A merda do primeiro dia

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Tudo começou quando meus pais resolveram se separar. O que pra mim foi um alívio, pois era um inferno viver com eles dois.
Estavam sempre brigando e gritando, claro que no fim iria sobrar pra mim. Afinal qual o papel dos meus pais além de procurar um culpado ou alguém pra por defeitos?

Meu pai vivia fora de casa e quando voltava minha mãe não perdia a oportunidade de começar a baderna, não que eu acho que ela esteja errada por isso. Afinal ele sempre que voltava estava com marcas de arranhões na nuca e batom nas roupas.
Mas ela podia ter a decência de esperar eu dormir né?

E claro que isso não ficava barato pro meu pai, que toda vez discutia inutilmente com ela apenas pra sair de casa e ir pro bar mais próximo encher a cara de cachaça e voltar quebrando tudo em casa, descontando na gente.

Já a minha mãe passava a manhã e a parte da tarde fora, e eu como a única em casa e "sem compromissos" (como se a escola não fosse a porra de uma obrigação pra mim) deveria deixar tudo impecável pra quando a madame chegasse. Mas claro que isso também era uma desculpa pra ela reclamar e brigar, pois sempre que chegava do trabalho ela me pegava pelo braço e gritava tudo que ela achava que estava errado. Apenas para ter alguém pra descontar a raiva e descontentamento por um dia estressante de trabalho, e indignação por saber que não vai poder bater no meu pai a noite.
Agora imagina isso acontecendo com uma garota desde que ela tinha 5 anos, pois é, essa é a porra da minha vida.
Mas fazer o que né? São meus pais e eu não posso fazer nada a respeito.

Bom, hoje eu tenho 15 anos e depois de muitos anos no inferno com eles eu finalmente posso dizer que estou livre.
Hoje eu vou me mudar para a casa de minha tia Nancy que mora em denver, graças ao divórcio dos meus pais, nenhum deles queria minha guarda. Então minha querida tia trazida por anjos resolveu ficar comigo.

Eu a via algumas vezes em que minha mãe estava disposta a deixar, ela sempre me trazia para a casa dela e fazia biscoitos de chocolate pra mim. E sinceramente eu só vivi até hoje por causa dela, ela é o motivo de eu nunca ter me matado.

Nancy sempre cuidou muito bem de mim, como uma mãe até. E ela sabia as coisas que eu sofria mas não podia fazer nada a respeito pois meu pai não permitia. Nunca entendi isso, ele nunca ligou pra mim a não ser pra me fazer de saco de pancadas, mas toda vez que minha tia ameaçava abrir a boca pra dizer que eu iria morar com ela ele surtava.

Mas depois de muito tempo e muita dor e sofrimento, ela conseguiu fazer com que eu morasse com ela. Acho que Deus finalmente está olhando por mim.

Enfim, nós estávamos no carro ouvindo música enquanto ela me explicava como iria ser morar ali naquela pequena cidade.

- olha, agora você não precisa se preocupar com nada. Eu tenho o costume de organizar a casa e não passo muito tempo no trabalho, então se você quiser ficar mais de boa, pode ficar tranquila.- disse ela enquanto alternava seu olhar de mim para a estrada.

Da janela já podíamos ver as casas bonitinhas e enfeitadas, era tudo bem verde também, todas as casas tinham arbustos e árvores espalhadas pelo espaço. Achei ótimo isso, o cheiro da cidade grande não me agradava muito.

- relaxa tia, eu gosto de limpar, então você não vai precisar fazer tudo sozinha- falei lhe dando um pequeno sorriso.

- ok então, se você quer é menos trabalho pra mim- diz e nós rimos felizes com a situação. - olha a cidade é pequena e as fofocas voam, então provavelmente todos já sabem que você chegou.

Apenas concordei em silêncio pois já imaginava que iria ser assim, por mim se eles não mexesse comigo já tava ótimo.

- eu já fiz sua inscrição na escola, e já deixei um quarto organizado pra você. Não vai ser muito complicado a vida aqui, geralmente é bem tranquilo. Você pode ir a escola sozinha se quiser e eu espero que você faça amigos.

A última chamada?Onde histórias criam vida. Descubra agora