CAPÍTULO 04

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Obs: Hazel na mídia. Na cena descrita ela estava com menos cabelo, literalmente careca.


Boa leitura ♥️

Paola Carochini


Acordo com o barulho estridente do despertador fazendo toda minha cabeça latejar. Abro os olhos ainda confusa e logo fecho pelo brilho do sol que adentra minha sala. Pudim pula de sua caminha e se espreguiça vindo até mim esfregando seu corpo peludo no meu.

Ainda acariciava a minha gata quando levo um choque. Porra, preciso ir trabalhar! Me levanto rapidamente e vou até meu quarto vendo estar atrasada. Tomo um verdadeiro "banho de gato" e saio apressada até meu carro.

"Eu tenho que parar de beber esse vinho"- Penso enquanto dirijo em direção ao hospital.

- Bom dia, doutora.

- Bom dia, Tami- cumprimento uma das meninas da recepção antes de praticamente correr até minha sala.

Entro no ambiente todo em tons azul e inalo a fragrância do meu aromatizante. Vermelho com certeza é minha cor favorita, mas quando se trata de psicologia das cores, ele fica distante do azul, que representa paz. Por isso eu resolvi deixar minha sala dessa cor. Digo eu, porque a psicóloga que usava essa sala matinha uma decoração totalmente fria e deprimente de um hospital. E não é isso que eu quero, quero que os meus pacientes esqueçam que estão em um hospital e se sintam confortáveis como se estivessem sentados na sua própria sala de TV. Por isso pedi ao chefe, do chefe, do meu chefe- que no caso é Taylor.- para poder mudar a decoração.

- Licença. Olá, doutora - Hazel, uma das minhas pacientes favoritas, entra acompanhada de uma enfermeira que empurrava sua cadeira de rodas.

Hazel é uma adolescente de apenas dezessete anos que está na luta contra o câncer de mama. Atualmente ela está na fila para uma reconstrução mamária.

- Pode deixá-la agora, eu cuido dela- a enfermeira assenti e eu abro um sorriso para Hazel enquanto levo sua cadeira de rodas para perto da poltrona grande e azul estampada com triângulos de diversos tons dessa mesma cor.

- Então, como passou esses dias?- pergunto enquanto ela se passa da cadeira para a poltrona.

- A mesma coisa de sempre.

- E o que seria "a mesma coisa de sempre"?

- Você sabe o que é. É deprimente viver nesse lugar. Sabe, minhas amigas estão se divertindo, indo a festas, conhecendo gente nova e até já arrumaram namorado. Mas eu fico presa nesse lugar, vivendo apenas dos livros, e de cenas falsas, criadas pelo meu próprio cérebro inútil.

- Por que acha que seu cérebro é inútil?

- As minhas próprias células estão destruindo meu corpo, ainda me pergunta por que ele é inútil?- Ela respira fundo.

- Você é uma das garotas mais inteligentes que conheço, não digo isso porque sou sua psicóloga e quero te animar. Digo isso porque é verdade, todos nós percebemos isso. Sua inteligência acima da média é notável, é um desperdício você não acreditar no seu potencial - dou uma pausa. - Não culpe seu cérebro pelo que está acontecendo, você está lutando, está fazendo tudo o que pode para vencer essa luta, e está dando certo, não está? Não vê sua melhora significativa? Eu tenho fé que você vai conseguir superar isso e vai poder viver tudo o que deseja, inclusive arrumar um novo namorado- ela sorri triste.

- Mesmo que eu saísse de tudo isso, mesmo que vencesse essa doença... Que garoto iria querer alguém careca e sem peitos?

Mordo os lábios dando um sorriso inevitável por me lembrar de algo.

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