Cap. 8: Distância

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"... Eu sei que não é fácil
entregar seu coração
Eu sei que não
é fácil entregar seu coração
(Ninguém é perfeito)
Eu sei que não
é fácil entregar seu coração
(Confie em mim, eu aprendi)
(Ninguém é perfeito)
Eu sei que
não é fácil entregar seu coração
(Confie em mim, eu aprendi)
(Ninguém é perfeito)..."

O dia passou rápido após a partida de Eugênio, as obras estavam a todo o vapor, os trabalhadores estavam empolgados com a vila operária e com tudo que os patrões prometiam para eles e suas famílias.
Violeta permaneceu nas obras durante o dia todo, Leônidas ajudava em tudo que era preciso, mas em certos momentos a mulher se pegava lembrando de Eugênio e sentia falta da ajuda do homem no trabalho.

Quando enfim o dia terminou e os trabalhadores começaram a se recolher, a primogênita das Camargo pegou seu cavalo e cavalgou de volta para a casa. Estava exausta e precisava de um banho e descanso.

Mas o que esperava Violeta na volta a sua casa não era uma coisa muito boa, se já não bastassem os telefonemas, agora Matias também mandava flores para ela com bilhetes dizendo que logo viria buscá-la. E foi mais uma dessas flores que ela encontrou na soleira da porta hoje, como das outras vezes, assim que subiu as escadarias do casarão.

Seu sangue gelou e a sensação de que alguém a vigiava tomou conta de si, ela olhou para todos os lados a procura de alguém mas não viu nada, entrou em casa em desespero deixando Heloisa que estava sentada no sofá preocupada com o estado da irmã.

- O que foi minha irmã? Ela se levantou indo em direção a Violeta.
- Aquele maldito me enviou outra daquelas flores! Violeta mostrou o vaso com uma violeta roxa e o bilhete. - Quando ele vai me deixar em paz? Ela abraçou Heloisa e começou a chorar.
- O que aconteceu? Beatrice entrou na sala também preocupada ao ouvir da cozinha a voz alterada da filha.
- Aquele desgraçado do Matias, continua a mandar aquelas flores para Violeta, se já não bastassem as ligações, agora isso! Heloisa falava com ira na voz.
- Mas como ele faz para mandar essas flores aqui? Perguntou dona Beatrice mais para si do que para as filhas.
- É óbvio mamãe, alguém aqui da região o está ajudando! Violeta falava enquanto enxugava suas lágrimas. - Estou tão cansada disso!
- Não fique assim minha vida, vem aqui com a mamãe! Beatrice abraçou a filha e a consolou.

Depois de um dia cansativo e de ficar sem a ajuda do seu sócio, chegar em casa e encontrar aquela flor, foi a gota d'água. Violeta subiu para seu quarto e desabou, tentava a todo custo não deixar que aquele monstro a desestabilizasse, mas a lembrança daquele dia estava impregnada na sua alma.

Naquele dia Matias havia não só tirado a inocência de Violeta, ele tirou dela uma parte de sua força, ele quebrou algo dentro de Violeta que nesses anos todos ainda não havia sido restaurado. Ela nunca mais foi a mesma, tinha pesadelos, e até mesmo o toque de outro homem lhe causava receio, motivo esse de muitas brigas entre ela e seu quase ex marido Taylor, pois sempre que ele tentava se aproximar dela, ela o recusava. Foram poucas as vezes que os dois tiveram relações como marido e mulher, o que sempre levava o homem a procurar por saciedade nos braços de outras, após as suas noites de jogatina. E o que mostrava o quanto aquele casamento havia sido um erro na vida dela.

Violeta sentou-se na beira da cama e abraçou seu próprio corpo tentando afastar aquela sensação de medo que a estava consumindo, mas parecia que quanto mais ela tentava, mais as lembranças daquele dia a atormentavam. Sua pose de mulher forte era apenas a forma que tinha de se proteger, no fundo ela era frágil e sensível como toda mulher ferida.

Decidiu tomar um banho, normalmente a sensação da água descendo por seu corpo a ajudava naqueles momentos de angústia onde o passado lhe parecia tão presente.

Easy on me... pegue leve comigo Onde histórias criam vida. Descubra agora