Desafia-me - Miraculous/Felinette

Destrua-me, Marinette

"Félix vai passar dez dias aqui."

Bufei, negando com a cabeça.

"Segundo ele, são negócios para tratar com o meu pai."

E eu com isso?

"Você só vai vê-lo se forçar o encontro."

Como se eu quisesse!

Eu ainda não tive a oportunidade de ver o britânico e, certamente, estou envergonhada o suficiente para conseguir encará-lo. Também não respondi aquela sua mensagem, afinal, fiquei sem palavras. E agora eu realmente evitaria muitos lugares das quais talvez o loiro pudesse pensar em frequentar, passando mais tempo na companhia de Chloé no clube de boxe que ela passou a ir esse ano. Qualquer soco, arranhão ou machucado feio me destruiriam menos do que saber que Félix está na cidade e há um abismo entre nós. Abismo este, criado por mim.

"A semana vai passar rápido, você vai ver." Chloé, a única que soube da minha pequena aventura com Adrien, tentou ser otimista. Estávamos no ringue, se aquecendo para uma luta amistosa, para ver quem seria a ganhadora da semana. Eu nunca imaginaria a loira lutando boxe, não parece combinar com o seu rosto angelical, mas a vida é uma caixinha de surpresas. "E, bem, você não pode culpá-lo por também evitar os lugares que você frequenta."

"Nós não temos nada!" Exclamei, frustrada. "Ele não pode ficar chateado comigo por eu ter ficado com o primo dele." Neguei com a cabeça, gesticulando com as mãos. "Desde o começo, a única certeza que demos um ao outro foi que nenhum dos dois gostaria de um relacionamento tão cedo." Bufei, irritada, cruzando os braços. "Aquela mensagem dele me deixou destruída e nem tem motivo!"

A forma como Chloé me encara no momento faz eu me sentir uma louca reprimida.

"Acredito que exista uma linha tênue entre fazer sexo com parente de quem você está, basicamente, demonstrando estar apaixonada." A loira levantou uma mão, sinalizando para que eu permanecesse calada. "E isso não precisa estar no papel, querida." Chloé balançou os ombros, dando um pequeno sorriso. "Eu entendo a tentação, mas se controle, sim? Se quer brincar com corações, escolheu a família errada."

Eu escolhi contar somente a Chloé, porque sei que Alya me julgaria demais. Por que deitar com o outro, depois de afirmar não sentir mais nada? Com certeza seria uma de suas perguntas e eu não tenho fôlego para respondê-la. Ao menos Chloé não acabaria comigo com as suas críticas, sendo somente uma mulher realista e é por isso que confio no seu julgamento.

"Vamos começar a luta." Encerrei o assunto, indo para o lado oposto no ringue.

Infelizmente a ideia de evitar possíveis locais que o loiro pudesse imaginar em frequentar foi por água abaixo porque no dia seguinte, um lindo e ensolarado sábado, Félix entrou na padaria dos meus pais. Eu, que ajudo nos finais de semana, engoli o seco e fiquei paralisada. Ele não deveria ter esse efeito em mim, mas parece impossível esquecer como respira ao vê-lo entrar no mesmo cômodo que estou. Félix, com a sua expressão indiferente e postura elegante, indo em direção a mesa vazia - próxima a janela. Pisquei algumas vezes, fingindo estar tudo bem quando papai perguntou e, num surto de coragem, falei que seria eu a atender a mesa número oito. Não seria possível dizer qual estava mais desconfortável com a presença do outro, enquanto eu retirava o seu pedido, e em nenhum momento Félix me encarou nos olhos.

"Já volto com o seu pedido." Avisei, antes de partir.

Um café expresso e um croissant.

Quando voltei e deixei seu lanche da tarde, finalizando o atendimento com um doce "bom apetite", pensei que teria escapado de qualquer tipo de conversa inconveniente que poderíamos ter. Eu estava errada, logicamente.