Cap. 9: Passado

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Eugênio acordou bem disposto aquele dia, ver Violeta assim que retornou, fez seu coração se aquecer e sua noite ser regada de intensos sonhos.

Não queria admitir mas começava a sentir algo por ela e a vendo naquele escritório tão vulnerável aos toques dele, percebia que ela talvez não fosse tão indiferente assim àquele sentimento que brotava no seu coração.
Se arrumou e com seu melhor sorriso dirigiu-se as obras da tecelagem.
Leônidas já o esperava na recepção da pousada e assim seguiram os dois conversando sobre as obras até chegarem lá.

Em contra partida no casarão, o dia de Violeta não se iniciava muito bem. Antes mesmo que pudesse se dirigir às obras, Violeta recebeu mais uma das ligações ameaçadoras de Matias.

- Pode transferir a ligação! Ela disse assim que pegou o aparelho. - Pois não?!
- Mas é assim que você atende o seu homem? Falou debochado Matias.
- Desgraçado, porque você não me deixa em paz! Ela gritou chamando a atenção de Beatrice que ainda tomava café.
- Mas como anda brava a minha mulherzinha! Matias falava como se os dois mantivessem algum tipo de relacionamento, na mente doentia dele era exatamente isso que ele pensava, se achava o dono de Violeta desde aquele dia em que a violentou na estrada.

- Eu não sou sua mulher, seu patife, seu monstro! Ela gritou já em meio às lágrimas.
- Realmente, pois um passarinho me contou que você se casou não foi?! Que coisa feia Violeta, se casou sem a minha permissão! Ele debochava cada vez mais da aflição que sentia vir dela, mesmo pela ligação.
- Como? Como você... não pode ser, quem está te ajudando? Anda fala! Violeta o enfrentou.
- Ah minha querida, você acha mesmo que eu nasci para perder? Essa informação eu não posso lhe dar, mas uma coisa eu posso lhe dizer, logo você estará novamente em meus braços, agora vai lá na porta pegar o presentinho que eu te mandei! Ele ria enquanto encerrava a ligação.

Ela soltou o telefone e correu para a porta, e como ele havia dito, ali estava aquela maldita flor e aquele bilhete escrito a mão com aquela frase "Você é minha, eu nunca perco" e agora um número um número "10" seguia ao final do bilhete.

Um arrepio lhe percorreu a espinha e ela atirou longe o vaso e voltou para dentro do casarão.
Naquele dia Violeta pediu que Heloisa fosse em seu lugar até as obras, não se sentia bem, cada pedaço de seu corpo doía pelo nervoso e angústia que estava sentindo.

E assim se seguiram mais alguns dias, Violeta por mais que tentasse não conseguia sair de casa, Matias estava conseguindo o que queria, novamente ela estava fechada, reclusa dentro do casarão como quando ele fingiu ter dormido com ela naquele celeiro. E era assim mesmo que ele a queria, fraca, vulnerável, fechada dentro de sua casa e de sua agonia.

Eugênio estava estranhando o sumisso de Violeta, as desculpas que Heloisa dava já não estavam mais colando e ele decidiu que já era hora de procurá-la e saber o que estava errado.

Chegou cedo ao casarão, mas para a sua surpresa Violeta não estava ali. Beatrice lhe informou que a filha havia saído para cavalgar e que muito provavelmente estaria a caminho do rancho onde costumava pescar com o pai, ela lhe explicou para que lado do rio ficava o rancho e ele se retirou pegando um dos cavalos do engenho emprestado e indo atrás dela.

Dona Beatrice desde o princípio já havia notado que por mais brigas que eles tivessem, um sentimento maior pairava entre Eugênio e sua filha, como dizia o ditado, quem muito desdenha quer comprar e o amor anda lado a lado com o ódio. E ela via naqueles dois um enorme amor debaixo de toda aquela implicância e picuinha.

Eugênio cavalgou depressa, algo dentro dele dizia que Violeta não estava bem. Desde que a abraçara na estrada antes de viajar, um instinto de proteção tomava conta dele todas as vezes que pensava em sua sócia e agora não estava sendo diferente.

Easy on me... pegue leve comigo Onde histórias criam vida. Descubra agora