Desafia-me, Félix

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A inspiração para essa fic veio numa madrugada, e pensei no monólogo de Ride - Lana Del Rey para fazê-la.
Boa leitura!

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Eu respirei fundo, negando com a cabeça e passando as mãos em meu cabelo solto.

Não podia ser real... não deveria.

Recusei-me prontamente para acreditar, só que aconteceu sim. Aconteceu... o garoto que gosto beijando, de forma apaixonada, a sua ex-namorada. Talvez não houvesse amor de fato, mas qualquer um que olhasse pensaria que sim. O beijo foi uma prova para mim: não se pode ter tudo o que quer. Os últimos meses foram tensos. Eu estava no inverno da minha vida, precisando colocar as outras pessoas em primeiro e sem ter um tempo de qualidade para minha família e amigos. Tudo o que eu lembrava era das conversas com os kwamis e em como eles eram as únicas criaturas que realmente estavam ao meu lado. Eles foram o meu único verão.

Ao invés de prosseguir para o parque, sentar num banquinho com Alya e Chloé, e apreciar o meu sorvete de creme e menta, pedi licença e desculpas, então fui embora para casa. Tenho certeza que elas entenderam muito bem, apesar de Alya nunca ter sofrido uma desilusão amorosa e Chloé estar no melhor dos mundos após começar a namorar, recentemente, o Luka. Eu não sabia que eles se dariam tão bem, mas nem sei de muita coisa. Eu sou uma costureira, não muito popular, e gostaria de ser uma estilista bem sucedida. É o meu sonho, mas depois de tantas situações em que me meti para salvar Paris, cai na desilusão de que jamais o seguiria. Mas eu estava bem com isso, havia aceitado. Quem liga?

Eu os vi destruídos e divididos como milhões de estrelas no céu noturno, e todas as noites eu estava lá na minha varanda, fazendo pedidos de novo e de novo, para os meus sonhos brilhantes que já não me pertenciam. Mas eu realmente não me importei porque eu sabia que é preciso conseguir tudo que você sempre quis e depois perder para entender o que é a verdadeira liberdade. Eu não cheguei a conseguir, mas eu fui bem útil em ajudar os civis. Ainda sou, inclusive. Mas aquela cena no parque, aquelas duas pessoas se beijando, fez com que eu me sentisse pequena e vazia. Alya com certeza tentaria falar comigo mais tarde, e os meus pais perguntariam o motivo do meu choro, mas não adiantaria nada falar com eles. Não adianta falar com pessoas que têm uma casa. Eles não têm ideia do que é buscar segurança em outras pessoas, como o lar ser qualquer lugar que você deite a sua cabeça. Eu estava me sentindo assim, uma casca vazia.

Porque eu sabia que jamais poderia encontrar um lar onde me sentisse em casa.

Um marido com quem compartilhar uma bela família.

Ou um hamster de estimação com o Adrien e três filhos. Acabaria tendo realmente um hamster sozinha chamado Solidão.

Porque eu sou a guardiã dos miraculous, eu nasci para viver eternamente zelando pelos meus pequeninos, e não para ter uma família humana. Eu sempre fui uma garota incomum, mas quando criança... nunca pensei que faria parte de algo tão grandioso.

"Marinette, se precisar conversar, eu estou aqui." Tikki falou, ao chegarmos em casa, e eu descobrir que os meus pais saíram para uma festa do outro lado da cidade e só voltariam somente à noite do dia seguinte, por uma carta que haviam deixado na bancada. "Pode contar comigo."

Eu sorri.

"Obrigada, Tikki."

"Disponha!" Eu precisava tirar o peso que sentia nas costas ao ver aquela cena do parque, então coloquei uma música e fui tomar banho. Claro que a música não resolveu e a tirei rapidamente, porque estava começando a me deixar mais triste ainda. Na banheira, tive a péssima ideia de mexer nas redes sociais, onde minhas amigas enviavam mensagens preocupadas. Pedi que Tikki respondesse, para que eu aproveitasse o meu banho quentinho.

Desafia-me - Miraculous/FelinetteOnde histórias criam vida. Descubra agora