Capítulo 10

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Narrado por Eliane

- Bom dia mãe! – meus olhos arderam com o contato com o sol e senti um leve desconforto – Anda mãe levanta, novo dia, vida nova, anda!!

- Não quero, me deixa aqui filha.

- Não mesmo anda, o seu celular já tocou horrores, não vai gravar não? – Pulei da cama imediatamente, esqueci das gravações meu Deus.

- Você olhou quem era? – gritei do banheiro.

- Não mais está tocando de novo... É o Cauã! – correu até o banheiro e me encarou afoita – Posso atender?

- Pode, diz que tive uns problemas em casa, mas já chego lá. – Ela assentiu e saiu rindo falando ao telefone, tomei um banho rápido e fui me vestir, olhei meu reflexo no espelho e notei as olheiras e o rosto inchado pelo choro de ontem, lembrei do Werner e fui em busca do meu celular e ver se havia alguma ligação ou mensagem dele. – Juliana cadê meu telefone? – gritei do quarto indo em direção as escadas.

- Tá aqui mãe! Que agonia. – Revirou os olhos ao me entregar.

- Tô sem tempo filha – Peguei o celular e fiquei triste ao notar que não havia nenhum sinal dele, Juliana percebeu e logo falou.

- Ele vai ligar mãe, só dá um tempinho, ele também deve estar triste. – Concordei com ela e fui pegando as coisas pra sair, lembrei do meu texto que esqueci na casa do Werner, droga, vou perder mais tempo tendo que imprimir no projac, dei de ombros e corri pro carro me despedindo da Ju. O trânsito como sempre a esta hora estava um caos, demorei mais de uma hora pra chegar e estacionei bem longe do estudo porque já estava tudo lotado, peguei minha bolsa e corri pro galpão, Luiz já me esperava com cara de poucos amigos, mas não me deu bronca, ele sabe que sou extremamente pontual e para ter me atrasado era algo sério, me desculpei sorrindo e fui em direção ao assistente pra pedir meus textos novamente, até o Fagundes me parar.

- Bom dia Liane! – me cumprimentou sorrindo, lembrei da Juliana e corei na hora, aquela menina imagina cada coisa.

- Bom dia Toni.

- Tenho algo pra você – sorriu me estendendo o pequeno volume de papeis, fiquei tensa ao notar que eram meus textos, ele esteve aqui constatei – Um alemão veio entregar hoje bem cedo. – Sorriu de canto me observando.

- Obrigada eu já ia imprimir novamente, achei que havia perdido. – Tentei disfarçar.

- Por nada, vamos ensaiar, hoje o Luiz quer tirar nosso coro. – Ensaiamos a manhã toda, os ensaios são pesadíssimos e tensos, uma das cenas era de muito choro e gritos, aproveitei para extravasar tudo que estava dentro de mim e como esperado a cena ficou super realista, Luiz adorou e ouvi muitos elogios por todo estúdio, mal sabem eles que tudo aquilo era uma dor genuína, verdadeira, vantagens da profissão, sofrer e chorar sem que o mundo perceba e ainda assim ser reconhecida por isso. Terminamos as gravações já passavam das 19h estava exausta, é tudo tão intenso que nós nem percebemos o dia passar, fazemos as refeições aqui mesmo imersos nesses cenários. Quando Luiz nos dispensou tudo em mim doía, parecia que havia acabado de sair de uma balada, fui até o camarim trocar de roupa e verificar meu celular, haviam várias chamadas da Juliana, Mariana e até da minha mãe, algumas mensagens do Marcos que eu não estava com cabeça para ler ou se quer responder, mas não havia sinal do Werner, suspirei triste pensando em como reverteria essa situação, meu orgulho é meu maior defeito, e quebrar esse sentimento é uma dura batalha, porém, por hoje eu só quero dormir, amanhã eu crio coragem e mando pelo menos uma mensagem, quem sabe talvez ele esteja esperando apenas um sinal, quem sabe. Voltei pra casa refletindo sobre a vida, não demorou muito e já estava entrando na garagem quando vi o carro do Marcos estacionado, droga, esqueci que ele voltava hoje, tudo que eu não preciso. Respirei fundo sai do carro e entrei em casa, tomei um susto ao vê-lo elegantemente sentado no sofá segurando uma taça de vinho e sorrindo em minha direção, ao me ver parada na porta, deixou a taça sobre a mesa de centro e caminhou em até mim me agarrando pela cintura tomando meus lábios, era um beijo de saudade como se estivéssemos separados a anos e só agora nos reencontramos. Mas a saudade era apenas dele, não consegui corresponder ao beijo, o sentimento de traição me assolou e na mesma hora lembrei de Werner, o afastei delicadamente e ele me olhou assustado.

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