2- Faculdade

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Dez anos se passaram desde que Yu fora ao orfanato e agora, Wei Wuxian estava sentado junto a bancada da cozinha comendo bolinhos apimentados de olho no relógio. Não queria se atrasar de modo algum para o seu primeiro dia de faculdade. Ele tamborilava os dedos na bancada, mas parou ao ter a mão segurada por outras duas.

_Bom dia mãe.

_Bom dia querido. – falou Yu.

Fengmian entrou na cozinha, deu um beijo na esposa e se sentou ao lado de Wei Wuxian.

_Como está o nosso universitário?

_Em pânico pai.

O homem riu e viu a esposa dar algo na mão de Wei Wuxian. A antiga flauta de bambu queimado que estava na família Jiang há anos.

_Não esqueça a Chenqing. Pode tocar para si se ficar muito nervoso.

_Obrigado.

Wei Wuxian olhou para o lado e viu sua irmã entrar com cara de sono e mau humor, ela odiava acordar cedo.

Jiang Shun estava no último ano do ensino médio e almejava entrar na mesma faculdade de música que seu irmão adotivo mais velho havia entrado. A família Jiang era muito conhecida por seus dons com música, tanto que Wei Wuxian foi ensinado a tocar flauta assim que chegou na casa e em seguida aprendeu piano, harpa e violão. Jiang Shun tocava violino, instrumento que Wei nunca conseguiu aprender, piano e guitarra. Wei também cantava, havia aprendido com sua mãe, cantora lírica com técnicas perfeitas e muito conhecida, assim como seu esposo que era um maestro renomado.

_Se ficar dormindo mais que a cama A-Shun não vai conseguir me acompanhar.

Jiang Shun se pendurou no pescoço dele, o abraçando e num resmungo mau humorado declarou:

_Odeio primeiros dias de aula.

_Vai dar tudo certo.

Jiang Shun pegou um bolinho que estava num prato diante de Wei Ying.

_Você vai ficar bem sem mim na faculdade?

_Vou.

_E se tiver cachorro?

_Eu me escondo.

_E se os garotos forem maus com você?

_Você me ensinou a me defender.

_E eu iria lá bater naqueles filhos da puta por importunar você também.

_Shun... Olhe o palavreado.

_Perdão mãe. Falo sério Xian-Ge, se alguém maltratar você, eu vou até a sua faculdade.

_Obrigado meimei. Família, vou indo senão me atraso.

Wei Wuxian bateu o punho dele com o do pai, beijou a testa da mãe e bagunçou o cabelo de Jiang Shun que soltou um palavrão fazendo o outro rir.

Wei Ying se esforçou, mas mesmo assim quase chegou atrasado. Ele corria para dentro do campus com seus cabelos que passavam do meio das costas balançando e pediu que alguém segurasse a porta do elevador para ele e uma mão grande com dedos de pele alva assim o fez.

Ele entrou esbaforido e se curvou apoiando a mão nos joelhos procurando ar.

_Obrigado. Eu ia... – ele se calou de súbito olhando o rapaz de cabelos curtos que o olhava com seus olhos dourados atrás das lentes de um óculos de armação dourada fina – Ai porra... Wangji? Eu não acredito! – ele gritou fazendo o outro apenas empalidecer.

O coração de Lan Zhan quase saiu de seu peito quando ele foi encarado por um par de olhos cinza. Era impossível. Mas ele jamais viu olhos daquela cor em nenhum lugar que havia ido. Como o garoto havia chorado sozinho em seu quarto sentindo saudades do seu amigo. Ele ainda guardava o desenho de Wei Wuxian e se antes era uma criança quieta, ficou muito pior ao voltar para casa. Lan QiRen tentou adotar o menino, mas não conseguiu, pois ele já havia sido adotado por outra família e o orfanato não tinha autorização para falar o endereço das crianças que haviam sido adotadas.

Acasos e Reencontros (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora