Através da lente de uma câmera fotográfica...

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Porque Kimhan desejava imortalizar a imagem de seu amado Porchay, ele sempre o fotografava.

Fotografava-o enquanto ele preparava o café-da-manhã, embora detestasse acordar cedo;

Fotografava-o durante o café-da-manhã, pois o mais novo sempre ficava com um bigode de leite acima dos lábios carnudos, o que considerava muito fofo;

Fotografava-o enquanto o via lavar e secar a louça ou dançar e cantar suas músicas favoritas, cruzando, de uma ponta a outra, os cômodos integrados da casa dos dois enquanto era assistido pelo par, que sempre puxava para valsar com ele.

Mas o que poucos sabiam era que o jovem apreciava sua posição de objeto de adoração.

Apreciava a ideia de ser imortalizado durante sua pacata rotina, sempre preenchida por ternura pelo simples fato de sua vida ser compartilhada com aquele a quem amava honesta e profundamente.

E sequer supunham, igualmente, que Porchay tinha seus próprios meios de demonstrar devocão, e que estes também eram registrados pela grande lente da máquina fotográfica.

Tratava-se de um segredo confidenciado apenas a Kimhan, à câmera e às paredes.

Certa noite, o mais velho foi conduzido pelas mãos até a sala de estar, onde discretos feixes da luz do luar valsavam com o breu, predominante no recinto. Kim foi convidado a sentar-se no sofá de três lugares que ali havia. Mais uma vez, seria espectador de uma cúmpliceconfissão.

A música baixa, que tocava ao fundo, tornava-se a trilha sonora da revelação de um mistério parcialmente oculto pela penumbra.

Porchay estava nu, trajado apenas pela noite.

Não apenas era um doce protagonista à luz do dia, como também o modelo de uma lascíviacompartilhada.

Kimhan, extasiado, capturava cada contraste evidenciado pelos movimentos e pelos contornos daquele corpo magro e desejante. O inocente Chay da vida diurna fundia-se à volúpia tecida pelas acinzentadas nuvens noturnas, que sempre nasciam após o espetáculo docrepúsculo.

Mas o verdadeiro espetáculo, para Kim, era o corpo de seu amado.

E este movia os quadris de um lado para o outro, deixando-se atiçar pelas pistas que sondava nas obscurecidas feições reveladas pelo rosto alheio, sempre que esse espectador abaixava a câmera entre uma fotografia e outra. Deslizava os dedos pela silhueta lateral de seu tronco, sentindo a ondulação das próprias costelas, ao mesmo tempo que o par apenas as supunha. A simples ideia de que o seu homem estaria tentando reproduzir memórias táteis ante cada uma de suas provocações fazia com que seu membro se animasse.

Virou-se, ficando de perfil em relação ao parceiro de profanidade, e deixou-o perceber a ereção ganhando forma em sua pelve. E percorreu sua envergadura crescente com as digitais mornas. Arrepiava-se, mas Kimhan podia apenas supor issodurante a captura de cada minúcia da deleitosa cena.

Entretanto, havia algo que o jovem apreciava mais do que modelar em cumplicidade com o amado e com a noite. E Kim, registrando o que compunha uma experiência estética diante de suas órbitas castanhas, salivava ansiosamente tão-somente por compartilhar, com o parceiro, aquele outro segredo lascivo.

Com um de seus dedos, Chay fez um gesto doce de chamamento, aproveitando-se da silhueta que o jogo de luz e sombra revelava.

E Kimhan ajoelhou-se.

Porchay, sem deixar de balançar os atraentes quadris durante sua caminhada, aproximou-se vagarosamente da mesinha que ficava ao lado do sofá. Deslizando suas digitais lenta e delicadamente sobre a madeira maciça do móvel, finalmente deixou-se ver, acendendo a luminária que estava sobre ela.

E olhou para Kim com o canto dos olhos.

E notou que este fixava o olhar em sua ereção, captando, como um fotógrafo devotado, o rastro de concupiscência que despontava do orifício de sua glande enrubescida.

Com o olhar.

Queria sorver cada gota daquela indecência, e Porchay sabia muito bem de sua sede.

Por essa razão é que agarrou seu pênis excitado com uma das mãos, masturbando-se discretamente, e aproximou-se daquele fiel que se curvava diante de seu objeto de adoração com uma câmera em mãos, mas fotografando-o apenas na recordação

Estacionou diante dele e deslizou a cabecinha inchada sobre aqueles lábios macios, encarando-o de cima com um sorriso, mas, antes que fosse abocanhado, recuou.

O homem que era atiçado passivamente, então, ergueu a máquina fotográfica diante do par, como se realizasse uma oferenda a um adorado Deus. Porchay tomou-a em mãos e pôs a alça do objeto ao redor de seu peçoco, antes de começar a contemplar o amado unicamente por meio do aparelho. Viu, através da lente, Kim abrir a boca e estender a língua, em súplica.

E friccionou freio de seu membro sobre a superfície macia a ele oferecida.

O seu hobby favorito era registrar a boca habilidosa de seu par, enquanto a invadia sem dó. Enquanto Kimhan aprecisava o baile dentre a penumbra, Porchay exigia que as luzes permanecessem acesas, para que ambos pudessem fotografar, com a câmera e com a memória, cada detalhe de uma volúpia recíproca.

Com amor e erotismo, KimChay.Onde histórias criam vida. Descubra agora