capítulo 2

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  7 dias depois...

  Não voltou em casa após a missa de sétimo dia.

  Não conseguia, tudo no apartamento lembrava ele e suas manias, lembrava o que os dois foram e o que poderiam ter sido.

Não tiveram tempo...

Foi isso que ela lamentou jogada em cima daquele caixão escuro, foi aquele seu arrependimento enquanto tantas lágrimas lhe embaçavam a visão.

Queria acreditar em outras vidas para encontrá-lo em uma próxima. Mas a quem queria enganar ? Helena era cética, Carlos estava morto e ela precisava seguir.

Então pegou o carro e seguiu.

Ainda não sabia porquê estava tão surpresa, Carlos havia cuidado dela em vida e agora mesmo morto ainda cuidava. A luz que guiaria seu caminho.

Ao ser aberto o testamento ele lhe deixará uma antiga propriedade de família em uma cidadezinha pacata afastada e uma poupança generosa.

  Mas aquela carta, a última carta de Carlos, ela não conseguiu abrir. Na hora certa ela abriria, era o que preferia acreditar.

  Estacionou em frente a casa a muito esquecida, a pintura estava desgastada, as árvores e plantas do jardim precisavam ser podadas, mas seria o bastante para a jornalista recomeçar.

Entrou na casa e ignorou o vento frio que passou por ela ao abrir a porta, ignorou o calafrio que lhe percorreu a espinha.

Pelo menos a casa estava limpa, havia pago uma faxineira no dia anterior.

Sem nem explorar a grande residência ela foi direto pro banheiro integrado a seu quarto. Enfiou-se debaixo do chuveiro e pediu de todo coração que a água lavasse sua vida velha.

E ali ela chorou, porque percebeu que no auge de seus vinte e seis anos, ela, a jornalista Helena Galantes Cortês se tornou a pessoa mais solitária que se podia imaginar.

A última CartaOnde histórias criam vida. Descubra agora