as manchas do passado

Capítulo 3 O baile e a dança

Após horas de costura, Tom me mandou fechar os olhos e confiar nele. Digamos foi estranho saber que alguém está te trocando mas ele sabe meus segredos então o que me resta de dignidade?

- abra os olhos madame.

O vestido azul com camadas em tons de cinza, a frente mais curta e atrás uma calda, tudo muito brilhoso e elegante, com detalhes dourado em volta do decote.
Meu cabelo também foi mimado então estava com volume, algumas ondas e por fim ele me deu uma "coroa", toda em prata.

- gostou princesa?

- adorei - sinto que não me encaixo no papel de princesa - não me chame assim.

- sei que é difícil de aceitar, mas você vai se acostumar com o tempo e não vai deixar seu povo na mão, agora vamos e tente não descumprir as regras.

A chegada da princesa foi anunciada todos olharam para porta atentos enquanto guardas ás abriam, e lá estava eu. Tom me fez sinal para entrar, foi traumático, estar sob olhar de uma multidão era estranho mas pelo menos eu estava linda.

- filha você está impecável - acho que deveria pedir para que ela também não me chamasse assim.

- obrigada, você também está incrível.

- que a festa comece - a mandado da rainha todos gritaram felizes e a música soou em uma melodia animada.

Ser a princesa me trazia tédio, você acena para pessoas, abraça crianças e recebe presentes, mas tudo isso enquanto você está de pé com salto ao lado uma cadeira e não pode se sentar. ISSO É TORTURA.
Aparentemente um jovem ouviu minhas silenciosas lamentações, e se aproximou calmamente.

- me daria a honra de uma dança? - o jovem falou se curvando e estendendo a mão.

Lancei um olhar em Nevin que estava com minha mãe falando com pessoas desconhecidas, Tom estava conversando com outros desconhecidos, resumindo ninguém estava de olho em mim. Então aceitei dançar com um desconhecido, isso era contra as regras? Talvez.

Assim que chegamos ao meio do salão a música agitada se transformou em uma mais calma e a dança começou. Ele sabia o que estava fazendo, seus movimentos eram limpos e bem feitos, felizmente eu sabia o que fazer mas com ele me olhando foi meio complicado.

Sua mão estava em minha cintura guiando cada passo meu, seus olhos focado nos meus, e ele cantava baixinho a letra da música. Após o fim da dança ele me levou de volta ao trono e deu um delicado beijo em minha mão.

- foi uma honra estar ao seu lado princesa.

Minha mente berrava "PERFEIÇÃO, GENRO QUE MINHA MÃE QUER TER"

- quem era ele? - Tom perguntou um pouco irritado.

- não sei, por quê?

- a você tá achando que todo homem bonito vestido de terno é confiável? E as regras ficam como?

- acho, deixe a burocracia de lado.

- o salão inteiro parou para ver vocês dois, quantos boatos não vão surgir, a rainha vai me matar - ele falava cochichando mas ainda dava pra notar seu desespero.

- calma a gente vai sair bem nessa - assim espero pelo menos.

Ele só me olhou de relance e saiu de perto de mim, acho que ele não gostou muito.
Não poderia deixar meu amigo ser castigado, então fui atrás do jovem, quebrando as regras para concertar um erro ou não. No caminho encontrei um esquisito.

- olá você viu um moço de terno branco, alto, olhos claros, e cabelo platinado?

- vi, ele foi na sacada, quem é você?

- prazer sou Lara - estendi a mão para ele.

- o princesa me desculpe, mas por favor não me toque - ele se curvou e deu alguns passos para trás - sou o único humano aqui, e você é a única ceifadora se você me tocar eu vou morrer - ele parecia implorar.

- é eu me esqueci desculpa, se me der licença tenho que ir.

Sem mais delongas eu corri até a sacada, e lá estava ele escorado no parapeito.

- senhor qual seu nome? - ele me olhou e sorriu.

- Lara Enver, não precisa saber meu nome.

- meu sobrenome não é esse Senhor - ele riu.

- verdade esse é o meu, e eu acho que combina com você também, o que quer?

- preciso saber quem você é.

- infelizmente não vai conseguir saber.

Ele então pulou e assim que fui olhar onde ele caiu o Enver sumiu, eu prometi mentalmente "eu vou te encontrar".