Metamorfose

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Sempre que eu fecho os olhos, navego em um mar de memórias que me levam até a época em que eu ainda não sabia nada.

No dia seguinte ao meu encontro com a minha suposta "alma gêmea", eu ainda estava no hospital e por consequência, estava entediado.

Minha mãe depois da minha pergunta sobre a cor de sua camisa, começou a me apresentar vários tons da cor que eu agora oficialmente conhecia como vermelho, ela fez isso mesmo dentro do quarto. Sempre me dando apoio.

Ela chegou a avisar o médico que descobriu meu daltonismo para ele poder conversar comigo. E lhe contei tudo o que me aconteceu sem esconder detalhes e muito menos sem deixar de mencionar o garoto que me fez reconhecer a cor vibrante, que era o vermelho.

A reação do médico não foi uma das melhores ao ouvir que minha solução foi um jovem aleatório que passava na rua. E eu me importaria, se o fato que rondava minha cabeça no momento não fosse ainda mais forte que as opiniões pessoais dele.

A questão era que... eu não me lembrava o rosto daquele garoto.

Mesmo sabendo e entendendo que eu tive um acidente após conhecê-lo, nada era mais frustrante do que não poder agradecer a ele por ter colorido o meu mundo com a única cor que me faltava.

Entre meus rastros de memória, me recordo da voz rouca graças ao murmúrio que ele fez quando eu esbarrei nele. Ele nem ao menos conversou comigo para que eu pudesse decorar seu tom, e isso me chateava bastante.

Pois, realmente só o que me lembrava era de seus cabelos rebeldes e espetados em fios claros e loiros. Era uma droga não lembrar! E isso era tão pouco.

Desabafei para minha mãe todo o sentimento de gratidão que eu tinha com ele, mesmo que eu não me lembrasse quem era. Ela apenas sorria abertamente sobre cada palavra que eu dizia, parecia estar contente por finalmente me ver completo e normal.

Como agrado a ela e também para testar a mim, passei todo o caminho do hospital até em casa lhe apontando os detalhes em vermelho na rua. Como: a blusa da menina que segurava um sorvete, a coleira do cachorro que passeava alegre com seu dono e finalmente... a verdadeira imagem do Crimson Riot.

Dessa vez, todo em cores e pura emoção. Ele era com certeza bem mais incrível desse jeito, cheio da cor vermelha.

Com um tempo já em casa, pensei e acabei por arrumar um tempo de oportunidade para investigar algum resquício da cor vermelha em mim. Infelizmente, não pode deixar de me decepcionar ao perceber o quão diferente do Crimson Riot, eu era.

Talvez como única vantagem, minhas íris eram vermelhas assim como a do mano que me entregou a cor. Isso era positivo, eu sorri com esse detalhe.

Mas ainda auto avaliando minha aparência, meu cabelo escuro e baixo ainda eram sem graça e vida se comparado ao de Crimson e ao garoto de cabelo espetado.

Por isso, mesmo que meu sorriso fosse estranho, eu sorri abertamente para o espelho com a ideia honrosa e máscula que eu tive naquele mesmo instante.

Meu coração pulsava coragem depois desse honroso acontecimento. Em poucos dias, eu mal recordava como era não reconhecer a cor que acabou se tornando minha favorita em pouco tempo.

Mal notei quando acumulei tantas e tantas coisas nessa cor, e de alguma forma queria que o garoto do cabelo espetado me visse de novo, como estou agora.

Meus fios agora recém-pintados de vermelho, sempre estavam unidos em um novo penteado para o alto que eu inventei enquanto tentava me deixar mais másculo. Meu cabelo era maior que o daquele loiro, mesmo assim meu cabelo não estava muito diferente do dele assim, se é que eu me lembrava direito...

De todo modo, unindo a nova cor de cabelo ao penteado que inventei, eu estava pronto agora para viver uma nova vida de cores, homenageando em minha própria imagem: as duas pessoas que eu admiro.

Parecia até como uma nova individualidade, eu estava diferente.

Pronto para uma nova vida, sendo um novo Eijirou Kirishima!

A Tonalidade Do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora