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Depois daquela maldita ligação eu não consegui mais dormir, minha respiração ficou desregulada e o sentimento de medo vinha com tudo. E obviamente bloqueei o número o mais rápido o possível.

Angel e Alex não estavam em casa, minha única saída era Mikey. Não queria incomodá-lo mas sentia que se eu ficasse mais um minuto na minha casa eu surtaria.

Disquei o número do telefone dele e coloquei o celular na orelha. Não foram necessários nem dois toques para ele atender.

— Docinho? O que houve? — Eu ouvia sua voz rouca e sonolenta me deixando mais calma, minhas mãos não tremiam tanto e meu coração começou a se acalmar aos poucos.

— Pode vir me buscar por favor? — Minha voz saia trêmula, como se eu estivesse chorando.

— Calma meu amor, eu já chego aí, se quiser pode arrumar suas coisas para passar o dia aqui, tá bom?

Um murmúrio saiu da minha garganta em concordância. Me senti aliviada por ele não perguntar agora o que havia acontecido, creio que começaria a chorar feito criança se dissesse um A à mais.

Desliguei a chamada. Peguei algumas peças de rua e coloquei dentro de uma mochila, troquei de roupa optando por uma de frio.

Colgate estava com Alex, então não precisaria me preocupar com o meu pequeno filhote que mais parecia o capeta reencarnado do que um gato.

Não demorou 20 minutos para ele chegar literalmente esmurrando a porta, logo que abri recebi um abraço e seu perfume invadiu minhas narinas me dando tranquilidade novamente. Me agarrei aos seus braços num abraço forte do qual me fez sentir protegida novamente. Afundei meu rosto no seu peitoral, espremendo os olhos para não chorar.

Pode parecer dramático, mas não é.

Ainda quando criança, quando minha progenitora ainda me criava, para ser mais exata, eu usei meu sobrenome da parte de pai na creche. Péssima ideia, minha mãe me bateu tanto que foram necessários mais de um mês e meio para ficar totalmente "curada", carrego comigo uma pequena cicatriz na canela direita me relembrando daquele dia e do que ela disse — vou te dar uma surra que jamais vai esquecer! — dito e feito, porque nunca esqueci daquele dia.

Uma pequena cicatriz que me lembra de jamais usar esse nome, nem em caso de vida e muito menos de morte!

Vai levar alguma coisa? — Sua voz suave saiu como sussurro para mim. Apontei para a mochila com roupas que coloquei em cima do sofá. — Então vamos. Prometo te proteger não importa do que seja!

Acenti enquanto ele enxugava uma lágrima solitária que caia. Meu braço foi puxado delicadamente por ele, indo em direção a porta, assim que passamos ele fechou e entregou a chave na minha mão na qual eu coloquei no bolso da calça moletom.

[...]

Lá estávamos nós novamente em sua casa. Mas em situações totalmente diferentes.

— Você quer dormir? Se quiser podemos deitar só precisa me dizer.

— Quero contar o que aconteceu...

Mikey não deixou transparecer nenhuma reação visível. Mas algo me dizia que ele estava cheio de curiosidade. Logo nos sentamos no sofá da imensa sala de estar.

— Há algum tempo atrás, quando eu era criança, minha mãe me proibiu de usar meu sobrenome da parte de pai, o por que eu realmente não sei. Suzuki esse é meu sobrenome! — Mikey arregalou os olhos por um milésimo, mas logo voltou ao normal, sua feição séria e preocupada. Ele prestava atenção em cada palavrinha que eu dizia para ele. — E como nunca usei esse sobrenome ninguém sabe dele, nem mesmo Angel ou Alex. Mas à alguns minutos atrás eu recebi uma ligação de um homem chamado Laurent, que por incrível que parece, sabia desse nome e do meu pai, que não vejo à 10 anos eu acho.

— Ele era francês? — Foi a única pergunta que saiu da sua boca.

— Não sei, mas ele tinha sotaque. Ele disse que me viu há 10 anos atrás e se apaixonou por mim, e que faria de tudo para eu ser dele não importa o que acontecesse. Eu estou com medo Mikey, medo dele, tanto medo que mal consigo ficar em casa! Ele disse várias coisas também, ele falava como se me tivesse na palma da mão! — Nessa hora toda calma e o resto de sanidade que ainda me faltava foram por água a baixo. Eu chorava feito um bebê com fome, as lágrimas ardiam meus olhos como se fossem ácidas. Parecia que acabava de correr uma maratona já que meu coração e respiração estavam mais aceleradas do que antes.

Mikey parecia me compreender já que não fez mais perguntas, seus braços rodearam meu corpo em um abraço. Sua mão afagava meu cabelo delicadamente enquanto a outra me puxava para mais perto de si, tentando me acalmar.

— Eu vou cuidar de você, não importa o que apareça, eu sempre vou estar aqui do seu lado, te apoiando e protegendo! Apenas quero que aprenda a me usar ! Me chame quando precisar!  Que eu virei quando você menos esperar.

— Prometo te usar ao máximo que puder! — Minha voz saiu falha pelo choro ainda recente. — Então apenas prometa que jamais irá me deixar!

— Eu prometo, apenas me use como quiser, que eu jamais irei te abandonar!






MY ETERNAL SWEETIE | MANJIRO SANOOnde histórias criam vida. Descubra agora