Capítulo 12

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Point of view Jhonatan Oliveira.

Encosto a porta atrás de mim e verifico se o corredor está limpo para que eu possa passar despercebido. Saio para a área exterior não encontrando ninguém como esperado, devem estar mortos por algum canto aí.

Encontro a tábua com alguns pedaços de carne e pão de alho. Pego um copo americano e uma garrafa de cerveja no freezer, o litro está com uma fina camada branca mostrando que a cerveja está geladinha do jeito que eu gosto. Abro a tampa na quina do balcão e encho o meu copo. Dou um gole sentindo o gostinho.

Vou petiscando a carne e bebendo enquanto coloco os meus pensamentos em ordem. São muitos pensamentos para uma só mente.

****

Destaco a folha branca com anotações em preto e colo na parede junto a outras anotações. Caminho para trás de costas e coloco a caneta atrás da orelha, junto as mãos em frente ao corpo observando cada detalhe da parede que aos poucos vai se preenchendo de folhas e cores tomando forma.

Ainda tenho muito trabalho e dias pela frente, mas aos poucos as coisas estão caminhando da forma que eu quero. Dou atenção para cada detalhe, para que nada passe despercebido por mim.

Tiro o celular do bolso certificando as horas, já são três da tarde e até agora sem sinal de ninguém, a cachaça foi forte que derrubou todo mundo. Cato a chave do quarto e saio do mesmo trancando a porta como sempre, para que ninguém possa entrar. Aproveito que sou o único acordado e saio para conhecer a chácara mais a fundo, apesar de estar aqui há alguns dias ainda não havia tido essa oportunidade.

A chácara é grande, ótima para passar o final de semana e até mesmo férias com a família ou amigos. Além de ser um ótimo lugar para alojar envolvidos em uma fuga por ser um lugar afastado e com difícil acesso.

— Achei que estava dormindo. — Dou um pulo do lugar e olho com a mão no peito para Lúcia, ela rir pelo susto que levei. — Não queria te assustar.

— Que isso minha senhora, fui no céu e voltei. — Dou dois tapinhas no peito voltando a alma para o corpo. Volto o olhar para Lúcia e pressiono os lábios para não rir quando vejo o seu estado e cara de ressaca. — É Lúcia.. A noite foi boa, hein?

— Fala não, estou zonza até agora, tenho certeza que sabotaram o meu copo. — Gargalho cruzando os braços.

— Sabotaram que você fala né? Ontem foi só cachacinha pra dentro. Isso não foi nada perto dos pegas que você deu ontem. — Falo como não quer nada e nego com a cabeça quando ela me olha com os olhos arregalados.

— Eu o que?!

— Isso mesmo, os pegas que você deu em Samuca. Ó, vai dizer que você não lembra? — Olho incrédulo para ela.

— Sangue de Jesus tem poder! — Coloca a mão na boca assustada.

— Coloca Jesus nessas safadezas não. Cê tinha que ver as saliências. É Lúcia.. você não está fraca não hein. — Dou um empurrãozinho no braço dela.

— Para de inventar essas coisas! Nunca que eu faria isso, aquele.. Aquele menino tem idade pra ser o meu filho! — Coloca a mão sobre a boca.

— Hmm.. gosta dos Mucilon né Lulu. — Olho com malícia para ela e balanço a cabeça rindo. — Mamãe ama, mamãe cuida. — Gargalho esquivando do tapa dela.

A senhora de branca ficou transparente, a ressaca foi embora na mesma hora. Deslizo a língua pelos meus lábios umedecendo os mesmos segurando a risada.

— Iiih fica tranquila minha senhora. — Dou um tapinha nas costas dela desmentindo, já estava vendo a hora que a veia iria infartar.

Foi tempo de eu desmentir e desviar do tapa de Lúcia, gargalho correndo para dentro da chácara ouvindo os xingos dela.

Volto para o meu quarto trancando a porta logo em seguida, jogo a chave sobre o móvel do quarto e junto algumas folhas que estão espalhadas. Não consigo trabalhar em lugar desorganizado. Puxo a única cadeira do quarto e a coloco de frente para a parede de anotações. Sento colocando os cotovelos sobre os meus joelhos inclinando um pouco o corpo, e junto as minhas mãos deixando o queixo sobre elas. Encaro cada detalhe do plano criado por mim.

Apesar de ser um simples plano, essa missão pode abrir diversas portas para mim se eu for esperto. É claro, não sou bobo de entrar nessa só por entrar, não colocaria a minha cara a tapa para quem não é um dos meus. Sei que consigo ganhar muito mais do que os quarenta mil combinado.

Se eu souber mover as peças devido ao jogo consigo muito mais.

Perco a noção do tempo preso nos meus pensamentos que não noto quando uma falazada na cozinha começa, mostrando que eu e Lúcia não somos mais os únicos acordados. Além da fome que se mostra presente. Deixo o quarto indo para a cozinha, no corredor o volume das vozes ficam mais alto.

— Esse Japonês aí é outro. — KF aponta quando atravesso a porta da cozinha. — Sumiu também igual tu. — Fala com Cristal.

E então, só agora percebo que além de Samuca e KF, Cristal também está presente no local. Olho para ela que está em pé comendo uma maçã encostada no balcão, ela me encara e remexe os lábios segurando o sorrisinho, imagens da noite passada invadem minha mente.

— KF depois do quarto shot não lembra de mais nada. Estava falando com ele que fiquei cuidando da churrasqueira. Mas é mesmo, você sumiu ontem Japonês, não te vi mais. — Ela me olha inocente quando paro ao seu lado de costas para os demais.

— Estava me procurando, Cristal? — Pergunto pegando uma xícara. Olho para ela ignorando os dois homens presentes na cozinha que estão em outra conversa. Ela sorrir cruzando os braços. — Vejo que acordou de bom humor.

— Impressão sua. — Faz pouco caso tirando uma risada baixa minha. — Pelo jeito não foi só eu que acordei de bom humor.

— Impressão sua. — Imito ela e franzo o nariz negando com a cabeça. Ela rir me fazendo rir também.

Apesar do lema "o que acontece em quatro paredes, fica em quatro paredes", não tem como lembranças não ficarem na memória. Mas é isso, fizemos o que queríamos e agora as coisas continuam, a vida continua, junto a ela o motivo do qual estamos aqui. E no final das contas nós dois sabemos disso.

Ela nega com a cabeça soltando uma risadinha e desvia o olhar. Sorrio encostando as costas no balcão, levando a xícara até a boca.

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