Proteja-me, Marinette?

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Houve um imprevisto e eu não pude chegar em casa a tempo para o jantar.

Problemas? Vários. Mas dessa vez envolvia Shadow Moth e precisei chamar vários portadores para derrotarmos o mega akuma criado. Chat Noir, Viperion, Carapace, Vesperia, Bunnix, Minotaurex e Rena Furtive. Foi trabalhoso e, infelizmente, não pude chegar antes das oito em ponto da noite. Seria o último jantar de Félix com a minha família antes dele voltar a Londres na manhã seguinte e ninguém seria capaz de compreender a minha tamanha frustração. Nem mesmo consegui agir como se estivesse tudo bem para Chat Noir e ele deixou bem claro que queria saber o que estava acontecendo para a minha drástica mudança de humor. Ao menos Luka foi sensato, este que sabia de quase a história inteira como Chloé, dizendo que eu deveria ser sincera com o londrino - não que devesse contar sobre a Ladybug, mas que amenizasse e o compreendesse também. "Não é fácil ficar esperando por alguém que não vai chegar", dissera.

Eu fiquei completamente desolada, mas o que eu faria? Contar a verdade, que eu estava lutando contra um vilão idiota e perigoso? Félix não precisava aguentar guardar tamanho fardo, estou satisfeita deixando-o a salvo e o protegendo do perigo anonimamente.

Como seria a conversa?

Oi, querido, eu sou a Ladybug e não jantei com você porque estava ocupada salvando Paris.

Genial? Por favor...

Prefiro protegê-lo em silêncio, como faço com o restante da cidade, do que deixá-lo na linha de frente e arriscar perdê-lo para sempre.

É o melhor a se fazer, mas, infelizmente, seria pedir muito se tudo caminhasse perfeitamente bem. Eu pousei na minha varanda e desfiz a transformação, após me certificar rapidamente que não tinha alguém olhando, e troquei um olhar desanimado com Tikki. A kwami abraçou a minha bochecha, dizendo que o loiro entenderia se eu explicasse com jeitinho, o que eu duvidava muito e não conseguimos concluir a linha de pensamento por ouvir um pigarro. Pisquei, olhando para as sombras e troquei um olhar preocupado com Tikki ao ver Félix, de braços cruzados e sua expressão seríssima, encarando nós duas sem demonstrar nenhuma emoção no olhar.

"Eu vou entrar para te dar privacidade." A kwami sussurrou antes de sair voando, apressadamente, em direção a entrada do meu quarto.

O loiro sequer olhou ela atravessando a escotilha, os olhos fixos em mim - a envergonhada com bochechas vermelhas.

Eu não sabia o que dizer ou por onde começar, se é que havia uma forma certa de falar sobre isso, e já estava me punindo mentalmente por ter dado esse deslize - imagine como Chat Noir vai rir e brigar comigo? Félix me encarou de cima a baixo, sem alterar a expressão facial, mas ao menos pude notar uma pontada de sentimento de compaixão para comigo. Ele não poderia me julgar, poderia? Após o próprio admitir que burlou os sistemas de segurança da empresa do pai e hackeou alguns dos produtos de preço absurdo - inspirado no filme da Disney, tenho certeza - para que fossem ao ar com o valor abaixo do esperado. O lucro iria para o loiro de qualquer forma, poxa. Bem, eu pelo menos não faço esse tipo de ação! Apenas... corro pelos telhados, arrisco minha vida, protejo a cidade e ninguém sabe que é Marinette Dupain-Cheng que faz isso - exceto Luka, Chloé e Alya. Agora Félix também sabe. Ah, Deus.

"Você é ela." Superando todas as minhas expectativas, o loiro apenas afirmou o que acabara de presenciar.

Eu confirmei com a cabeça, mordendo o interior da bochecha.

Não havia razões para negar.

"Sim."

"Por isso ficou tão nervosa quando te convidei para ficar na minha casa depois de se formar?"

Eu confirmei com a cabeça, engolindo o seco.

"Sim."

"Entendo." Pisquei, voltando a encará-lo, custando para evitar a minha expressão confusa. "Não me olhe assim, Marinette, eu entendo." Afirmou, dando um passo na minha direção.

"Enquanto o mal não for aniquilado de uma vez por todas..." Eu comecei, dando um passo na sua direção também. "Eu não posso pensar ou construir um futuro com você."

Admitir isso em voz alta doía um pouco, mas não há razões para mentir para ele.

Félix disse que entende, mas será que realmente está sendo sincero comigo? O loiro compreende as razões para eu não contar o meu segredo nem para meus pais ou que devo estar em vigilância constante para que ninguém de Paris sofra tamanhas consequências de um ataque do Shadow Moth? Não consigo aceitar que justo o londrino me aceite tão bem, apesar desse pequeno empecilho que me impede de ficar definitivamente consigo - ou fazer planos para mais de uma vida. Deus não pode ser tão perfeito assim fazendo Félix ser tudo o que preciso em um companheiro, ou pode? Ah, que vontade de chorar.

Parecendo ter lido a minha mente caótica, o loiro se pronunciou.

"Entendo que o seu cargo te coloque em uma situação complicada e torço para que o melhor sempre aconteça."

"Obrigada pela compreensão." Suspirei, dando um sorriso tímido ao colocar os meus cabelos para trás. "Eu fiquei chateada por não conseguir jantar com você e os meus pais essa noite, sendo que você vai embora amanhã e-"

"Já se passaram quase quatro horas, Marinette, eu vou jantar novamente quando descermos. Com você, se não se importar."

Pisquei.

Félix digeriu a informação melhor do que eu, quando vi Tikki pela primeira vez. Que benção! Eu jurava que seria mais complicado, mas o loiro não faz menção em perguntar detalhes sobre a heroína de Paris. Talvez ele nem se importe com isso e queira, realmente, somente a minha companhia. Como Félix mesmo disse, o londrino é apaixonado por mim.

"Eu adoraria, Félix!" Exclamei, o abraçando.

Ele retribuiu e o meu coração ficou aliviado.

Quando nos soltamos, o loiro deu um beijo no topo da minha cabeça e eu fui em direção a escotilha, para irmos para dentro. Eu realmente estava com muita fome, não vendo a hora de comer a lasanha que papai disse que faria para o jantar.

"Marinette." Félix chamou, segurando o meu pulso.

Eu o encarei, com a testa franzida.

"Sim?"

"Eu amo você." O loiro admitiu de forma serena, mas, pela agitação no seu olhar, eu diria que estava nervoso.

Eu sorri, tocando a sua mão - que antes segurava o meu pulso.

"Eu também amo você." Gostaria de não estar com as bochechas tão vermelhas quanto um tomate.

O sorriso que ele me deu poderia ser considerado como a minha ruína particular.

Desafia-me - Miraculous/FelinetteOnde histórias criam vida. Descubra agora