Resistência

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Eu tremi diante aquela respiração tão
grosseira próxima ao meu ouvido juntamente com as palavras que ele usou.

Por último...as mais lindas e nítidas cores que eu vi assim que olhei bem no fundo dos olhos de Katsuki quando ele me pediu.

Assim como a primeira vez, eu passei a ver as cores que não podia, que na época era só o vermelho. Dessa foi um turbilhão de cores que de tão forte e intenso me fez desmaiar assim que elas alcançaram a minha íris.

Acordei como da outra vez na enfermaria tendo como minha primeira visão, a imagem da Recovery Girl.

Eu não enxergava mais o mar escuro de cores em cinza, preto e branco. Aquela versão onde eu só via os tons mais escuros das cores que chegavam a ser melancólicos e sem vida.

Onde era tão triste não enxergar o mundo com vida e me doía toda vez que eu olhava e mantinha os olhos abertos..

Eu nunca mais gostaria de enxergar daquele jeito de novo, eu não suportaria...

Eu faria de tudo...para nunca mais acontecer...!

Então eu acordei meio desesperado, não via cinza, mas via as cores comuns em tonalidades desbotadas, me deixando bem claro que alguma coisa muito errada tinha dado um pouco certo naquele instante.

"Eijiro, abra a porra dos olhos!"

Será que foi mesmo isso?

- Finalmente acordou, garoto! - A Recovery me tirou dos devaneios, apressando os passos até mim assim que percebeu minha movimentação. - Precisamos conversar..

- Cadê o Katsuki? - Perguntei no automático. Não era minha intenção ingnora-la, mas eu precisava saber.

- Eu pedi que ele não o visitasse mais. - A resposta dela me soou como um eco repetitivo enquanto eu me questionava o real motivo dela tomar essa atitude.

Notando a minha expressão, ela continuou a falar.

- De qualquer forma ele está em horário de aula, eu avisei seu professor que você não poderia participar das atividades hoje. - Ela disse, mas eu só consegui focar na primeira parte.

- Por que fez isso? - Eu não estava entendendo. - Por que impediu o Katsuki de me visitar?

- Eu achei estranho a história que o seu amigo me contou no seu primeiro desmaio, agora ele chega mais uma vez com você desmaiado nos braços dele com a mesma história de antes...

"Nos braços dele" isso era ele cuidando de mim?

- Ele disse que você simplesmente olhou para ele e desmaiou em seguida. Isso está correto?

Eu balancei a cabeça afirmando.

- E na primeira vez, você desmaiou depois de fazer uma pergunta olhando para ele, certo?

Afirmei de novo.

- Pois eu acho que você desmaiou por provavelmente ter olhado nos olhos dele enquanto fazia a pergunta. - Ela concluiu e eu não estranhei o fato dela acertar. Bakugo poderia ter contado a ela ou ela... - Eu sei qual o seu problema, garoto.

Ou ela sabe do meu daltonismo.

- Eu te examinei enquanto dormia e entendi o que você tem. Eu só vi esse caso de perto uma única vez antes de você. - Ela andava para vários lados enquanto anotava algo em uma prancheta.

- Eu quero ver o Katsuki... - Pedi não querendo ficar mais ali ouvindo as conclusões da médica.

- Querido, eu sugiro que você não veja mais o seu amigo.. - Ela disse e eu ativei a minha individualidade sem querer, endurecendo metade do meu corpo por reflexo e raiva em ouvir a sugestão. - Já está alterado, isso faz parte dos efeitos do seu daltonismo especial.

A Tonalidade Do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora