51

1.8K 235 23
                                    




Flores disfarçavam o ferimento na testa de Namjoon dentro do caixão na capela do cemitério. Eu não deveria estar aqui mas eu estou. Eu me mantinha quieto num canto, meus olhos fixos naquele que foi como um irmão um amigo para mim. Apesar da raiva, da revolta, eu não conseguia odiá-lo. O maior sentimento que me consumia era a tristeza. Acho que tudo era muito mais dolorido por sabermos que não era uma vítima, mas um cruel. Namjoon destruíra muitas pessoas, muitas vidas. Por pouco ele não matou Tae e isso era difícil de perdoar.

Somente eu e Jin o enterramos. Naquela tarde, Jin me falou sobre o apartamento de Namjoon que a polícia ia interditar. Porém antes eu queria ver o tal apartamento. Lembro exatamente as palavras de EunWoo dizendo que era muito sério o que ele estava vendo. Então eu preciso ver como meus próprios olhos.

Taehyung felizmente se recuperava fisicamente, mas continuava abatido, o olhar assustado.
E eu cada vez mais determinado a lhe ajudar. Não vejo a hora daquele olhar assustado de Tae sumir e voltar a ser alegre como antes. Jeon está conosco, e com ele por perto Taehyung está animado e relaxado, isso me deixava aliviado e com a certeza que tudo vai ficar bem logo. Nossas famílias também estão nos apoiando muito e isso é reconfortante.

Fizemos a viagem de volta para casa em silêncio. Sofri na pele os efeitos de tudo, o caos emocional presente, a realidade dura. Na verdade, eu estava me conhecendo de verdade ali. Passando por tudo aquilo e sendo forte pelo bem estar da minha família.
Cheguei em casa e fui direto ver Taehyung. Ele estava no quarto de Jeon, olhando ele brincar. Assim que ele me viu,se aproximou e me deu um beijo suave.

- Tudo bem? - eu assentí e o abraçei forte sentindo seu cheiro.

- Tudo e você?

- Estou bem não se preocupa. - lhe dei um beijo e fui dar um beijo em Jeon.

Fui para o nosso quarto, pois precisava tomar um banho. Taehyung veio atrás de mim. Eu notei que ele estava inquieto com alguma coisa. Em determinado ele falou.

- Acha que todas essas notícias divulgadas vão prejudicar a empresa?

- Talvez. Mas as pessoas acabam esquecendo. Isso é o que menos me preocupa agora. - Ele acenou. Parecia querer dizer mais, muita coisa, mas não soubesse por onde começar. Eu resolvi falar, eu precisava falar.

- Nunca imaginei que Namjoon fosse esse monstro. Nem que tivesse a ver com a morte de IU.

- Ele amava você, Hobi. - olhou-me profundamente. - Eu vi o jeito que ele falava de você.

- Era obsessão Tae. Aquilo não era amor.

- Nunca vamos saber ao certo.

- A única certeza que eu tenho é que eu te amo. - ele me sorriu. - Depois que tivemos aquela noite de paixão intensa, eu soube que estava apaixonado por você. Depois eu ouvir você falar aquilo....

- Eu sei. Hobi eu senti também. Eu senti esse sentimento mas não queria aceitar, eu estava com medo de me apaixonar e você me fazer de idiota. Por isso eu ...

- Entendi, Taehyung. Naquela noite fiquei muito perturbado, magoado, era a noite que eu pretendia me declarar a você. - Tae levou a mão ao rosto, emocionado demais. Eu senti os olhos arderem, mas continuei. - Eu já te amava tanto que eu não conseguia mais viver longe de você, e esse amor foi crescendo e crescendo e cada dia cresce mais.

- Meu amor, agora vamos viver o nosso amor como deve ser. Eu tenho certeza que eu vou ser muito feliz ao seu lado. Te amo...- veio mais perto e me abraçou com o braço esquerdo sem gesso, beijando meu rosto, chorando baixinho - Obrigado... Obrigado por cuidar de mim, de Jeon, por nos fazer feliz ... Obrigado por não desistir de mim e me salvar.

Lágrimas desceram por meu rosto, envolvendo-o nos braços. Nós nos agarramos forte, emocionados, abalados, unidos mais do que nunca. Eu sabia que precisava de um tempo para me acostumar com tudo, assim como Taehyung. Era somente o começo e muita coisa ainda ia acontecer, mas eu não queria soltá-lo. Nunca mais.

Nossas bocas se grudaram e o beijo foi avassalador, quente, entregue. Desesperados, passamos as mãos por cabelos e faces, nos sentimos vivos, choramos juntos. Depois apenas nos amparamos, certos de que juntos conseguiríamos vencer toda aquela situação e os traumas.
Taehyung recostou a cabeça no meu ombro e eu me senti melhor em tê-lo comigo. O meu amor estava vivo aqui comigo comigo.

No outro dia, Jin tomou a frente na interdição do apartamento de Namjoon e permitiu que eu e Taehyung estivéssemos presentes. Deu-nos inclusive acesso a sala que ficava escondida, alí ele tinha acesso a todas as câmeras que estavam na minha casa. Eu estava chocado. Cada lugar da minha casa era filmado.

- Ele sabia exatamente de tudo o que acontecia dentro da sua casa. - Jin falou e Tae apertava minha mão, pasmo com o que estava presenciando.

- Isso é doentio. - eu consegui falar.

- Ainda tem mais, achamos isso dentro do cofre. - Jin falou e me mostrou uma espécie de livro.

- O que é isso? - Taehyung perguntou.

- Relatos dos crimes. - Jin falou.

Peguei o livro e abri, fiquei aterrorizado com o que li. Eram lembranças de uma mente doentia. Contava em detalhes cada um de seus crimes, com comentários ao lado, relatos do que havia sentido. O prazer perverso, a maldade, a arrogância de quem se achava superior aos outros. Havia anotado ali 28 crimes.
Impressionantes 28 vidas que ele tirara. Inclusive de IU.

Eu e Taehyung ficamos chocados com tudo.
Meu nome aparecia várias vezes. Sempre remetendo ao fato de que me amava, que Taehyung não me tiraria dele, que faria qualquer coisa por mim. Era mais do que obsessão. Falava até em termos sexuais, não explicitamente, mas dava para entender que havia um desejo por mim, um desejo que nem ele aceitava muito bem.

Era apavorante, aterrador, terrificante. Tive que me levantar e andar pela sala até me acalmar. Taehyung me abraçou forte e assim ficamos, até conseguirmos ler de novo.

Falava de IU, de como se encontraram e ele a seduziu, chegou a ter um certo relacionamento com ela,tudo para obter informações sobre mim, mas depois IU começou a dar problemas e ele a estrangulou-a naquela floresta.

Descobrimos que alguns homens também entravam na lista, principalmente quando seus pensamentos sobre mim se tornavam descontrolados. A maioria era de garotos de programa. Ele era completamente louco, um monstro.

Depois entregamos o diário à Jin e saímos de lá. Fomos para nossa casa, ambos cansados, exaustos emocionalmente.

Dormimos juntos na cama, Taehyung nos meus braços, apenas contando com o calor um do outro. Estávamos mais ligados do que nunca. Agora para sempre, ao menos aquilo Namjoon não tirara de nós.









**************************

Obrigados A Casar {VHope}Onde histórias criam vida. Descubra agora