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— Pra mim demonstra suavidade, felicidade... dizem que também representa lealdade.

Girassóis sendo traçados com a caneta vermelha que a garota resgatara em sua bolsa de pano. Zendaya começou a espalhar pontinhos em volta das pétalas.

— Constelação? — Murmurei pela proximidade.

Ela sorriu — Quer que seja uma? — Me olha sugestiva.

Balanço a cabeça.

— Imagina, — continua — lá poderia encontrar a paz do mundo.

— E se não for assim?

— Te dou uma chance de fazer ser.

Daya levantou a cabeça para me olhar, a luz baixa do ambiente a deixava muito mais atraente por revelar a sensualidade que a mesma permitia mostrar-me e a delicadeza fascinante. A beleza não é de se negar, depois de tanto tempo longe demorei a me acostumar na sua presença durante o período de estadia na minha casa.

Dei um beijo em sua testa e têmpora, ela voltou para a posição de antes.

Era o dia de provar meu figurino para a apresentação que acontecerá em breve. Queria ter uma opinião válida que não fosse da minha mãe ou meu pai; é difícil decidir quando tudo parece ficar maravilhoso e ter a opinião de alguém que conhece melhor a moda do que eu vai ser bom.

— Gosto de como às vezes você parece o céu pra mim, sem nuvem, só o azul. — Sussurro para só ela escutar.

— Azul é uma cor muito bonita.

— Eu sei.

— O céu também.

— Igual a você.

Um silêncio paira antes dela soltar o ar e sussurrar:

— Gosto de como às vezes você consegue me ganhar.

Eu sorri.





Estou parado na porta do vestiário das meninas. Os pés descalços batendo freneticamente no chão mostra a impaciência e ansiedade momentânea após Nadia ter simplesmente me deixado sozinho na pista de gelo sem nenhuma explicação. Anastasia, nossa treinadora, bateu a porta atrás de si assim que saiu lá de dentro e puxou meu pulso.

Uma coisa que aprendi durante todos os anos em que a tenho como treinadora é não a questionar sobre nada quando me carregar em silêncio.

— Por enquanto quero que vá praticando o Axel triplo, precisa se sentir confiante o bastante para me mostrar no gelo. — A voz firme não me assusta mais como antes. Era o jeito mais eficaz de fazer alguém a obedecer.

— Posso mostrar usando o jumping harness.

Aperto o passo, mas ela para bruscamente me fazendo bater contra suas costas.

— Desculpa.

Seus dedos apertaram meus ombros, mas antes que pudesse dizer algo a expressão muda assim que mira o olhar acima de mim, na arquibancada.

— Meu amor! — Acompanho ela que bate as mãos empolgada. — Isso, mudei de ideia Stanley.

Zendaya desce os degraus guardando o celular confusa, confesso que também estou por ainda ter sua presença aqui já que faz horas desde que chegamos da prova de figurinos. Achei que havia ido para casa.

— O que queres de mim mi amor. — Cantarola.

— Que tal sair um pouco? Beber um chocolate quente e se deitar na neve?

— Agora? — Interrompo.

— Agora.

— Aconteceu alguma coisa? — Zendaya pergunta.

— Nada que eu não possa resolver.

Na porta de entrada da arena Daya me espera com os braços em volta do corpo enquanto observa os poucos flocos de neve que cai criando uma fina camada de gelo no asfalto lá fora. Lhe entrego a bebida quente afastando alguns fios de cabelo do seu rosto os colocando para dentro da minha touca azul-marinho; empurrando com o pé abro a porta fazendo o vento gélido entrar.

Caminhamos até a área de esqui brincando de fazer marcas aleatórias com os pés na neve.

— Vamos entrar lá?

Ela aponta para a lanchonete um pouco mais a frente. Frequentávamos muito aos 17 anos nos empanturrando com os enroladinhos de canela, agora aos 24, nossa preocupação está ligada em saber ser adulto e não ferrar com o que construímos.

Me sento ao seu lado; Zendaya se aproximou ficando cara a cara comigo tirando touca e luvas, o aquecedor estava ligado. Num gesto rápido afasto novamente seu cabelo colocando-os atrás de sua orelha, o castanho dos olhos estava cintilante dando destaque para a blusa gola alta de lã que usara.

A ponta do dedo indicador tocou minha bochecha, depois os lábios macios. Afastei-me por estar envergonhado, fiquei me perguntando se ainda tínhamos liberdade para ficar assim.

— Você gostava quando eu dava beijos na sua bochecha, — Ela me encara — tem medo de mim agora?

— Medo? Não, não. Só me sinto confuso com você.

— Confuso?

— Confuso.

Ela revira os olhos divertida.

Mordo minha bochecha na tentativa de esconder o sorriso sapeca, queria ouvir dela que estávamos bem. Só depois dos tradicionais enroladinhos de canela que Zendaya veio dizer algo.

— É estranho voltar depois de tanto tempo. Tinha me esquecido disso.

— Ainda tem o mesmo sabor.

Ela assente olhando as pessoas esquiarem pela janela. Nossas pernas se tocavam quando Z balançava as suas. Ficamos em silêncio mais do que poderia imaginar, até o momento em que perguntei o porquê não veio mais visitar ninguém. Por uma parte eu sempre desejava, muito mesmo, já por outro lado não queria ter problemas maiores com nosso romance adolescente na época. Eu estava encurralado nos treinos quando começamos as brigas.

De noite, antes de dormir, eu escutava suas ligações que foram para caixa postal quando me mudei pra Los Angeles.

— Por que nunca retornou? 

Imagines tomdayaOnde histórias criam vida. Descubra agora