Cap. 16: Um Sarau de Emoções - Parte II

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"Para compreender-me, destruí-me.Compreender é esquecer de amar. Nada conheço mais ao mesmo tempo falso e significativo que aquele dito de Leonardo da Vinci de que não se pode amar ou odiar uma coisa depois de compreendê-la."
Fernando Pessoa

Violeta e Julinha chegaram ao casarão.

A loira ficou encantada com o lugar, era tudo que ela precisava para esquecer seus dias de tristeza e reconstruir sua vida. Embora ainda sentisse medo de que o crupiê Geraldo a encontrasse, Julia tinha esperança na nova etapa que estava por vir.

A casa estava um brinco, tão viva e cheia de cores, enfeitada pelas diversas flores que Dona Beatrice espalhou por todo canto. O piano já tocava animado e Violeta viu que sua mãe dedilhava as teclas sorridente como a muito tempo não fazia e aquilo lhe encheu o coração de ternura. Foram anos difíceis, e ela sabia que sua mãe carregava consigo uma dor incurável pela perda de seu único amor. Por isso, vê-la sorrir daquela forma, toda cerelepe tocando aquele piano, deixou a futura empresária muito feliz.

- Mamãe!!! Ela chamou, fazendo Heloisa e Leônidas olharem para a porta. - Temos visita!
- Seja quem for, entre e venha ouvir uma boa música! Beatrice continuou a dedilhar o piano animadamente.

Julia se aproximou junto com Violeta e a matriarca das Camargo pode ver enfim de quem se tratava a visita.

- Olá minha querida, que bons os ventos que a trazem... O que acha? Gostas dessa canção?
- Sim, é uma de minhas preferidas! Comentou Julinha.
- Pois lhe digo que das minhas também! Confidenciou Beatrice.

- Mamãe... Julinha precisa de um lugar para ficar por algum tempo, ofereci para que ficasse conosco, achei melhor do que ela ficar com Eugênio ou num hotel!
- Fez bem minha filha... mostre a ela o quarto de hóspedes ao lado do seu... E... Julia querida, seja bem vinda a nossa casa!
- Eu agradeço senhora! Julia esboçou um pequeno sorriso triste, que fez a matriarca da família franzir a testa, havia algo a mais naquela miúda e dona Beatrice logo descobriria.
- Mas não me chame de senhora, pode me chamar de Beatrice apenas... ainda sou muito nova para esse título! Ela riu gostosamente vendo a cara de espanto que suas filhas fizeram.

Logo as moças subiram. Violeta pediu que Heloisa fosse com elas e explicou por alto o que se havia passado com Julia, pedindo a ela algumas roupas do seu ateliê para que a loira pudesse vestir.

Leônidas aproveitando a deixa, voltou para a casa afim de se arrumar para a noite também.

...

Não muito longe das cercas que delimitavam as terras do Engenho Camargo, um antigo desafeto de Violeta andava a espreita.
Ao longe ele podia ver a casa toda iluminada e repassava ponto por ponto o plano de sua tia, para que nada saísse fora do combinado.

Maurilio Alves era sobrinho de Ursula, sim a secretária de Eugênio tinha um sobrinho, e esse sobrinho cresceu em Campos dos Goytacazes e desde sempre teve suas pinimbas com Violeta, fora ele que anos atrás espalhou pela cidade que Violeta havia se dado ao desfrute com Matias após a formatura, e até mesmo a cercou na estrada tentando obter algo com ela na época.

Ursula era irmã mais nova da mãe de Maurilio, filha do segundo casamento de Sócrates avô do rapaz. Quando este casou novamente sua primeira filha já estava casada e sendo assim Ursula e Maurilio nasceram com apenas dois anos de diferença.
Ninguém sabia ali em Campos da ligação entre eles, tendo em vista que Ursula fora criada em colégios internos desde menina e só agora retornara para a cidade onde o pai viveu até o dia de sua morte, jamais teve um bom relacionamento com o pai, que sempre preferiu a filha do primeiro casamento.

Maurilio também havia morado fora nos últimos anos, e devido um acidente que deformou parte de seu rosto, não havia sido até agora reconhecido por nenhum dos antigos moradores de Campos.

Easy on me... pegue leve comigo Onde histórias criam vida. Descubra agora