"A esperança virá do céu" -Dizia um folheto jogado em um dos bancos do parque, onde costumava ir para ler.
Reli aquela frase umas três vezes, antes de revirar os olhos e imaginar o quanto aquilo parecia bobo.
Não havia esperança, nem soluções para o que me atormentava.
Meus pais não iriam voltar, o tempo não iria voltar. E eu sobrevivi, em um milagre catastrófico. E aquilo deveria ser bom, por um lado, mas não pedi por aquilo, não pedi por esse sofrimento. Não pedi para ser salva. Mas aqui estou eu, olhando o pôr do sol refletindo no lago, sentindo o ar puro, ouvindo os pássaros levantarem vôo e então aquela frase. Como um gosto doce-amargo na boca.
Caminhei até minha casa lentamente, pensando na tal sorte que dizem que tive.
Cheguei em casa às 20:00 horas. Beijei meus avós que me olhavam com cuidado. Fui para o meu quarto e me joguei na cama. Olhei para o teto e os mesmos pensamentos surgiram.
Era tão irreal o modo como eu não possuía nenhuma marca física, nenhuma cicatriz, mas psicologicamente eu estava destruída e fazia a tristeza ser vista por todos.
Eu queria ser feliz, mas como? - interroguei comigo.
Fui até a cozinha, comi alguma coisa, assisti TV com meus avós e fui para a varanda da casa deitar na rede.
Cai no sono e acordei 1 da manhã. Surpreendentemente, já no meu quarto.
Hoje, 14 de fevereiro, 11 anos atrás, 1 hora da manhã, o mesmo horário de agora, passara pelo trauma mais dolorido, a morte dos meus pais.
Tínhamos ido a uma formatura e depois fomos à lanchonete que sempre costumávamos ir. Seria como qualquer passeio, para descansar e aproveitar. Mas na volta, tudo foi destruído, por um jovem de 19 anos, bêbado e feliz, aproveitando uma farra noturna.
Conversávamos no carro sobre o meu lindo vestido cor de rosa, e papai elogiava a mamãe, quando vimos uma forte luz vindo em nossa direção. Minha mãe olhou para mim assustada, colocando as mãos sobre minhas pernas e então, em menos de 1 segundo, uma imensidão dominou os meus olhos. Seria a morte?
Porém, não vi minha vida passar, afinal eu tinha apenas cinco anos. Que vida eu teria pra ver?
Acordei já na ambulância, assustada, olhando ao meu redor a procura de alguém familiar.
Vi uma figura angelical a minha frente, tentando me acalmar com suas mãos suaves. Talvez fosse o enfermeiro.
Mas então eu dormi novamente, tranquilamente, como nunca mais eu dormiria.
Talvez eu estivesse precisando novamente daquele enfermeiro, pois ainda estava assustada, olhando com medo ao meu redor. Preciso de algo que me acalme, seja lá uma mão suave, ou um calmante nas veias. Só precisava de paz.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Sky Hope
Teen Fiction"Claire, uma simples garota, com momentos de alegria e sentimentos de tristeza. Vive em uma pequena cidade com os avós, na qual a acolheram desde o trágico acidente que matou seus pais. Há 11 anos com o trauma que vira com os próprios olhos. Todos...