Capítulo 23- E agora?

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Ao fim de quase quatro minutos a dançar a música chega ao fim e separamo-nos. Olhei para o lado e a minha irmã estava a falar com o Michael, aposto que aquele unicórnio ainda se vai desbocar todo. Como se tivessem a adivinhar que eu estava a olhar para eles, ambos olham na minha direção e riem-se. Tento soltar-me do Batman mas antes que eu conseguisse sou surpreendida por um beijo repentino. Ao início tentei afastar-me mas depois, não sei porque deixei-me ir. Não sei mesmo o que estava a fazer, provavelmente deve ser tudo efeito do ponche. Pelo menos assim espero. O beijo é cortado e agora aqueles olhos profundos estão a encarar-me.

-Encontrei-te. - O meu sangue que á pouco pulsava fortemente nas minhas veias, agora estava mais parado que um rio sem água. O meu corpo tinha-se transformado automaticamente num cubo de gelo.

-Ashton?

Estou em total choque! Como é que o Batman era o Ashton? Como é que eu não percebi? E a pergunta que não sai da cabeça, porque é que ele me beijou? Isto não podia ter acontecido, não pode. Ele sabia perfeitamente que nós dois nunca poderíamos funcionar bem. Não estou a dizer isto por dizer, acreditem, mas à tantas coisas que passei, coisas que queria esquecer mas que me perseguem para onde quer que eu vá, e o pior disso tudo é que essas cosias não me deixam ser livre. Não me deixam viver a vida que eu quero. Saber confiar de novo depois de tudo é difícil. Ele sabia isso.

-Larga-me.- Disse bruscamente. Separo-me dos seus braços e só eu sei quanto me custou fazer isso. Os seus olhos automaticamente mostram confusão e tristeza.

- Maggy desculpa. Eu devia ter ido com mais calma.- Tentou agarrar-me pelo ombro mas eu desviei.

-Não...Deixa-me. - Dito isto vejo a minha irmã com o Calum, Mike e Aly atrás.

-O que é se passa aqui? Não sei se já perceberam mas está toda a gente a olhar para vocês?- Disse Sam dando-me pequenas festas nas costas.

- Não se passa nada.- Uma lágrima involuntária escorre-me na minha bochecha. Apresso-me a limpa-la antes que alguém perceba. Tarde de mais, Ashton não tinha tirado os olhos de mim.

-Maggy,eu peç- Corto-o antes que isto vá por caminhos que não quero. Saí apressadamente da festa. Não quero saber de nada agora. Quero ir para casa e esquecer que esta festa alguma vez aconteceu. Ouvi o meu nome a ser chamado múltiplas vezes mas não dei importância. Tirei as chaves do carro e segui até casa.

Agora podia chorar tudo. Podia chorar por não ser capaz de esquecer o passado. Podia chorar por ter perdido a oportunidade de finalmente dizer o que sinto. Perdi a oportunidade de finalmente amar e ser amada. Tudo o que sempre quis e agora, quando estava a um passo de concretizar isso, não fui capaz de me deixar ir. Eu estou demasiado danificada. Como é que alguém pode amar alguém com eu?

Estacionei o carro na entrada da casa e entrei apressadamente para o meu quarto. A minha mãe já estava a dormir e por mais raiva que esteja de mim e com vontade de partir tudo ate amanhecer, não quero preocupar a minha mãe. Ela merece descanso. Fui direta ao meu quarto e mandei-me para cima da cama. Minutos passaram e ali ficava, deitada, a pensar...

Ouvi um barulho na cozinha, provavelmente é a minha mãe que foi beber água. Antes que ela entrasse por aqui a dentro saí cuidadosamente da cama e tranquei a porta do quarto. Agarrei no meu fato de treino que tinha em cima da cama e fui para a casa de banho vesti-lo. Não estava com cabeça para ir procurar um pijama a esta hora da madrugada.

Olhei-me ao espelho e pela primeira vez na vida não em reconheci. Estava pálida, o que era mau sinal. Os meus olhos estavam inchados e negros do rímel. Agarrei nas toalhitas desmaquilhantes e limpei a cara. Depois de vestida voltei para o quarto. Puxei os lençóis para trás e enfiei-me na cama. Queria tentar dormir, mesmo que isso fosse quase impossível de fazer no momento. A minha cabeça estava a mil, incapaz de descansar. Apenas flashes da noite me passavam pela cabeça.

-Não aceito bebidas de estranhos.

-Neste estranho podes confiar.

-Não gostas muito de dançar pois não?

-Gosto mais de observar.

-Se eu pedisse para dançares comigo aceitavas?-

- Pedi para passarem "Nothing Really Matters" a seguir, então convenci-te?

Como é que não desconfiei logo que a pessoa me conhecia, afinal até tinha pedido a minha música favorita. Eu não sei como não reparei quem era. Os olhos dele estavam escuros mas mesmo assim não ficam assim tão diferentes. Porque é que fui dançar com ele?

O beijo...

-Encontrei-te.

Sou tão idiota!

5:38

Passava um pouco das cinco e meia da manha quando acordei com a campainha. Provavelmente era a minha irmã que se tinha esquecido das chaves e agora queria entrar em casa. A campainha voltou a tocar mas desta vez varias vezes. Levantei-me apressadamente da cama antes que a Sam acordasse a minha mãe. Será que ela não tem juízo naquela cabeça? Aposto que andou a beber e agora esta num lindo estado.

O meu ataque de fúria psicológico é interrompido com a porta do quarto da minha irmã a abrir.

- Sam? Que estás aqui a fazer?

-Bem sabes que esta é a minha casa, é normal estar aqui.- Disse ainda a esfregar os olhos.- Quem é que é o lunático que está a bater à porta?- Por favor que seja todos menos o Ashton...Eu neste momento preciso de dormir, esquecer esta noite e não falar sobre o que aconteceu nela.

- É melhor ir à porta antes que acordem a mãe.

-Acho que vais tarde. -A porta do quarto da minha mãe abre.

-Que barulheira é esta a esta hora? Pergunta ainda a vestir o robe castanho.

-Mãe desculpa, volta para a cama, eu vou lá. -Corro apressadamente para a entrada quando oiço pancadas fortes.- MAS O QUE PENS- - Antes que pudesse continuar sou surpreendida. Não era o Ashton. Mas neste caso preferia. Isto não é bom sinal.

- S-sim?- Pergunto de voz tremula. O carro da polícia encontrava-se em frente à minha casa. Um guarda estava dentro do carro e outros dois estavam à minha frente.

- A sua mãe está em casa?

-Sim mas o que passa?- Antes que pudesse obter resposta, a minha mãe aparece por detrás de mim sendo atacada por um dos polícias.- Ei mas o que- Antes que pudesse reagir ao que estava a acontecer o outro polícia agarra-me pelos braços fazendo-me cair no chão, totalmente imóvel e incapaz de fazer o quer que fosse para ajudar a minha mãe.

- A senhora está presa pelo homicídio de Duarte Simões. Tem o direito de permanecer calada, tudo o que disser poderá ser usado contra si em tribunal.

- MÃE??-Gritei uma última vez.

-Desculpa filha, desculpa...





Green eyes ∞ Ashton IrwinOnde histórias criam vida. Descubra agora