Capítulo 7

433 73 45
                                    

Point of view Agatha Sophie.

Sinto que as minhas mãos irão congelar por conta do frio. Encolho a perna sentindo o calafrio que o vento causa no meu corpo, coloco os pés na bordinha do banco e enfio as mãos entre as minhas pernas para esquentar.

Japonês apaga a ponta do baseado e coloca a perna esticada onde eu estava sentada minutos atrás.

— Milena tem quantos anos? — Ele olha para mim mordendo o lábio em silêncio.

— Três.

— Ela é muito esperta para três anos.

Ele sorrir balançando a cabeça. Percebo que quando o assunto é sobre a sua filha, os seus olhos chegam a brilhar. Nunca o vi sorrir, mas vejo transparecer que o seu sorriso é sincero, além de radiante.

Nesse tempo observando, notei que ele é uma pessoa bastante fechada.

— Você não viu nada, esperta é pouco. Mas o que tem de esperta, tem de sapeca.

— Imagino. — Digo rindo. — Ela tem cara de ser bem levada mesmo.

O silêncio toma conta do ambiente novamente. Todos estão dormindo, não estava conseguindo dormir, parece que na madrugada eu fico cheia de energia e disposição, se me chamassem para bater uma laje eu iria sem nenhum problema, a energia que eu não tenho no decorrer do dia, eu tenho na madrugada.

Não estava aguentando ficar no quarto, então resolvi andar um pouco, até que vi Japonês no gramado próximo a piscina. Tenho a impressão que estou atrapalhando, não sei. Queria conversar para passar o tempo, mas não sei qual assunto puxar, e ele também não faz questão.

— Você tem dezoito mesmo? — Quebro o silêncio, tirando uma dúvida na tentativa de puxar assunto.

Não vou negar que quando ele falou que tinha dezoito anos eu fiquei surpresa, porque eu fiquei. Imaginava que ele poderia ter vinte e dois, por aí.

— Tenho. O que foi? — Me olha pelo canto do olho e solta uma risada fraca. — Algum problema?

— Não, não, o que é isso.. Só não imaginava que você tinha dezoito.

— Percebi, do jeito que vocês me olharam quando ficaram sabendo.

— Novinho. — Ele me olha por completo e nega com a cabeça rindo, como se estivesse pensando em algo.

— Mas me fala aí, você tem quantos?

— Tenho vinte e três.

— Nem parece, pra mim você tinha uns vinte. Cinco anos mais velha, já fez aniversário? — Concordo. — Então é quatro.

— Carinha de vinte, na real tenho vinte e três e a coluna oitenta.

— Só não tiro sarro de tu porque estou na mesma situação, as vezes a coluna dá umas travadas.

— Você é pior do que eu então. — Riu. — Você que tem dezoito está falando assim, imagina eu.

— Vai lá filhona carregar uma cria, depois a gente conversa. Parece leve, mas fica cinco minutos com ela no colo pra tu ver. Arrumei uma dor desgraçada no pescoço descendo por aqui. — Passa a mão na nuca descendo para as costas.

— E você não foi no médico? — Ele nega. — Isso é perigoso, faz quanto tempo que você sente essa dor?

— Uns.. — Cerra os olhos pensando. — Se pá, uns seis meses.

Reinado CriminalOnde histórias criam vida. Descubra agora