Aposta de Amor - 2ª Temporada

Capítulo 72

— Micael. Como você está? — A voz de Arthur sondou do outro lado da linha.

Micael caminhava pelas pequenas ondas na beirada do mar. Tinha o Ray-Ban WayFarer no rosto e uma bermuda escura embaixo.

— Vou enlouquecer. — Avistou Sophia de longe, enquanto a mesma tomava sol em uma espreguiçadeira.

— Aconteceu alguma coisa?

— Sophia está... Impossível! — Rolou os olhos. — Odiei os hormônios dessa gravidez. — Desabafou.

Arthur soltou uma risada.

— Então você já chegou no hotel reservado?

— Faz umas duas horas. Está sol, clima agradável, não tem crianças. — Continuou a andar. — Só a minha incrível mulher que está xingando todos à sua volta. — Sorriu falso.

— Deixe ela. — Arthur ainda riu. — Você já sabe o que irá fazer quando voltar?

— Não sei. Ficar parado por um longo tempo não é bom. — Micael torceu o nariz. — Fiz um ótimo negócio vendendo a empresa para Sheron mas... — Pensou no que iria dizer.

E ficou irritado por cinco segundos.

— Mas o que?

Encarou Sophia novamente, de longe.

— Preciso te contar uma coisa. — Pausou.

— O que houve?

— Você se lembra do ajudante de Sheron? — Disse calmo. — Steve. O que trabalhava com Sophia?

— Sei, sei. O que houve com ele?

— Sheron mandou Sophia embora, a demitiu. E agora, Steve também se demitiu pois não "consegue trabalhar sem Sophia". — Fez aspas imaginárias com os dedos.

— Isso é ruim?

— Isso é péssimo, Arthur. — Esbraveceu. — Eu confio muito na Sophia mas qualquer homem que bater na minha porta e soltar essa frase é extremamente ridículo à parte!

— O projeto estava indo bem. Li algumas coisas de Steve e ele é um ótimo profissional! — Arthur não ajudou muito. — Assim como Sophia.

— Não sei. — Pensou. — Ele quer abrir um negócio com Sophia. Fazer um projeto, essas coisas. — Não gostava de pensar nos dois juntos. — Não sinto confiança nesse cara! — Cerrou os dentes, irritado.

— Você precisa entender que Sophia é extremamente fiel à você. Ela ama você! Não irá fazer nada que prove ao contrário.

— Eu confio nela. — Ficou em transe. — Mas não quero esse cara junto com ela, entende? Eu não sei, estou confuso. — Bagunçou os cabelos.

— Primeiro, converse com ela à respeito e segundo. — Deu uma pausa. — Curta o momento de vocês, Sophia precisa de você. — Fez o amigo repensar.

Micael ficou em silêncio por alguns minutos.

— Tudo bem. Eu ligo pra você depois. — Mexeu os lábios. — Até mais!

— Até. — Arthur desligou a ligação.

Micael guardou o celular no bolso da bermuda, voltou sua caminhada até onde Sophia estava. O sol adentrando em sua pele, que estava com um pouco de protetor solar mas mesmo assim, precisava de uma vitamina D.

— Oi. — Sophia retirou o óculos escuro da face. — Onde estava?

— Caminhando um pouco. — Sentou-se na espreguiçadeira ao lado. — Arthur me ligou. — Contou.

— Está tudo bem com ele? — Tinha a voz serena.

— Sim. Ele queria saber se tínhamos chegado. — Contornou a situação, Sophia poderia prolongar.

— Hum. — Deu de ombros. — Você demorou por lá, até achei que estava falando com alguma amante. — Brincou com Micael, que não riu. — O que houve?

— Nada. — Deu de ombros. — Por que a pergunta?

— Porquê você está com essa cara de ontem.

— Só não achei graça na sua piada.

— O que foi? Você está assim por conta de tudo o que eu comi?

— Não. — A encarou. — Eu tô assim porque ainda estou pensando na proposta daquele maluco.

— Que maluco?

— Steve. — Se irritou ao dizer.

Sophia colocou as mãos no rosto.

— Não me diga que você quer falar sobre o assunto do Steve na nossa viagem? — Achou o cúmulo.

— Eu não queria mas eu vou ter que falar isso. — Pausou. — Ainda tô pensando na possibilidade de você e ele trabalhando, juntos. — Aquilo lhe doía.

— Steve é uma boa pessoa, Micael.

— Não confio nesse cara!

— Mas precisa confiar, meu Deus. — Ficou irritada. — Você não confia em mim?

— Confio.

— Então. — Levantou os ombros. — Não quero que você fique pensando mil baboseiras, vamos apenas trabalhar.

Micael ficou em silêncio.

— Ele já disse que gosta de você? — Encarou a esposa novamente.

— Micael, é sério? — Sophia revirou os olhos. — Steve é uma pessoa totalmente certa! Ele nunca falou nada com outros olhos pra mim. Dá pra você relaxar? — Saiu da espreguiçadeira, indo até o marido. — Tem um espacinho pra mim? — Brincou com o mesmo.

— Vai ser em home-office esse trabalho de vocês? — Queria continuar o assunto, do mesmo jeito que também queria terminar.

— Micael. — Sophia o parou. — Podemos voltar a falar desse assunto quando chegarmos em casa, ok?

Ele ainda ficou em silêncio.

— OK? — Sophia o amedrontou.

— Ok. — Não queria ter dito um simples ok.

— A gente deveria estar curtindo e não falando do Steve. — Tocou o ombro definido de Micael, alisando. — Micael, relaxa! Ainda consigo sentir você tenso. — Soltou.

— Vou relaxar. — Tocou o rosto da esposa. — É que eu fico doido só de imaginar alguma coisa entre ele e você, ou melhor, se ele tentar fazer alguma coisa com você.

— Se você fica assim, quer dizer que não sente confiança entre a gente. Concorda?

Aquela pergunta lhe pegou...

— Eu confio em você.

— Então eu quero que você confie agora! — Segurou em suas mãos. — E vai me prometer que vamos falar desse assunto só quando chegarmos em casa.

— Tá. Eu prometo. — Disse um pouco atordoado. — Ainda tô tenso... Você pode me relaxar? — Beijou o pescoço da esposa, que riu.

— Aqui não! — Bateu em seu braço.

— Não seja por isso. — Se levantou, ajudando Sophia em seguida. — Chega de sol! Preciso de você agora. — Abraçou a mesma, andando de volta ao hotel.

E não ousou em citar o nome de Steve novamente.