Eight • Eternal Kiss

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Harry sentia-se diferente.

Na realidade, ele se sentia estranhamente cômodo em sentir-se diferente.

Deitado entre os lençóis macios de sua cama perfeitamente confortável, observando as almofadas espalhadas pelo tapete belo no chão, alguns pensamentos piscavam em sua mente cansada.

Sua primeira vez com Louis havia sido há dois dias atrás. Crendo ou não, ele precisou de todo um dia para recuperar-se. Os viventes do palácio estranharam o sumiço do deus.

Harry sabia o quão seu corpo estava cansado, era notório. Mas a grande questão viva em sua mente, dominando seus pensamentos com correntes de ferro e os fazendo reféns, eram as suas mudanças de emoções.

Sim, nas últimas 24 horas, Harry sentiu seu corpo febril, assemelhando-se às fornalhas escaldantes do tártaro. Deitado entre os lençóis, ele sentia suas emoções, sensações e o seu comportamento tomando pequenas rotas diferentes das comuns.

Até suas pequenas ações que refletiam leveza e delicadeza, pareciam ter um pingo escarlate de horror.

Aquilo levou Harry a pensar bem. Quando foi que ele havia parado para observar o seu comportamento nos últimos dias? Mesmo antes de seu momento com Louis, quando havia sido a hora em que notou sua vaidade aflorando?

E não somente a vaidade, mas outros pontos como seu comportamento agressivo com Nefera. A ninfa não era a primeira pessoa que o tratava daquela maneira, embora sim fosse tremendamente descarada.

Harry sempre agiu como um perfeito deus amoroso, com delicadeza como sua natureza e seu poder "frágil". Mas já não era exatamente do modo amoroso que ele agia.

E, mesmo que Harry pudesse culpar o submundo e sua aura sombria por mudá-lo, ele sabia, ainda vivendo no olimpo, que sempre habitou nele um resquício de escuridão muito bem coberta por baixo de sua pele bonita.

E, quem sabe fosse a informação mais assustadora naquele momento, Harry se sentia melhor do que nunca.

Um sorriso lento tomou conta de seus lábios. Ele fechou os olhos, respirando fundo o ar mais puro do submundo. A noite de sua primeira vez com Louis, foi sua sentença final. A sua alma era de Louis, ele tinha mais do que Louis ao seu lado, agora tinha um resquício dele dentro de si.

Harry sentiu os cílios tremerem sobre as bochechas, seja lá o que estivesse acontecendo com ele, não gostaria que parasse. Ele se sentia tremendamente bem.

E logo, sua mente livrou-se de qualquer pensamento, quando seu corpo cansado foi abraçado por trás, sendo dominado pelo calor familiar de seu parceiro.

— Bom dia — a voz macia, embora rouca pelas horas de sono, alcançaram sua audição.

— Bom dia, dormiu bem? — a voz tornou-se ainda mais macia, um sorriso doce como companhia, ainda que de sua posição não pudesse ser visto por Louis.

— Muito bem — aquele murmúrio foi seguido de um casto beijo em seu ombro, cuja sua suavidade foi detida quando Louis mordeu a pele macia do local, causando um leve ardor na pele alheia.

Por esse motivo o corpo de Harry estava coberto por marcas e escoriações quentes, tão roxas e vermelhas, marcando a pele clara de porcelana.

— Se sente mais disposto hoje? Precisa de mais um dia descansando? — os dedos firmes de Louis o apertaram na pele de sua cintura.

— Não, meu amor — lentamente virou-se para ele, apoiando a cabeça em seu peito — eu estou muito bem, gostaria de passear um pouco hoje, fiquei horas neste quarto.

— Como quiser, minha musa — disse, beijando a cabeça de seu parceiro, os cachos belos faziam cócegas em seu rosto.

— Além do mais, preciso terminar de decidir as coisas sobre nosso casamento. Preciso conferir os detalhes e os convites, quero que tudo seja perfeito — disse calmamente.

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