__ ei. _ ele se virou e viu um sorriso largo de Helena _ é Arthur né?
__ Isso aí _ ele balançou a cabeça confirmando, ficou parado no mesmo lugar e ela apenas sacudiu a cabeça validando e soltando a fumaça cinza para o lado de fora
__ Quer um? _ ela estendeu a mão oferecendo o cigarro
__ Não, valeu. Não fumo.
__ Ah, muito bem. Eu também não _ sorriu e tragou mais uma vez, ele sorriu com a ironia e chegou mais perto, ela ajeitou o corpo e o fitou com os olhos. _ Meu nome é Helena por sinal.
Ele estendeu a mão para comprimentar, pensou que deveria lhe comprimentar com um beijo na bochecha, talvez dois, mas ela também apenas estendeu a mão e sorriu. Ele sentiu sua mão magra e quente.
__ Desistiu da orquestra?
__ ah _ ele falou meio sem graça _ não sou o maior fã de música clássica. Quando a ópera começou então...
__ sai antes mesmo da ópera _ ele riu enquanto ela o olhava com deboche, nada mais foi dito enquanto ela dava toques de leve no cigarro e olhava para baixo _ eu até gosto de música clássica, mas estava mais escutando a conversa da minha tia do que a própria música.
__ sério?
__ estava só esperando o maestro virar para trás e se juntar a interessantíssima conversa sobre o pastor da igreja.
Ele levantou as sobrancelhas e ela tragou mais uma vez o cigarro. Arthur era péssimo com primeiras apresentações, indo muito além do não saber se dá um beijo ou dois, não conseguia pensar em nada para conversar no primeiro encontro, era uma daquelas pessoas que quando se conhecia melhor se tornava incrivelmente sociável, infelizmente naquele momento a timidez foi maior do que a vontade de conversar e ele teria se tornado um poste.
Colocou as duas mãos dentro do bolso, curvou a coluna o máximo possível enquanto olhava para o chão. Pensou em uma ou duas coisas que podia falar, mas nenhuma parecia realmente interessante. O que piorava sua timidez era o fato que helena era bonita, pelo menos aos seus olhos, não sabia se isso era um fato universal, assumiu que não já que os primos não havia comentado nada, o que geralmente faziam sempre que viam alguém que achassem bonita, mas para Arthur, Helena fazia o seu estilo, era magra com cabelos castanhos longos, feições simples, sem muita maquiagem, com os lábios grandes e chamativos. Não gostava muito de avaliar as pessoas à sua volta, mas costumava fazer isso sem pensar.
Ao contrário do homem, Helena era boa em primeiras impressões, e se apoiava nesse fato. Não costumava manter as amizades que criava nos primeiros encontros, e geralmente não se importava ou se sentia culpada quanto a isso. Aquele momento, entretanto, suas táticas de apresentações não estava dando muito certo, parecia que estava conversando com uma parede ambulante. Tentava fitar os seus olhos sempre que possível, mas ele parecia estar sempre recusando a olhar de volta, virando o rosto sem pudores, e ele realmente fazia isso.
Arthur comentou alguma coisa sobre o grupo de adolescentes agora brincando perto da fonte, mas foi mais como um comentário para si mesmo e como esperado não houve resposta. Ele finalmente retirou as mãos de dentro do bolso e acenou de leve com a mão falando que deveria voltar para dentro da sala, não era o que queria, mas achou que seria melhor do que ficar muito tempo em silêncio com Helena. Ela levantou as sobrancelhas e abriu a boca pensando em falar alguma coisa mas apenas sorriu e ele se virou para ela e começou a andar para onde tinha vindo.
__ na verdade _ ela disse mais alto chamando sua atenção e o fazendo ele se virar rápido _ eu estava pensando em ir comer alguma coisa. Estou morrendo de fome. Quer desistir da ópera e ir comigo?
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Curvas do Reamar
Non-FictionA história narra o percorrer de 10 personagens e seus caminhos para encontrar o que consideram ser o melhor destino para seus corações. Passando pelas dificuldades cotidianas do dia a dia, com as fragilidades individuais de cada um, envolvendo o amo...