Point of view Agatha Sophie.
Sento na cadeira arrancando a pedrinha da minha unha com o dente, enquanto espero a ligação de Sabiá, ainda falta um minuto e esse minuto demora séculos para passar. Quando o relógio marca dezoito horas em ponto, o celular Nokia, o famoso tijolão começa tocar.
Atendo no primeiro toque e coloco no viva-voz para poder ouvir melhor.
— Satisfação, como estão as coisas aí? Tudo firmeza, na conduta?
— Tudo tranquilo como sempre.
— Vamo direto ao ponto, que tô sem tempo, fez o que eu mandei?
É claro que eu fiz.
— Sim, eu fiz. Como combinado, dez homens foram recrutados, passaram por uma prova e quem venceu foi porque mereceu, não teve moleza.
— E o rapaz?
— Ele também conseguiu passar, ele está no meio dos dez. Hoje a tarde deixei todos por dentro das regras e passei as orientações, vi que dois deles tem condições de participarem da fulga, inclusive ele, são bons e são o que precisamos. O resto fica aqui no morro no lugar de quem vai ir.
— Firmeza, tu tá do lado de fora então sabe o que faz. E o plano? Não me diz q..
— Ainda não olhe..
— Não me interrompe, Cristal! Quando eu estiver falando, você ouve calada! Cadê o respeito nessa porra?! Cê sabe como as coisas funcionam, quando um maior que você estiver falando você ouve em silêncio!
— Desculpa.
— Agora que você começou, você termina.
— PJ ficou responsável pelo plano, ele disse que está pronto, na sexta irei encontrar com ele junto dos demais para debater sobre. É só isso, não tenho mais nada para falar, o que aconteceu eu te passei, creio que das outras coisas você já está por dentro. Mais alguma coisa?
— É só isso aí mesmo, liguei só pra saber como estão indo as coisas.
— Então é isso, uma boa noite, passar bem! – Desligo e mando dedo do meio para a tela do celular.
Jogo o celular na mesa e passo a mão na nuca sentindo ela quente. Dandara passa pela porta com um papel em mãos.
— Eu acabei de.. Está tudo bem?
— Sim, acabei de conversar com Sabiá. — ela me olha por completo, dou um sorriso fraco como se aquilo fosse um "tudo bem". — O que você estava falando mesmo?
— Bom, acabei de listar os armamentos que iremos precisar. — estende a folha, pego olhando os diversos nomes de armas com numerações e enfrente os números das munições e as quantidades.
— Dandara? Uma metralhadora?! — olho para ela sem acreditar, devolvendo a folha rindo.
— Sempre tive vontade de usar uma, vai que precisamos, nunca sabemos.. — da de ombros.
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Reinado Criminal
Genç KurguToda cicatriz contém uma história. Pessoas fortes carregam feridas que nem sempre foram curadas. Mesmo no presente lembranças do passado podem nos perturbar nos prendendo e impedindo de seguir em frente. Se fechar para o mundo as vezes se torna a me...