- Toya? - O garotinho de cabelos verdes repetiu - Muito prazer em conhecer você! - Ele sorriu animado - Sou Izuku Midoriya! - Ele tentou segurar a mão do ruivo, mas foi detido por um grunhido, automaticamente se afastando assustado - Ah, desculpa, desculpa! - Disse apressado ao vê-lo segurar os braços enfaixados - Como se machucou assim? - Perguntou preocupado logo tirando remédios e gases de sua mochila amarela - Se não quiser falar não tem problema - Continuou tagarelando. Ele puxou o garoto o fazendo sentar na grama, logo em seguida fazendo o mesmo e começando a aplicar pomadas e a usar anti-inflamatórios - Talvez precisemos trocar suas ataduras, elas estão muitos sujar e podem infeccionar e - Uma curta risada cortou a fala do menor.
- Você fala demais - Izuku corou coçando a bochecha, envergonhado.
- Desculpa - Sussurrou baixo terminando de tratar as queimaduras pelo corpo do maior. Eram horríveis, e o sardento se sentia pior ao ver que não poderia fazer nada em relação as cicatrizes que ficariam em todo o pequeno corpo da criança.
- Não dói - Toya levou a mão enfaixada até a bochecha sardenta e a apertou, aliviando a tensão do esverdeado - Você é bem esquisito pra se importar com um garoto que acabou de conhecer.
- Eu sei seu nome e você sabe o meu - Izuku murmurou guardando as coisas em sua mochila - Não somos mais estranhos - Ele levantou a cabeça e sorriu radiante. Toya sentiu o coração pular - Você está sozinho? Onde estão seus pais? - Perguntou inocente.
- Não tenho - Ele resmungou exalando puro ódio - Não mais... - Cerrou os punhos apertando-os com força. De repente as lembranças de dias atrás o acertaram com uma força cruel. Os treinos rigorosos de Endevor, as lágrimas de sua mãe, seus irmãos, o acidente que o deixou naquele estado, e a fuga. Os olhos marejaram deixando a visão dos olhos azuis turva, o garotinho de cabelos vermelhos aos poucos se sentia afundando cada vez mais na escuridão.
Até que, de repente, mãos cálidas e macias tocaram as suas, o fazendo olhar novamente para os olhos esmeraldas que brilhavam reluzentes. O menino de sardas o olhava com uma expressão triste, segurando cuidadosamente as ataduras, ele sentiu aquele calor gentil atravessar sua pele e aos poucos varrer a escuridão que o cercava.
- Desculpe por perguntar - A voz soou chorona - Mas por favor não aperte suas mãos, elas podem ficar ainda mais machucadas - Os olhinhos logo encheram de lágrimas. Toya respirou fundo e se acalmou, deixando de enterrar as unhas na pele queimada.
- Não importa mais - Disse voltando a adquirir um rosto inexpressivo - Mas eu - Ele foi interrompido pelo barulho do próprio estômago que implorava por comida. Mesmo tentando parecer imparcial, Toya não passava de uma criança, então ele corou envergonhado - Não estou com fome - Resmungou contradizendo o som, o que fez Izuku rir docemente.
- Sabe, agora mesmo eu estava indo até meu esconderijo secreto! - Sorriu bobo. Mesmo tento uma postura "madura", as vezes Midoriya precisava agir como uma criança normal a fim de não levantar suspeitas - Se não tiver pra onde ir, e quiser comer as frutas que colhi - Ele apontou para a sacola que carregava junto a mochila - Pode vir comigo! - Pulou animado.
- Bem... - O garoto relutou um pouco antes de aceitar o convite - Não tenho mesmo pra onde ir - Sorriu e segurou a mão gordinha de Midoriya, andando colado ao menino pela saída do parque e entre as ruas.
Era estranho. Toya não aparentava e nem era um garoto sociável daquele jeito, mas da maneira como as duas crianças caminhavam juntas as pessoas poderiam jurar que se conheciam desde sempre. Ele estava enfrentando diversos problemas, e o principal naquele momento era fome e o guarda que o pegara roubando do parque, e justo no momento em que precisava Izuku apareceu, salvando o dia como se fosse seu herói. Com o brilho de um anjo puro, ele o ajudou sem pestanejar e, até mesmo chorou, por ele. Midoriya sem sombra de dúvidas era um rapaz estranho, mas essa mesma esquisitice fizera Toya gostar dele.
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Retrocesso ⏳️
Fiksi PenggemarIzuku não entendia o que estava acontecendo, afinal porque seus braços eram tão pequenos e sua voz estava tão fina? Porque sua mãe aparentava ser mais jovem? Porque ele parecia ter quatro anos?! A resposta era óbvia, só não era aceitável... Ele havi...