—Eu vou procurar um apartamento novo pra morar.—Digo.—Você não tem o mínimo de senso porra, bastava me avisar? A casa não é só sua, a gente assinou um contrato.—Continuo pedindo explicações.
—Não exagera, tenta entender meu lado, daqui a poucos meses eu já vou estar de volta, não abandona ai não, é uma oportunidade foda pra nós duas.
—Pois eu não acho. Vou desligar porque tenho que passar na agência mais tarde, também vou ter que resolver a merda que você me arrumou, passar bem.—Desligo.
Poderia ser pior.
Esses dias vi uma série de um canibal e isso realmente me deixou apavorada, pelo menos é alguém considerado conhecido e não iria me matar, parece uma história de amor mas também poderia virar uma história de assassinato, credo, já gastei muito em botox pra morrer tão nova assim.
—Pode entrar.— Digo.
—Ja tomou café?—O homem diz enquanto se escora na parede.
—Ainda não, nem teve como.—Me viro.
—Papai Noel te deixou um presente adiantado né, gente fina esse cara.
—Tá mais pra oferenda do diabo.— Fecho meus olhos.
—É assim que você trata quem te trás comida?
—Você virou meu mordomo? Pode ser que não seja tão ruim assim.— Me sento e ele me entrega um pão com chá matte.—Valeu.
—Tem como você me mostrar a casa?—Gabriel diz se sentando na cama.—Nós também temos que combinar como vamos fazer isso.
—Fazer o que?—Pergunto.— Eu vou procurar um apartamento novo pra morar.
—Que isso mano, se tiver te atrapalhando assim eu dou um jeito e vou embora.—Nego com a cabeça.
—Porque saiu de casa?
O silêncio se instala por alguns minutos, droga, odeio ter a língua maior que a boca, sua expressão muda novamente.
—Coisa minha, levanta daí preguiçosa vai morar comigo querendo ou não, onde fica a lavanderia?—O homem bate na minha coxa.
Me levanto junto a ele, não posso negar que porra, gostoso pra caralho, oferenda do diabo mesmo, me escoro na parede e vou mostrando a ele os cômodos da casa, que não são muitos.
—Você pode dormir no sofá até sua cama chegar.—Digo já que minha amiga desocupou o quarto.
—Eu não.
—Vai dormir aonde então? No chão?—Estalo a língua no céu da boca e um sorriso malicioso cresce em seu rosto.
—Que chão o que maluca, vou dormir na sua cama, agarradinho de conchinha.—O camisa nove fala em tom de provocação.
—Ah me erra gabigol, manera ai po.—Digo mandando o dedo do meio e indo em direção a cozinha.
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𝐑𝐎𝐎𝐌𝐌𝐀𝐓𝐄𝐒, 𝐠𝐚𝐛𝐫𝐢𝐞𝐥 𝐛𝐚𝐫𝐛𝐨𝐬𝐚
Fanfiction-O jogador que eu mais desprezo está só de cueca na minha cozinha.