O intermédio de Gina

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Ok, então eu sei que isso não faz nenhum sentido com a mudança de estilo, mas eu queria adicionar algo artístico e angustiado da perspectiva de Gina, então não é bem um capítulo e sim o ponto de vista da Gina.

Aqui vamos nós.

Ela sabe que ele não a ama.

E talvez seja melhor assim, porque se ele a amasse, e ainda a encarasse com aquele olhar vazio e vidrado... Se ele ainda a amasse, e ainda assim decidisse enfiar a mão em seu peito e arrancar seu coração, sangrando e pulsando... Isso doeria mais, seria pior... Não seria?

Gina tinha dez anos quando o amou pela primeira vez. Dez anos e olhos brilhantes e lacrimejantes, olhando para um garotinho moreno, com cabelos escuros e desengonçados, um par de lindos olhos esmeraldas atrás dos óculos quebrados. A garotinha olhou para ele e decidiu que ele seria seu.

Sua mãe sempre lhe dizia que ela deve ser muito determinada para o seu próprio bem. Mas ela é muito teimosa. Muito teimosa. Se queria algo, deveria tê-lo.

Uma queda. Uma coisinha boba para uma garotinha boba.

Ele tinha sido forte, seguro e corajoso, e era tudo o que ela queria ser.

E quando a estação esfriou e as folhas caíram das árvores, o menino se tornou um homem.

E a garotinha não pôde evitar cair.

Porque como não amar o escolhido. O menino que viveu. O homem que salvou a todos eles. Seu amigo, seu companheiro, seu primeiro amor de infância.

Ele foi manchado e marcado. Quebrado. Mas ainda era ele. Ainda era aquele garotinho nadando em roupas de segunda mão, enquanto ria com o seu irmão.

Ele ganhou uma guerra.

O herói.

O salvador.

Ele era gentil e corajoso. Confiante. Mas quebrado. Tão quebrado.

E como você salva o salvador?

Dando-lhe tempo? Dando-lhe espaço? Amando-o à distância? Ignorando os sinais?

Gina se lembrava daquela noite em um banheiro que não era seu.

Gina tinha onze anos quando o odiou pela primeira vez. Pele branca como a neve, cabelos loiros e claros quase brancos, olhos azuis prateados e afiados como uma adaga. Altivo e pontudo como um ferramenta bem trabalhada, com palavras igualmente afiadas e mortais. Palavras que fizeram a garotinha se doer e soluçar em seu travesseiro. Palavras que a mantinha acordada à noite semeando e replantando mantos, acumulando galeões como um duende para provar que poderia ser o suficiente. Para pesar o seu peso em ouro. Para encarar o seu pai, provar o seu orgulho e falar mal da mãe do garoto que os condenaram por terem uma vida pobre. Seu sangue podia ser puro, mas todo o resto estava contaminado como uma fossa.

E então a garota viu aquele garoto, um garoto fantasma, curvado e amassado, caindo aos pedaços. Ele parecia tão pequeno, dobrado sobre si mesmo, os nós dos dedos brancos sobre o vaso sanitário, chorando e gemendo como uma alma penada. Apavorado e doente de amor. Seu coração também, arrancado do peito, deixado em uma lança para os corvos.

A garota não tinha certeza do que era até então. Mas ela sabe agora.

Gina sabe agora o motivo do porquê segurou aqueles cabelos loiros e claros, esfregou suas costas, beijou sua têmpora e disse a ele que ficaria tudo bem... Mergulhando uma faca em seu peito. Foi um assassinato-seguido de suicídio. Matando-o para depois se matar.

Gina sabia agora como ele também viu aquele menino, com pele dourada, com os joelhos nodosos e o sorriso muito largo e brilhante e se deixou cair. Como ele viu o brilho além de sua cicatriz. Como ele espargiu terra sobre seu túmulo enquanto ele abria suas pernas e deixava sua vida desmoronar.

Como os dois sabiam o que acontece quando você ama um garoto quebrado demais para amá-los de volta.

Os dois amaram um homem e, na dor do menino, destruíram o seu passado e o futuro.

Família. Noites reconfortantes juntos à lareira na Toca. Jantares de Natal e beijos roubados.

O menino cuspiu de volta em seu passado, em toda sua história, como se não tivesse significado nada.

Aristocracia. Retratos elegantes e refeições requintadas. Cofres cheios de ouro e sussurros em um salão de baile.

O menino que amassou seus sonhos. Colocando uma chama negra em seu futuro.

Os dois estavam brincando de cabo de guerra. E um só poderia ganhar se o outro perdesse. Apenas um poderia ter o prêmio.

Mas não houve vencedor em seu joguinho.

O garoto havia quebrado os dois além do reparo, puxando os dois para o abismo com ele.

Os dois seriam rivais perfeitos. Ele seria fácil de odiar. Fácil de culpar. Ele destruiu tudo. Ele com suas belas mãos de porcelana, a maldição em seu pulso já havia matado um de seus irmãos e marcado o outro. Ela poderia odiá-lo. Seria simples. Ele rastejou e arranhou um caminho em sua cama, e abriu um espaço para si mesmo onde a garota deveria estar. Ele beijou todos os lugares que foram feitos para ela. Ele se espalhou como uma página central. O adúltero, o covarde, o fanático que se preparou como uma prostituta para arruinar a sua vida.

Ela deveria tê-lo o odiado.

Mas quando ela olhou dentro daqueles olhos claros, ela viu marrom em vez disso. Ela viu o espelho de si mesma.

Porque ele também não o amava.

E não seria mais fácil se o fizesse? Se ele tivesse se apaixonado pelo garoto?

Mas ele não tinha.

E então os dois estavam sozinhos.

Cansados e vazios, sangue pingando de ambos os peitos, um buraco aberto bem no meio. Exatamente onde ele destruiu os dois.

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Erros- Drarry fanfic Onde histórias criam vida. Descubra agora