Cap 1: Eu era só uma menina...

276 7 2
                                    

As vezes na vida acabamos por não ter direito a escolher o que iremos fazer ou viver...

O ano era 1925.

Violeta Camargo era apenas uma menina que não conhecia outro mundo fora o do Engenho Camargo, onde vivia com seu pai Coronel Afonso Camargo, sua mãe Beatrice Camargo e sua irmã mais nova Heloisa Camargo.

Era uma menina sonhadora, com seus lindos olhos castanhos e seu sorriso encantador.

Violeta vivia o auge de seus dezenove anos. Extremamente estudiosa e dona de um gênio forte, a jovem não se parecia em nada com as mocinhas de sua época. Braço direito do Coronel Afonso no engenho, cuidava da fazenda ao lado do pai e tinha muito orgulho de suas terras e de suas raízes.
Vivia para cima e para baixo andando a cavalo, percorrendo a fazenda, ajudando na colheita da cana e na produção do açúcar, para total desespero de sua mãe Beatrice que sonhava para a filha um futuro melhor do que a vida daquele engenho.

Mas Violeta não queria outra vida senão àquela ao lado do pai percorrendo suas terras, nadando no rio, correndo pelo galpão de armazenamento do açúcar. Aquela era a sua vida e ela amava estar ali. Diferente de sua irmã Heloisa, que puxara mais a mãe, uma menina doce e gentil, de gênio forte também, mas muito mais maleável que Violeta, que amava costura e moda, sonhava ser modista e era o orgulho da mãe.

A vida no Engenho era simples, tranquila, e apesar das diferenças a família vivia em paz e feliz.

Mas tudo mudaria com a chegada de Matias Tapajós, um estudante de direito, que morava no Rio de Janeiro, mas que todo verão passava férias em Campos dos Goytacazes na fazenda de seu padrinho o Coronel Aristides. E que em uma dessas visitas conheceria Violeta e se encantaria por ela.

- Papai, temos que percorrer o lado sul da fazenda amanhã, um dos trabalhadores disse que a cerca caiu daquele lado! Dizia Violeta entrando na casa ao lado do pai.

- Você faz isso pro papai amanhã, não faz? Afonso fazia sua cara de pidão para a filha, uma estratégia que sempre usava quando queria alguma coisa dela.

- Hum, e vem o senhor com essa sua carinha já, papai! Violeta ria feliz ao lado dele, tinham uma ligação muito bonita e uma amizade invejável. - Eu vou sim, pode deixar! Ela ainda ria quando olhou para a sala e viu o Coronel Aristides e um rapaz sentados ao lado da mãe.

Seu semblante fechou na hora, não gostava muito do Coronel Aristides, que vivia tentando comprar as terras de seu pai.

- Afonso! Chamou Beatrice. - O Coronel veio lhe falar, estava a sua espera!

- Como vai Afonso? Sorriu o homem ao se levantar e apertar a mão do velho Camargo.
- Estou muito bem Aristides, a que devo a honra? Perguntou secamente Afonso.
- Vim lhe falar sobre meu engenho!
- E o que tem teu engenho Aristides?
- Estou vendendo ele para uma empresa maior, mas como sei que você sempre teve interesse na parte dele onde passa o rio, vim lhe oferecer essa parte!
- E está vendendo porque homem? Se espantou Afonso, que nunca imaginou o vizinho querer vender suas terras.
- Não vou mentir meu amigo, me afundei em dividas nos últimos anos e não consegui me recuperar, o melhor agora é vender tudo e recomeçar na capital, já tenho um projeto em vista, mas preciso dispor das terras primeiro!
- Bom vamos ao meu escritório que lá conversaremos melhor! Disse Afonso já interessado no assunto e virando para Violeta. - Tu vem comigo filha, porque essas terras serão a sua parte da herança quando eu me for!
- Credo papai, quem lhe vê falando assim pensa que está com o pé na cova! Ralhou Violeta com o pai.
- Venha você também Matias, disse o Coronel Aristides ao rapaz que o acompanhava. - Aprenderá um pouco de negócios com seu padrinho!

Matias seguiu o padrinho não porque tinha interesse em aprender de negócios, mesmo porque a vida no interior não lhe interessava em nada, mas sim porque não tirava os olhos de Violeta, aquela menina de olhos castanhos marcantes e um ar arrogante o fascinou de tal forma que não conseguia parar de olhá-la.

Easy on me... pegue leve comigo Onde histórias criam vida. Descubra agora