Three • Champs-Elysées

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Eros estava quieto, era tudo que conseguia fazer, pois nada mais estava ao alcance de suas mãos, simbolicamente. Zeus literalmente trovejava palavras rudes contra si e sua mãe. Eros até poderia sentir pena de Afrodite, se não fosse ela a culpada de todo este caos. Suas mentiras fugiram do controle e vieram cobrar altas dívidas.

Oh sim, o caos dos deuses estava a solta no olimpo.

— Como pode ser tão tola, Afrodite? — Zeus questionou novamente, sua voz mesmo sem intenção, soava como a pior das tempestades e Eros sabia que no reino mortal as coisas deveriam estar horrendas sob efeito do mal-humor do deus.

A dias estavam nesta infinita discussão. Harry havia ido embora a quatro dias apenas, mas sua falta causava peso para o olimpo. O verde já não era mais tão vivo, a saúde firme da vegetação havia se perdido ao longo de cada minuto distante dos dons do deus que a dava vida. O olimpo não sofria de fome, mas não havia mais frutas frescas para suas boas primeiras refeições do dia, como gostavam.

Harry fazia muita falta, ainda mais quando não lhe davam o necessário valor.

— Já lhe disse que ele não sabia, de maneira alguma, sobre Hades ser sua alma gêmea — Afrodite levantou-se do local confortável onde estava e os panos finos que usava voaram com o vento forte da tempestade criada por Zeus — ele sequer sabia sobre o paradeiro de Hades, até que ele invadisse o olimpo.

— Ah, não, minha querida — Zeus a olhou enfurecido — não irá jogar a culpa de sua irresponsabilidade sob mim. Eu puni a todos os envolvidos na fuga de Perséfone, mas isto não diminui o peso de seus erros ao não ensinar seu filho a ser fiel a família. Ele se foi na primeira oportunidade.

— Como ele poderia ser fiel a nossa família, se estamos todos ligados por mentiras? — a voz brava de Eros tomou conta daquele salão, ele tinha mais coragem do que seu próprio bem lhe permitia.

— Não pense que me esqueci de você — Zeus negou firmemente com a cabeça — não espero nada de fidelidade de sua parte. Ajudou seu irmão a fugir do olimpo, o contou sobre seu destino e levou-o diretamente para os braços de Hades. Deveria ser morto por trair sua família.

— Não irá adiantar em nada matá-lo — Afrodite interveio, colocando-se em frente ao seu filho — Harry está em um lugar onde não podemos nos arriscar. Nenhum de nós conhece os perigos do submundo.

— Eu poderia simplesmente invadir aquele reino e trazer Perséfone de volta — Zeus comentou em alto e bom tom, para que todos tivessem noção das proporções de seu poder, que definitivamente eram grandes.

Ares, que até o momento estava em silêncio, se colocou de pés e estufou o peito, com orgulho e auto-merecimento, ao se dirigir até o pai.

— Eu e o senhor podemos ir lá, meu pai. Busquemos meu noivo — Ares pediu — se o senhor é o maior dos deuses, não teremos problemas.

O perfeito sorriso de satisfação nos lábios vermelhos de Eros, surgiu ao notar o modo como Zeus pareceu indagar ao pedido do filho, negando com a cabeça.

— Não deste modo, Ares.

Medo? Quem sabe.

— Não queremos causar uma guerra exaustiva — Zeus tornou a dizer — conheço ele, e Hades não medirá esforços em obter o que quer.

— O correto seria aguardarmos algum movimento dele — Afrodite voltou a dizer — podemos esperar que ele tente algum tipo de negociação, afinal há muitas coisas mais que ele possa querer, do que um mero deus jovem como Harry.

— Sabemos que se isto fosse verdade, não estaríamos todos reunidos neste salão — a frase saída dos lábios de Zeus, chamou bastante a atenção de Eros.

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