Capítulo 4 a ampulheta

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Passou algumas semanas, nesse tempo eu não vi ninguém, nem mesmo minha mãe. Fiquei no meu quarto estudando as regras já que eu não poderia cometer mais erros.

Uma batida na porta me "acordou", não me lembro de quando foi que eu comecei a encarar a parede.

— Lara abra a porta — uma voz feminina falou.

— quem é você? — falei abrindo a porta.

— sou sua tia, e agora preciso que você venha comigo — a mulher ruiva que aparentava não ser muito velha falou e já sou andando.

De início uma mulher morena se diz minha mãe agora uma ruiva se nomeia minha tia, ta cada hora mais estranho.

Eu a segui até o salão onde estava minha mãe, Tom, Nevin, o esquisito e outro homem.

— querida hoje vou responder suas perguntas, esta é Sarah minha irmã adotiva e sua tia, Georg acho que vocês já se conhecem e Tomás irmão mais velho do Tom — olhei para cada um, Georg segurava na bainha de sua espada passos atrás de Tomás que segurava uma caixinha que parecia ser feita de madeira com detalhes em prata.

— por onde vai começar?

— primeiro vamos te fazer ver o passado com seus próprios olhos, o ponto de vista dos outros não deve ser muito confiável — ela chama Tomás que entrega a caixa já aberta — essa é uma ampulheta mágica, ou o portal para o passado, a areia fica infinitamente caindo mas se fizermos sua areia subir você voltará no tempo.

Ela fez sinal para eu me aproximar, e me entregou a ampulheta dourada com pequenas marcas do tempo como ferrugem em alguns pontos.

— segure ela e pense na data de 22 de agosto de 1778, não esqueça que você está no castelo.

— princesa ninguém teve lá já que na época você não era nascida, então não se preocupe — Tom falou calmamente.

Então fiz como foi mandado, logo vi a areia subindo contra a gravidade e tudo a minha volta ficou diferente, um ar fresco soprou e minha ansiedade aumentou.

O castelo não tinha mais as janelas quebradas, a pintura parecia ter sido feita recentemente e não a via manchas nem rachaduras nas portas.

Meu pai e minha mãe apareceram ambos estavam bem jovens, lágrimas se formaram por um motivo inexplicável.

— querida seremos felizes juntos, cuidaremos desta bebê com amor — ele falava querendo convencer minha mãe, dava para notar seu desespero.

— minha mãe não te aceita você sabe — ela falava como se não tivesse sentimentos.

Assim que ela terminou de falar homens fortes com uniforme com o brasão do Reino humano apareceram puxando minha mãe para longe.

— Marta, afaste-se dele — uma mulher de meia idade surgiu.

—  Sofia para com isso.

— calado seu monstro, jamais ficará perto de minha família — ela puxou uma adaga e tentou acertar meu pai.

Porém como defesa ele tocou em seu braço e imediatamente ela caiu no chão supostamente morta. Minha mãe correu até ela.

— mãe? Por favor — suas lágrimas corriam pelo seu rosto — monstro, você matou minha mãe.

— Marta me desculpa, eu não quis - ela tentou socar o peito dele mas Sarah a segurou.

— controle-se, vamos embora — Sarah a puxou até a porta.

— larga a minha esposa, vocês não vão leva-la.

Meu pai tentou afastar minha tia batendo nela com o cabo da adaga.

— sua esposa? Olha o que você tá falando — ela falou limpando o rosto e saíndo — nunca mais me procure.

Assim que minha mãe saiu pela porta os guardas bloqueou a passagem. E tudo escureceu.

Acordei com Tom me segurando e meu corpo deitado no chão.

— meu pai, Tom meu pai — lágrimas desceram antes de eu terminar de falar e eu agarrei o tecido do uniforme de Tom, não sei os motivos disso doer tanto, nem cheguei o conhecer.

— ta tudo bem  — ele falava cochichando no meu ouvido — ele não foi o culpado ou foi?

— não, não foi — respondi baixinho.

Me levantei peguei a ampulheta novamente, secando o rosto com a outra mão.

— qual data?

— março de 1779 — minha mãe respondeu seca.

Todos os sintomas retornaram e eu acordei no meio da floresta, dava para ouvir o som de cavalos chegando.

— Tom sabe o que fazer com a Lara, não deixe o pai dela encontrá-la — ela pega a pequena que engatinhava no chão e coloca nos braços do vampiro — eles estão chegando.

— sim majestade — Tom me segurou firme e correu.

Tom corre em qualquer direção oposta os cavalos até encontrar uma casa bem conhecida, a senhora Napalan saiu para fora após poucas batidas.

Uma troca de palavras aconteceu mas eu não consegui ouvi. Após isso Tom voltou para o castelo sedento e cansado e encontrou um homem com uma criança nos braços.

— presente pra mim? — ele encara o menino ensanguentado.

— saí fora Tom, achei ele na beira da pista um humano atropelado.

—  mas ainda é tão jovem — ele falou falso.

— a morte não tem idade Tom, eu vou pagar um preço por salvá-lo, não faça meu sacrifício ser em vão.

— certo, vou atrás do Lucius. Seu irmão está louco por conta da Marta e eu que tenho que correr pra lá e pra cá.

"Será que esse menino é o Georg?"

Eu caí no chão e novamente e então estava no presente.

— preciso voltar lá? Tem mais o que eu precise saber? — falei fadigada.

— não senhorita, creio que viu o necessário— Nevin passava um pano secando o suor de meu rosto — e você está exausta.

— o que aconteceu com meu pai? E eu tenho tio?

— seu pai me trouxe de volta, e sumiu pelo mundo, creio que procurando você — minha mãe falou.

— e seu tio morreu pouco tempo depois de me salvar — Georg falou baixinho.

Meu peito doeu. Ele não fez nada de errado, e eu fui abandonada, tudo isso a sangue frio da minha mãe e da minha avó?

— o que aconteceu? Tenho que ver mais, me conte mais — meu coração batia forte, minha visão ficava turva, minhas pernas caíram, senti meu corpo desfalecer.

Tantas informações para ser digeridas de forma tão brusca, agora tinha novas perguntas rodando minha cabeça.

as manchas do passadoOnde histórias criam vida. Descubra agora