Ao completar 18 anos, Sarah Melnik da Silva foge do Brasil em busca de liberdade. Quando uma tragédia lhe oferece possibilidades nunca antes sonhadas, ela se transforma em uma nova mulher. Cerca de 10 anos depois, vivendo em Portugal, a antiga Sa...
Sarah não havia entendido a razão do advogado de Thomaz querer ir à sua casa naquela manhã. O normal seria contatar seu advogado ou marcar uma reunião na Monteiro. Mas o homem insistiu que precisava ser recebido naquela manhã e ela acabou concordando. No fundo, tinha alguma esperança de Thomaz vir junto e ter a chance de voltar a provoca-lo. Estava se habituando a discutir com ele e vendo graça nisso.
Quando Dante tocou o interfone, apenas trocaram rápidos "bom dia" e ela liberou a entrada, já indo rapidamente ao banheiro, conferir se não havia borrado a maquiagem durante o café da manhã. Quando já se aproximava da porta, com a chave na mão, ouviu o interfone tocar novamente, na cozinha. Estranhou, mas ignorou já que a campainha também tocou. Quem estivesse na portaria, teria de aguardar. O celular vibrou em seu bolso, mas não o pegou.
Abriu a porta esperando encontrar um advogado carregando documentos. Do outro lado estava quem fez de seu passado um inferno. A passagem daqueles 10 anos não lhe fez esquecer a face de Otávio, era ele, sem nenhuma dúvida, com cabelos mais grisalhos, quilos a mais e algumas novas rugas no rosto, mas era ele. A frieza com que lhe olhava, uma ameaça silenciosa, seguia idêntica.
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Os instantes de choque e surpresa retardaram sua ação. E quando ela tentou fechar a porta, ele impediu colocando o corpo no vão. Apesar dos mais de 60 anos, Otávio seguia tendo uma constituição física forte e, quando forçou a porta, facilmente jogou-a para trás, conseguindo não apenas entrar, como também girar a chave e guarda-la no próprio bolso. Estava presa junto daquele homem, mais uma vez, 10 anos depois de ter escapado dele.
- Viva...você conseguiu me enganar Sarah. Mas, como mentira tem perna curta, a sua foi descoberta. – Ele parecia calmo. E era nesses momentos, em que agia com mais crueldade.
A cada passo que ele dava na direção dela, Sarah também se movimentava para manter-se numa distância segura. Enquanto isso, tentava pensar numa saída. O celular estava no seu bolso, então precisava tentar trancar-se no próprio quarto e chamar a polícia.
- Saia daqui! Eu vou gritar! – Foi a única coisa que pensou em dizer, enquanto caminhava de costas, indo em direção à sala do apartamento. – Estamos na Europa, não no interior do Brasil, não se esqueça. Encoste em mim, e você vai preso de verdade.
- Você acha mesmo que vai sair disso sem pagar pelo que me fez? – Ele começou a cercá-la, aproximou-se rapidamente, deixando-a encurralada contra a parede. – Não vai.
O tom suave com que falava, contrastava com a brutalidade com que agiu logo depois. Não houve tempo para Sarah reagir. Ela o viu erguer a mão, como recordava-se já ter visto muitas vezes, mas nem mesmo se esquivar conseguiu. O golpe a atingiu do lado esquerdo do rosto, jogando-a contra uma pequena mesa decorativa. Sobre ela, havia um vaso de vidro que, espatifado, lhe feriu a pele.
Apesar de sentir um zunido no ouvido atingido e estar um pouco tonta, sabia que precisava levantar, ficar no chão seria permitir que ele seguisse lhe ferindo. Otávio conseguiu lhe acertar dois chutes, um na cintura e o outro no quadril, mas ela se pôs em pé e trouxe consigo um pedaço pontudo do vaso que se quebrou.