Capítulo 12

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Sarah deixou o hospital pelas próprias pernas. Caminhava lentamente, sentindo incômodo nas costelas, mas vestida e maquiada como se aquele fosse um dia normal. O visual foi cuidadosamente preparado não apenas pela própria vaidade, mas também porque, o crime contra a comandante de uma das maiores empresas de engenharia de Portugal levantara curiosidade e ela queria estar o mais apresentável possível caso fosse fotografada deixando o hospital.

Joana a ajudou em tudo, de lhe trazer uma muda de roupa confortável e bonita até lhe auxiliar no que mais fosse preciso. Sarah se sentia agradecida por ter a amiga em sua vida.

- Não quero atrapalhar a sua rotina, poderia ter ido pra casa de táxi. – Ela disse ao entrar no carro de Joana.

- Não tem necessidade nenhuma, afinal, ainda ficarei uns dias afastada do trabalho

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- Não tem necessidade nenhuma, afinal, ainda ficarei uns dias afastada do trabalho. É praxe, quando se tem uma ocorrência que terminou em óbito, ainda mais quando o policial está emocionalmente envolvido, como é o caso. Ou seja, tenho tempo livre.

- Que bom que você tem tempo e aceita passa-lo comigo. – Sem pensar, Sarah respondeu.

- Eu senti um ressentimento nesse tom de voz? – Joana riu enquanto ligava o carro. – Se você está sentindo a falta de Thomaz, saiba que ele está na Monteiro, cumprindo a sua agenda. Mas que à tarde estará em casa. Nós combinamos assim.

- Ainda bem que à tarde eu estarei repousando no quarto e poderei ignora-lo, então. - Sim, ela estava decepcionada por ele não ter vindo. Afina, se estivesse tão preocupado, Thomaz estaria ali. - E vocês agora são amiguinhos e combinam coisas?

Joana apenas riu com a provocação e seguiu dirigindo. Logo as duas estavam ouvindo música e evitando assuntos difíceis. Para Joana, estava claro que aquele período vivendo na mesma casa faria Sarah e Thomaz entenderem um ao outro e talvez torna-los mais próximos. Talvez, mais próximos até do que Fernando pudesse ter imaginado.

- Você não me contou o que o testamento definiu sobre a Monteiro. – Curiosa, Joana lembrou a amiga. – Sabe que pode confiar em mim.

- Eu confio, não contei porque é absurdo demais, nunca eu e Thomaz poderemos cumprir o que Fernando nos exigiu. – Agora, passado tudo o que aconteceu nos últimos dias, até achava graça do pedido de Fernando. E resolveu contar à amiga. – Você consegue imaginar eu e Thomaz colocando no mundo uma criança e educando-a até que seja capaz de assumir a Monteiro?

- O que? – Joana se surpreendeu.

- Isso mesmo. Como se eu fosse carregar por nove meses uma criança na barriga, parir e criar. E de Thomaz, ainda por cima! Eu não sei como Fernando pode cogitar isso.

- Então você perdeu a Monteiro? É o fim?

- Não exatamente. Há um prazo legal para cumprirmos a exigência, por enquanto eu sigo na Monteiro e tento encontrar uma brecha legal para derrubar o testamente.

- E se não encontrar?

- Então a Monteiro será vendida e seu valor revertido em ações sociais. – Isso lhe doía profundamente. – E restará para eu e Thomaz seguir nossas vidas, cada um com suas ocupações o restante da herança que dividiremos.

Fugindo do destino: eles escolheram outras vidasOnde histórias criam vida. Descubra agora