➷ ˖ Paranoid. 𖥻 05

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PETE SONGSAKORN

(V)

— Não precisava ter passado a noite comigo, no hospital. — Digo, enquanto entramos no meu apartamento, ele sempre atrás de mim, como minha própria sombra.

Era surreal que alguém como Vegas Theerapanyakul pudesse ter um gesto de humanidade tão forte por um desconhecido.

Por mais que fosse um hospital particular com quartos confortáveis, ainda estávamos em um hospital, então, ficava difícil explicar o porquê dele ter virado a noite sentado em uma poltrona, enquanto eu recebia os antibióticos por via intravenosa.

Lembro de ter acordado duas vezes durante a madrugada, e nas duas ocasiões, Vegas estava acordado, atento a cada um dos meus movimentos, se aproximando de mim para perguntar se eu estava bem.

Quando o médico falou que eu já podia ir para casa, ele assinou minha alta, algo que me fez sentir inválido, depois praticamente me carregou no colo, quando eu desci da cadeira de rodas, em frente ao seu carro, que nos aguardava em frente ao hospital.

Só em imaginar o preço da conta, já fazia meu coração disparar, piorando tudo, Vegas pagou pela minha internação súbita, o que significava que eu tinha uma dívida com ele, o que era muito pior.

Quando seu carro estacionou na garagem do meu prédio, outra vez Vegas me ajudou a descer e antes que eu pudesse dizer algo, ele apoiou meu braço em volta de seu ombro, amortecendo a maior parte do meu peso, só me libertando quando estamos dentro do meu apartamento.

— É sério, não precisava ter vindo comigo. — Começo a falar, sentando-me no sofá devagar. — Vegas, você já pode ir embora. — Ele segue estatelado na minha frente, como se estivesse alheio a tudo o que eu digo. — Obrigado, então já pode..

— Pega algumas roupas, você vai passar uns dias comigo. — Dispara, de repente, me enquadrando em um olhar indecifrável.

— Para com essa paranóia. — Esbravejo irritado em resposta, apontando a porta entreaberta com a cabeça. — Eu estou bem. — Asseguro, relaxando o corpo sobre meu estofado quentinho.

— Pete, não vamos discutir esse assunto, pega algumas roupas e vamos. — Segura meus ombros, me obrigando a sentar outra vez.

— Pode parar um pouco? — O afasto de mim, estranhando seu comportamento absurdo. Desde que saímos do hospital, ele está agindo como um louco paranóico comigo. — Qual é o seu problema? — Nenhuma resposta. — Eu não sou uma bagagem que você pode arrastar de um lado pra o outro quando bem entende. — Guincho em um momento de fúria.

— Se não pegar as roupas, você pode usar algumas das minhas, vamos. — Alheio à minha irritação, ele continua insistindo na mesma coisa.

— Vegas! — Brado irritado, o empurrando para longe. — Qual é o seu problema? — Interrogo-lhe, confrontando-o com um olhar severo, entretanto, ele segue sem expressão.

— Você piorou por minha culpa. — Externa o que lhe atormenta.

— Não é verdade. — Tento consolá-lo.

— Se eu não tivesse tirado você do apartamento, você não teria piorado. — Isso não é uma verdade absoluta. —Você pegou chuva. —  Quando vejo seus olhos nublados, começo a ficar preocupado. Ele está agindo como se acreditasse que é um monstro, o responsável pela minha pneumonia.

— Uma garoinha. — Me esforço para expulsar seus demônios.

— Porra, não importa! — Dispara à queima roupas, puxando um punhado de cabelos entre os dedos. — Você não vai ficar sozinho. — A intensidade da fala me mantém onde estou.

Him • VegasPete Onde histórias criam vida. Descubra agora