CAPÍTULO 06

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Paola Carochini

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Paola Carochini

Depois da noite com Ian, ele não mais me perturbou

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Depois da noite com Ian, ele não mais me perturbou. Como achei que iria fazer. Quase não nos vimos no hospital. Parece estar tudo tão corrido nessa última semana, que não sei se teríamos tempo de conversar sobre o que aconteceu.

Um edifício inteiro desabou, deixou centenas de feridos e dezenas de pessoas mortas. Isso está gerando um caos nos hospitais da cidade.

O andar de psicologia está lotado. Os psicólogos e psiquiatras que possuem suas salas fixas mal saiam para ir à algum leito, mas nesses últimos seis dias, tudo isso mudou com a chegada de vítimas traumatizadas.

Saio de um dos leitos completamente aflita;  enxugando minhas lágrimas que não pude derramar na frente de uma paciente gestante. Seu marido morreu no acidente.
Ele passeava em frente ao edifício com seu filho quando tudo aconteceu.  O homem morreu na hora. Já o garoto está internado em estado grave, e pela situação que se encontra não deve passar dessa semana.

Ela perdeu parte da memória, acha que eles virão visitá-la. Fica a todo momento perguntando do esposo e dizendo o quanto está ansiosa para seu bebê nascer. Ela só não se lembra que ao tentar salvar seu filho e seu marido que estavam sendo soterrados, foi atingida por uma pedra na barriga e teve um aborto espontâneo. Além de estar em negação sobre a possibilidade da morte de sua família, ela começa a surtar toda vez que alguém toca no assunto.

Limpo minhas lágrimas com as palmas de minhas mãos, quando vejo Ian sorridente conversando com outro médico; passo apressada por eles.

Não preciso me preocupar em esconder meu choro, não em meio a médicos e enfermeiros que andam apressados pelos corredores tentando salvar o máximo de vidas possíveis e torcendo para não ser nem um de seus familiares.

Duas enfermeiras consolovam uma terceira que chorava falando algo como "minha mãe". Entro no corredor, estava quase chegando ao banheiro feminino quando vejo um homem negro com um pedaço de ferro atravessando o crânio. Milagrosamente o homem estava acordado e parecia lúcido do que estava acontecendo, ele era empurrado para o elevador, provavelmente iria para a cirurgia.

Entro em uma das cabines com altas divisórias de mármore dos dois lados e me sento em posição fecal. Escuto alguém entrar no lugar antes vazio; penso ser uma funcionária qualquer até escutar um chamado  masculino.

— Paola!- silêncio; não respondi— Paola, cadê você? Você está bem?

Mais silêncio...

— Paola?— Ele chama uma última vez, antes de eu escutar passos em direção à porta. Quando acho que ele se foi me permito soluçar. E então o escuto conferir todas as portas até achar uma que estava trancada.

— Paola, eu sei que você está aí dentro, abra, por favor.

— Você não deveria estar aqui, eles podem...

— Foda-se o que eles pensam, me deixe te ajudar, o que aconteceu?

— Eu estou bem Ian, sério.

— Você é uma psicóloga que não aceita ajuda emocional? Abre essa porta, por favor.

Depois de alguns breves minutos eu resolvo sair do meu "esconderijo", ele me abraça e eu caio em lágrimas novamente; jogando todo meu autocontrole para o alto.

— É só...tudo isso que está acontecendo, as famílias, as vítimas...— soluço.— tudo, a mídia quer qualquer informação possível, os socorristas saindo toda hora e... eu estou trabalhando diretamente com a mente dessas pessoas e acho que sou sensível de mais. Ah, isso é tão antiprofissional. Eu não deveria ficar assim, deveria? Não fico assim nem em casos forenses, mas dessa vez são muitas pessoas e...— Respiro fundo, ele não me interrompeu em nenhum segundo, mas eu não queria mais continuar.

Ian limpava minhas lágrimas e agora nós dois estávamos agachados no chão do banheiro. Ele me abraça e eu retribuo chorando em seu ombro.

— Não é falta de profissionalismo, é normal ficarmos afetados com tudo o que está acontecendo, foi uma tragédia. Uma tragédia que está agonizando o país inteiro, mas vai ficar tudo bem. Você é uma espetacular profissional e já lidou com casos que eu sei que precisa ter estômago. Você tem alguém para se preocupar?

— Não, minha família é de outro país.

— Então eles estão bem e seguros — assinto e o abraço terminando de enxugar minhas lágrimas.

Ian Fanning

Consolo a ruiva nos meus braços e ela me abraça me deixando fazer carinho em seus cachos. Apenas na raiz, porque já saí com algumas mulheres de cabelo cacheado e sei que elas não gostam que passem a mão.

Olho para fora vendo uma mulher com cabelo marsala parar à porta, Jessyca. Faço sinal para ela voltar depois e ela faz sinal dizendo que está apurada. Mando ela sair, novamente, apenas por sinais e ela revira os olhos me mostrando o dedo do meio.

Fico abraçado com Paola por um tempo; sentindo seu perfume de frutas vermelhas e acariciando seus cabelos que cheiravam a alguma fragrância floral.

— Preciso ir— olho o horário e o amaldiçoo  por isso. Ela concorda.— Vai ficar bem?

— Vou, desculpa por te atrapalhar e... obrigada.

— Não me atrapalhou em nada — deposito um beijo em sua testa e saio dali indo realizar uma cirurgia.

Oii, me desculpem se houve erros de digitação, não consegui revisar

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Oii, me desculpem se houve erros de digitação, não consegui revisar.

Minha inspiração pra Jessyca:

Minha inspiração pra Jessyca:

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