Diligência

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- O que a mulher te disse?

Ele me parou no dia seguinte.

- Que eu tive um pequeno mal-estar frequente e que deveria me cuidar para evitar mais desmaios.

Estávamos no corredor, ele parado ao lado da porta do meu quarto.

- Aquela velha não sabe de nada... - encarou emburrado o jeito com que eu o repreendia ao me expressar. - Você desmaiou quando olhou nos meus olhos, eu fiz esse teste para você.

Eu corei instantaneamente.

- Esquece essa ideia, bro. Você não é minha alma gêmea!

Essa foi a última conversa que eu tive com o Katsuki já faziam semanas. Não era difícil perceber a chateação dele comigo pela forma que eu me afastei de repente, e eu forçava a barra para ele realmente ficar. Se eu ia tentar salvá-lo, não poderia permitir que ele tentasse se aproximar de novo.

Continuei sendo o Eijiro Kirishima que prometi ser quando minha alma gêmea me entregou aquele mar de vermelho: animado, energético, corajoso e amigo de todo mundo. Menos do Bakugo...

Foi difícil lidar com essa diferença no início, mas como Recovery Girl tinha me lembrado, ele ainda tem seus próprios sonhos e desejos que certamente não me envolvem. Então minha presença não era exatamente necessária.

Por isso eu segui sendo daltônico em segredo.

- Kirishima! Pega aquela bolsa amarela ali para mim. - Denki me pediu enquanto trocávamos de roupa no vestiário.

O problema é que tinham várias bolsas, e para mim, nenhuma delas era amarela.

- A bolsa da esquerda? - perguntei tentando acertar os detalhes.

- Aquela ali, bro. A única amarela! - Kaminari falou mais uma vez me deixando encabulado tentando adivinhar qual seria a, qual ele queria.

Já suando de nervoso e encarando as pilhas de bolsas como um mané, Bakugo sai de uma das cabines de banho já completamente vestido e ainda aparentemente molhado.

Não desgrudei meu olhar de seus passos enquanto ele passava por mim, parando somente para puxar uma das bolsas no amontoado a jogando logo em cima de mim com força.

Totalmente perdido, intercalei minha atenção entre a bolsa e o Bakugo que já estava indo embora de cara amarrada em seu rotineiro padrão. Eu quis chamá-lo ali mesmo só para agradecer sua gentileza.

- É essa aqui, Denki? - Levantei a bolsa que me foi atirada, recebendo um joinha em confirmação, do loiro do raio.

- Eu disse duas vezes que era a bolsa amarela, você está esquecendo as coisas depois dos seus desmaios, Eijiro? - perguntou Kaminari chamando a atenção de Sero, ao lado dele.

- Parece que teve dificuldades em achar a bolsa. - comentou Sero fechando seu armário, notando minha expressão cansada.

- Não é nada! Eu só estou meio cansado esses dias... - dei qualquer desculpa ao terminar de secar meu cabelo com a toalha, me arrumando rápido para sair dali.

Havia dado a hora do almoço, aproveitei para inventar uma desculpa para os meus amigos sobre ir almoçar hoje com as garotas no pátio, quando, na verdade, eu pretendia passar o intervalo inteiro trancado no quarto que mais parecia o meu refúgio do outro lado do prédio.

Não demorou muito para eu atravessar os corredores correndo e quase tropeçar ao parar bruscamente na frente da figura intensa que fazia meu coração paralisar com um simples olhar.

- Oi!... - cumprimentei com o olhar baixo aquele que estava de prontidão parado em frente a minha porta, como da última vez em que nos falamos.

Ele não respondeu e nem moveu um músculo para me dar licença e me permitir entrar. Não tive escolha além de estender a conversa.

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⏰ Última atualização: Nov 29, 2022 ⏰

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