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Meu carro estava bem na frente do ponto de ônibus perto da cafeteria, porém do outro lado da rua, não precisava me esconder, por mais que ele quisesse,  nunca conheceria meu carro.
O dia estava perfeito para o que eu queria, chuvoso, frio, mantendo muita gente fora das ruas. Atrasei de propósito e depois o vi no ponto de ônibus, sozinho.

Quando percebi que não havia pessoas por perto,  coloquei o carro em movimento e dirigi devagar até ele, sem conseguir desgrudar os olhos dele. Era muita emoção no meu peito, finalmente eu vou fazer o que eu quero. Tirar ele do meu caminho.
Enquanto Taehyung olhava para meu carro, não consegui decifrar em seu rosto ao certo se reconheceu ou não. Sua expressão era rígida,estava pálido.
O que estaria pensando? Sentindo? Tenho certeza que vai ser uma surpresa que ele nunca imaginou.

Precisei acalmar a euforia dentro de mim, precisava conter o ânimo para a hora certa. Mas não perderia nada até tudo se concretizar.
Parei o carro com vidro fumê em frente a ele. Baixei o vidro e nossos olhares se encontraram. Ele estava estático, surpreso. Sorri, pois não pude conter o prazer que se espalhou dentro de mim em vê-lo assim. Pasmo, com certeza imaginando ser outra pessoa. Ele me via por completo, sem disfarces, na minha essência. O fato de ser o único a ter aquele privilégio antes do ataque me encheu ainda mais de adrenalina.

Ele estava imóvel, tão branco quanto um fantasma.  Agarrava-se ao casaco, visilvememte tremendo. Sem uma palavra, abri a porta e esperei. Por um momento achei que sairia correndo. Seria um desperdício, me deixaria furioso. Claro que eu teria que acabar com ele de qualquer jeito, um tiro e pronto. Mas e o prazer? Faz tempo que espero por esse momento e nunca o perdoaria por me privar de cada momento até o fim.

Ele se moveu e a excitação veio com tudo. Aproximou-se e, sem tirar os olhos dos meus, entrou no carro e se sentou. A porta bateu e travei automaticamente cada saída e meu sorriso aumentou. 

— Sempre soube que era corajoso. — murmurei.

— Você? — foi a única palavra que saiu da boca dele.

— Eu! Surpreso? — seus olhos estavam concentrado em mim. Ainda pasmo.

Observei ele atentamente,  um jovem lindo e de olhos castanhos escuros, sérios, cheios de medo mas também de surpresa. Pus o carro em movimento, totalmente dono de mim. Mas mesmo assim observei em volta, para ver se estávamos sendo seguidos. Quando percebi que não.  Relaxei.

— Obrigado por ter vindo. Por um instante achei que não viria.

— A curiosidade foi maior. Para onde estamos indo?

— Para algum lugar onde possamos conversar em paz.

— O lugar onde matou IU e a avó dela? Na floresta?  — Dei uma risada.

— A floresta é grande. Não se preocupe, não é onde aqueles corpos foram achados. Seria arriscado demais. Digamos que vamos dar um passeio e ter uma longa conversa, Tae.

Falei seu apelido e ele respirou fundo, me olhou com vontade de me atacar. Fiquei atento, afinal eu sabia que ele fez aulas de luta com o amigo, mas sem me preocupar muito. Eu era muito mais do que ele podia imaginar.

—  Ainda surpreso?

— Nem tanto, agora as coisas estão fazendo sentido. Esse carro. Avó de IU descreveu ele.

Aquilo me surpreendeu de verdade e apertei o volante. Nunca imaginei que aquela velha pudesse me ferrar.
O pânico me envolveu sem que eu esperasse, pois significava que Taehyung poderia estar com mais informações do que imaginava.
Desconfiei que estava caindo em uma armadilha e olhei de novo pelo retrovisor, mas a rua estava vazia. Ainda assim me mantive alerta, pesando as opções e riscos.

Me arrisquei muito quando o convidei até ali, contando com sua ignorância e suas dúvidas sobre a minha identidade, ansioso demais para me pegar.
Eu só precisava descobrir em que Taehyung se garantia para estar ali. Será Hoseok nos seguindo?

Lancei um olhar rápido ao retrovisor novamente e nada, olhei para a ele e fui virando o carro em uma rua deserta, que mais à frente daria em outra, me embrenhando até o local em que visitei muitas vezes nos últimos meses.

Senti o prazer esfomeado crescendo dentro de mim. O desejo quente e voraz se misturou à fúria que fervia em meu interior. Eu brincaria bastante com ele. Mas antes precisava ter certeza de que estava seguro.

— Estou curioso agora. Como pensa em resolver nossa situação?

— Já peguei você. — ele disse de forma segura.

Meu coração bateu forte. Adrenalina se espalhou em minhas veias. Olhei de novo para ele e vi o medo no fundo de seus olhos, assim como a raiva avassaladora. Teria ele alguma carta na manga?  Mas o risco foi um tempero a mais e fiquei ansioso para começar. Sorri, duvidando que pudesse fazer aquilo, uma sensação de poder ilimitado já tomando conta de mim. Taehyung era um perigo e um desafio.
Muito maior que os outros.

— Matou IU por ciúmes dela com ele. Mas agora vai pagar por isso.

— Lamento informar que não vai ser assim. Você pôde até está certo em muitas coisas. Mas errou feio em duas.

Ele ficou pálido, ficou rígido no banco. Seus olhos estavam bem abertos, acho que nem respirava. Mas falou num fio de voz.

— O quê?

Vi as árvores mais à frente, se fechando, tornando nosso recanto secreto. Comecei a parar o carro.

— Não foi por ciúme de IU. Foi para tirá-la da vida dele. Ela sabia demais e estragaria tudo. E a segunda coisa, já percebeu, não é? Logo você vai encontrar com ela.

Foi delicioso ver sua expressão e palidez. Gozei aquele momento como único e me enchi de felicidade. Taehyung estava dentro do carro comigo, em um lugar deserto. Blefando para tentar me fazer medo. Mas estava nas minhas mãos. Agora sim, eu não vou errar, ele vai ter o fim que merece. Ali, onde comecei a me conhecer levando os animais. Ali, onde me livrei por várias vezes de pessoas inúteis que só estava estragando o mundo.  E onde seria seu derradeiro fim.

— Vai pagar caro por ter se metido no meu caminho, Tae. E por ter se metido no caminho dele.

E então, voraz, avancei para ele.






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Obrigados A Casar {VHope}Onde histórias criam vida. Descubra agora