Kayllene é despertada pelo som de um sino agudo e estridente, o que a faz pular de susto na cama. Ela se levanta confusa e lembra que está na enfermaria. Michael entra pela porta.
— Bom dia Kayllene! — Disse Michael sorrindo. Kayllene o encara por alguns segundos.
— Um "bom dia" ensurdecedor.
— Ah, é verdade! Eu esqueci de avisar sobre o sino.
— Percebi!
— Bem, o alarme tocará de segunda a sábado às sete horas. Você terá uma hora para se arrumar, tomar banho ou se maquiar, embora eu não recomende a última opção. Depois, você terá trinta minutos para tomar café da manhã no refeitório e, em seguida, aparecer na frente do seu quarto. Estarei lá esperando para irmos à reunião que acontecerá.
— Eu tenho um quarto?
— Claro que sim, vou te levar até o local onde você vai passar os próximos 365 dias da sua vida. Durante 300 desses dias você estará em treinamento, terá 50 domingos de descanso e nos outros 15 dias acontecerá o torneio. Venha comigo.
Kayllene segue Michael por um corredor branco, com detalhes de estrelas brilhantes em cada parede. Quando chegam à porta com o número cinquenta e dois, a garota observa uma porta de metal com um design futurista. Um sensor de infravermelho é ativado, fazendo com que a porta se abra silenciosamente, como se desse as boas-vindas à ela.
— Ela verifica sua identidade pelo infravermelho fazendo com que seja impossível outras pessoas entrarem em seu quarto.
Ao olhar para o quarto, Kayllene percebe que a decoração é minimalista e moderna. As paredes são brancas e há um grande quadro de parede com uma pintura abstrata em tons de verde e azul. A cama é grande e confortável, com uma colcha branca e vários travesseiros coloridos. A cabeceira da cama tem um design geométrico com detalhes em metal dourado. A cômoda tem gavetas espaçosas e uma superfície de vidro, na qual há um vaso com flores frescas. O guarda-roupas tem portas de correr com espelhos embutidos. A mesa de cabeceira ao lado da cama tem uma luminária moderna com um abajur em forma de globo. A cadeira em frente à mesa é de couro verde e tem pernas de metal cromado. O tapete é felpudo e da cor branca. Tudo no quarto é bem organizado e mantido, dando uma sensação de harmonia e tranquilidade.
— Isso está simplesmente a minha cara.
— Nós possuímos conhecimento a respeito de praticamente todos os aspectos relacionados à sua pessoa.
— Isso é um pouco assustador, mas vou relevar porque gostei.
— Você ainda tem cinquenta minutos pra se arrumar e outros trinta para tomar café. Te espero aqui em seguida. Até já!
Após Michael sair, Kayllene adentra ao quarto e imediatamente dirige-se ao guarda-roupa. Ao abri-lo, é surpreendida ao encontrar todas as roupas que havia deixado em sua casa.
As minhas roupas? Eles entraram em minha casa e pegaram minhas roupas?
Kayllene abre a gaveta da cômoda cuidadosamente. Seus dedos deslizam pela madeira da gaveta até tocar o objeto que procurava. Era um porta-retratos de madeira antiga, talvez mais antiga do que ela mesma. O objeto exibia uma fotografia desgastada pelo tempo e pelos dedos que a tocaram inúmeras vezes. Na foto, Kayllene estava ao lado de seu irmão mais velho, seu pai e seu avô, todos sorrindo para a câmera. Eles estavam em frente a uma casa de madeira, que Kayllene reconheceu imediatamente como a casa em que cresceu. A imagem era repleta de nostalgia e trazia de volta lembranças que a garota não visitava há muito tempo.
O porta retrato do vovô...
Ela monta o mesmo e de forma delicada coloca em cima da cômoda.
Eu nem imaginava o quão feliz era nessa época.
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Black Stars
Science FictionO Ano é 2062. A cura do câncer foi "descoberta" há uma década, mas é um luxo reservado para poucos. Privatizada pelo governo mundial, só está acessível para quem pode pagar. A justificativa? Controle populacional em um planeta com mais de dez bilhõe...