Capítulo 22

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Cristal observava a irmã. Tentava ver naquela mulher sofisticada e de forte personalidade a jovem doce que amava tanto quando era criança e por quem chorou a morte. Observava, observava...e não conseguia colocar a antiga Sarah naquela à sua frente. Não estava segura do que tinha feito ao ir o encontro de Sarah. Mas resolveu não deixar passar a oportunidade para uma nova vida. Talvez, não tivesse outra. Pela primeira vez na vida, após abraçar a irmã e aceitar sua ajuda, embarcou em um avião.

Tudo era novo demais e ela se sentia nervosa. A sensação era de que tudo não passaria de um sonho do qual acordaria para encontrar sua vida de sempre. Mas cada vez que acordava, a nova Sarah estava lá ao seu lado. Mesmo quando não desejava qualquer companhia. Às vezes, queria ficar sozinha para pensar, mas era difícil quando se encontrava num lugar estranho e com pessoas que ela não conhecia, mesmo que dissessem apenas querer o seu bem.

- Não podemos deixar o Brasil enquanto você não tiver passaporte. Então ficaremos aqui no Rio de Janeiro por algumas semanas. – Tomaz explicou à Cristal, com toda a calma que dispunha. – Será bom, você conhecerá um lugar novo e passeará com sua irmã.

Naqueles dias em terras cariocas, Sarah completou 29 anos. Não gostava de festejar a data do aniversário, por isso não houve bolo nem parabéns. Sete dias depois, porém, Cristal viu a irmã abrir uma espumante para festejar os 10 anos de sua fuga e a primeira década de vida como Sarah Monteiro. Agora, tendo Cristal por perto, se sentia livre das culpas que envolviam aquela morte forjada. Podia comemorar seu renascimento.

Cristal, no entanto, observou aquilo com certa mágoa

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Cristal, no entanto, observou aquilo com certa mágoa. Aquele renascimento matou 10 anos da vida dela. Era impossível não guardar rancor daquela atitude de Sarah, por mais que a amasse e entendesse o quanto ela havia sofrido também. Mas, aos poucos, entendia a visão da irmã sobre aqueles acontecimentos. Começava a perceber, olhando para o que Sarah construiu, que era realmente possível se reconstruir. Os dias felizes lhe mostravam isso.

Foram dias realmente bons os que elas viviam no Rio de Janeiro. Os melhores que Cristal lembrava-se de já ter vivido. Não havia ninguém lhe ferindo nem dizendo a todo o momento o quão cheia de defeitos era. Ainda assim, eram dias de adaptação. Ela se sentia uma estranha naquele lugar onde todos eram gentis com ela e lhe ofereciam coisas antes dela perceber que as queria.

Aos poucos, aqueles dias junto da irmã foram lhe transformando. Quase sem perceber, mudou um antigo hábito e passou a fazer algo que antes era raro: observou-se no espelho. Otávio não gostava que ela fizesse isso.

- Alguém como você, não precisa de vaidade. Não tem serventia alguma. – Certa vez ele lhe disse.

 – Certa vez ele lhe disse

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Fugindo do destino: eles escolheram outras vidasOnde histórias criam vida. Descubra agora