Capítulo 9

177 19 44
                                    

Sarah não havia entendido a razão do advogado de Thomaz querer ir à sua casa naquela manhã. O normal seria contatar seu advogado ou marcar uma reunião na Monteiro. Mas o homem insistiu que precisava ser recebido naquela manhã e ela acabou concordando. No fundo, tinha alguma esperança de Thomaz vir junto e ter a chance de voltar a provoca-lo. Estava se habituando a discutir com ele e vendo graça nisso.

Quando Dante tocou o interfone, apenas trocaram rápidos "bom dia" e ela liberou a entrada, já indo rapidamente ao banheiro, conferir se não havia borrado a maquiagem durante o café da manhã. Quando já se aproximava da porta, com a chave na mão, ouviu o interfone tocar novamente, na cozinha. Estranhou, mas ignorou já que a campainha também tocou. Quem estivesse na portaria, teria de aguardar. O celular vibrou em seu bolso, mas não o pegou.

Abriu a porta esperando encontrar um advogado carregando documentos. Do outro lado estava quem fez de seu passado um inferno. A passagem daqueles 10 anos não lhe fez esquecer a face de Otávio, era ele, sem nenhuma dúvida, com cabelos mais grisalhos, quilos a mais e algumas novas rugas no rosto, mas era ele. A frieza com que lhe olhava, uma ameaça silenciosa, seguia idêntica.

 A frieza com que lhe olhava, uma ameaça silenciosa, seguia idêntica

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Os instantes de choque e surpresa retardaram sua ação. E quando ela tentou fechar a porta, ele impediu colocando o corpo no vão. Apesar dos mais de 60 anos, Otávio seguia tendo uma constituição física forte e, quando forçou a porta, facilmente jogou-a para trás, conseguindo não apenas entrar, como também girar a chave e guarda-la no próprio bolso. Estava presa junto daquele homem, mais uma vez, 10 anos depois de ter escapado dele.

- Viva...você conseguiu me enganar Sarah. Mas, como mentira tem perna curta, a sua foi descoberta. – Ele parecia calmo. E era nesses momentos, em que agia com mais crueldade.

A cada passo que ele dava na direção dela, Sarah também se movimentava para manter-se numa distância segura. Enquanto isso, tentava pensar numa saída. O celular estava no seu bolso, então precisava tentar trancar-se no próprio quarto e chamar a polícia.

- Saia daqui! Eu vou gritar! – Foi a única coisa que pensou em dizer, enquanto caminhava de costas, indo em direção à sala do apartamento. – Estamos na Europa, não no interior do Brasil, não se esqueça. Encoste em mim, e você vai preso de verdade.

- Você acha mesmo que vai sair disso sem pagar pelo que me fez? – Ele começou a cercá-la, aproximou-se rapidamente, deixando-a encurralada contra a parede. – Não vai.

O tom suave com que falava, contrastava com a brutalidade com que agiu logo depois. Não houve tempo para Sarah reagir. Ela o viu erguer a mão, como recordava-se já ter visto muitas vezes, mas nem mesmo se esquivar conseguiu. O golpe a atingiu do lado esquerdo do rosto, jogando-a contra uma pequena mesa decorativa. Sobre ela, havia um vaso de vidro que, espatifado, lhe feriu a pele.

Apesar de sentir um zunido no ouvido atingido e estar um pouco tonta, sabia que precisava levantar, ficar no chão seria permitir que ele seguisse lhe ferindo. Otávio conseguiu lhe acertar dois chutes, um na cintura e o outro no quadril, mas ela se pôs em pé e trouxe consigo um pedaço pontudo do vaso que se quebrou.

Fugindo do destino: eles escolheram outras vidasOnde histórias criam vida. Descubra agora