Narrado por Eliane
Mais um fim de tarde no Rio de Janeiro, vim fazer uma caminhada pela orla de Ipanema, adoro observar o mar e sentir a brisa em meu rosto. Hoje por ser uma sexta feira a cidade e a orla ficam mais agitadas por isso preferi voltar assim que vejo o Sol se despedir, me direciono até o lugar em que meu carro está estacionado e dirijo até minha casa, no caminho ligo o rádio em uma estação aleatória e sigo meu caminho apreciando as canções. Ao chegar em vou direto para o meu quarto, preciso de um banho, ponho a banheira pra encher e enquanto espero vou tirando minhas roupas, vejo no meu reflexo as mudanças que o tempo causa de maneira silenciosa e é impossível não relembrar os tempos de juventude, mas, contudo, ainda me sinto uma mulher desejável, segundo Marcos o tempo só me faz bem. Palavras vindas de um homem apaixonado. Paixão, quanto tempo não a sinto da maneira avassaladora como de fato deve ser, o frio na barriga, o frenesi do encontro a ânsia pelo beijo o queimar do toque. Nossa, pensar nestes sentimentos me fazem voltar num tempo que eu não quero mais lembrar.
- Vamos Eliane isso já é passado. – Falei e me voltei para entrar na banheira que já está no ponto.
Adentrei e senti a água quentinha envolver meu corpo, isso é um prazer inenarrável, acomodei-me e peguei meu celular para verificar as mensagens e navegar um pouco nas redes sociais. Chequei meus e-mails e mensagens, nada muito importante, apenas algumas propostas que vou analisar com calma, nas mensagens minhas filhas cobrando como sempre minha presença, essas meninas são muito carentes, decidi passar um tempo nas redes sociais. Confesso, não sou muito adepta delas, utilizo apenas como meio de distração e de me manter atualizada, perdi a noção do tempo de quantos minutos fiquei ali rolando a barra de notificações até que chegou uma nova, uma marcação de um fã clube em uma foto de um dos meus mais queridos personagens, Caetana abraçada a Bento Gonçalves, era uma dessas fotos de casais que tiramos, ao ver a foto senti o peito apertar, não só de saudades desta época da mini serie, mas pelo grande amor que despertou em mim e que carrego adormecido até hoje. Fiquei alguns minutos olhando cada fração daquela foto como se quisesse me aprofundar num dos devaneios da minha mente, mas graças a Deus fui despertada pelo toque do celular que quase caiu dentro da banheira.
-Alo?
- Amor? Como você está? Estou com saudades. – Ouvi a voz suave de Marcos do outro lado da linha.- Oi amor, estou bem, também estou com saudades.
- Hummm... aceita jantar comigo e matar essas saudades?
-Claro! A que horas?
- Vinte horas está bom pra você?
- Sim, você vem me buscar ou nos encontramos no restaurante?
- Querida, sou um gentleman, jamais deixaria essa bela dama sozinha por aí, vou busca-la. – Sorri ao ouvi-lo falar.
- Então te espero, beijos! – Desliguei e sai do banho, me enrolei no roupão e fui ao meu closet encontrar algo para vestir, se bem conheço Marcos será um lugar elegante, é incrível como ele se esforça para me surpreender, estamos juntos a o que dois ou três anos? Não sei ao certo, pelo tempo já deveríamos ter algo mais solido e oficial, mas não consigo, acho que amo esse rótulo de solteira e independente. Encontrei um macacão preto que marca muito bem as minhas curvas, decidi vestir, fui em busca de uma lingerie e escolhi uma rendada também na coloração preta, detalhe que a calcinha era um pouco pequenininha, mas ele merece, fui em busca de um salto para finalizar meu look, vasculhei o closet e parece que eles decidiram sumir, vasculhei todos, mas nenhum combinava até que ao olhar pra cima encontrei o que eu buscava. Estava um pouco alto e com dificuldade alcancei, mas derrubei algumas caixas no chão me assustei com o que vi espalhado por todo o tapete, eram fotos, pétalas, cartas lembranças que eu fiz questão de esconder literalmente no meu armário. Praguejei por não ter jogado fora quando tive a oportunidade, senti os olhos marejarem ao juntar tudo de volta na caixa era o passado que meu coração insiste em lembrar, senti uma pontada quando solvi o cheiro daquelas cartas que apesar de amareladas pelo tempo ainda guardavam o perfume dele.
- Droga Werner, você já me deixou, abandone meus pensamentos também.
– Falei enquanto juntava todas aquelas recordações de quando realmente fui feliz. Fiquei presa ali por uns minutos até que meu telefone tocou me tirando daquela bolha.
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Segunda Chance
FanfictionEliane e Werner ficaram separados por mais de dez anos, por questões pessoais decidiram se afastar e seguir cada um seu caminho, os anos passaram e o destino ofereceu a eles uma nova chance de viver esse amor que apesar do tempo e a distância perman...