Capítulo 1

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Point of view Jonathan Oliveira.

Balanço o corpo pequeno mais uma vez não obtendo resposta. Estou a mais de dez minutos aqui chamando e nada, suspiro e passo a mão no cabelo ondulado.

— Ô, Milena.. acorda aí. — tampo o seu nariz e ela bate na minha mão virando para o outro lado.

— Dez minutinhos, papai. — sussurra manhosa.

— Aah, pra pedir por dez minutos você fala, né, pilantra? — faço cócegas na sua barriga, ela solta um gritinho rindo.

— Não.. pa-pai, pala.

Riu aumentando as cócegas em sua barriga, ela solta uma gargalhada gostosa me fazendo rir também. Distribuo diversos beijos na sua bochecha.

— Só vou parar se tu abrir esses olhão seu. — ela abre na mesma hora me olhando feio.

— Meu olho não é glandi!

— É igual do Garfield, bora levantar pra você tomar o seu café. — ela vira o rostinho com um biquinho nos lábios e cruza os braços. Essa menina só tem três anos, meu Deus. — Ajuda o pai, Garfield. Mentira, mentira, não é Garfield não! — desminto desesperado quando ela faz menção de chorar.

Foi só ver o meu desespero que ela começa a rir, me olhando com cara de sapeca. Era puro drama, Milena é pilantra demais. Ela estica os bracinhos gordinhos pra mim, pego ela no colo que encosta a cabeça no meu ombro e vou para a cozinha.

— Você quer comer o que?

— Chicrete.

Me arrependo na mesma hora de ter perguntando a ela, é claro que ela escolheria alguma porcaria qualquer. Riu negando com a cabeça. Milena sempre troca o "r" e "l", palavras que é com "r" ela fala com "l" e virse versa. Ela é sempre do contra.

Coloco ela sentada na cadeira e abro o armário pegando o pacote de bisnaguinha que ela gosta. Olho para a mesma que está acompanhando os meus movimentos com aqueles olhos enormes.

— Papai?

— Fala, meu amor.

— Você vai me levar pra escolinha?

— Vou, na hora do almoço eu passo lá e te pego, fechou?

Deixo Milena na casa de Tânia, uma senhora que cuida dela desde novinha. Ela fica com Milena na parte da manhã, dependendo do dia fica no horário da tarde também. O horário muda apenas nos finais de semanas, ou quando tenho algum imprevisto, igual hoje por exemplo, vai ter reunião na boca seis da manhã, seis da manhã é pra maltratar mesmo.

— Você disse isso da última vez. — Murmura cabisbaixa.

Respiro fundo encarando a pequena em minha frente. O pior de tudo é que ela não tem culpa e acaba sendo prejudicada pelas minhas escolhas. Trabalhar como vapor é complicado, você não tem horário certo porque está sempre mudando, missões e tudo mais.

Nem sempre consigo chegar no horário que combino com Milena, prometo que  vou fazer isso e aquilo e sempre acaba do mesmo jeito, com ela chateada com algo que o pai promenteu, uma coisa simples que mais uma vez não fui capaz de cumprir. Sempre é o mesmo aperto no coração, não gosto de ver a minha filha triste, ainda mais sabendo que o motivo disso tudo sou eu, isso acaba comigo.

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