Extrema-unção
A vaidade extrema
Num corpo de dar pena
Uma cópia, um embrião
Desejos de perpetuaçãoRezas, cantigas, canções de ninar
Desejo seu colo, suas mãos a me acariciar
Exercita-se o corpo, mas a alma atrofia-se
Nada impede a pele no seu incessante dilacerar-seNum canto qualquer, perde-se o encanto
Morre-se de medo do quebranto
Olha-se para a noite escura, com cara de espanto
Estamos de pé, por enquantoO medo de morrer é menor que o medo de sofrer
Temos medo de encarar nossos medos
Somos mais felizes, escondendo nossos segredosA extrema-unção é o fora de ação
É quando todos os sentidos perdem a razão
É quando a pele repele o vento que sopra
Um dia o corpo morre e não tem
VoltaJonas Luiz
24/10/22