Capítulo 29 -Permanent

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Não sei quanto tempo estive adormecida. Acordei num chão de pedra. Era um armazém completamente vazio. Estava apenas eu. Espera a Sam? Olhei para todos os lados quando vejo um corpo encostado á parede. Ela estava acordada mas parecia mais que apenas o corpo estava aqui. Quando me ouviu a mexer as correntes que me prendiam ao chão levantou o seu olhar. Não pronunciou nada, apenas olhou para mim com desdém.

-Estás bem? Ele fez-te alguma coisa?- Perguntei tentando puxar as correntes com o intuito de chegar mais perto da minha irmã.

-Irónico, agora preocupaste como eu estou.

-Eu nunca deixei de me preocupar contigo eu apenas queria que tudo ficasse bem novamente. Sam desculpa por isto, tu não mereces.- Tentei tocar-lhe na pena mas esta afastou-se ainda mais de mim.

-Tens razão eu não mereço e sabes quem mais não merece? A mãe...os nossos amigos, O Calum e até o Ashton. Todos eles não mereciam estar a sofrer neste momento...

- Sam eu não queria, Sam por favor acredito em mim, eu não quer--

- Eu vi te com o Ashton pela janela do quarto.

- Viste?

- Sim, e espero bem que sintas o que estou a sentir. Amar alguém e ter que a deixar para trás. Espero bem que estejas a sofrer tanto que até dói o peito só ao respirares!

- Sam eu...

- Eles vão sofrer, o Calum , o Ashton, tudo por causa de ti.

-Sam não digas isso...-Disse de voz trémula. A única coisa que eu queria era magoar alguém, muito pelo contrário, eu só queria ajudar mas parece que tudo se virou contra mim no final. Pensei que sozinha conseguia resolver tudo e agora... agora estou presa num armazém que nem sei onde fica, com a minha irmã de rastos e vai se lá saber como está a minha mãe.

Uma coisa tenho a certeza, eu vou sair daqui, vou tirar a minha irmã deste buraco e vou fazer justiça pela minha mãe. Sim ela pode ter cometido o crime mas o meu pai e tão culpado como ela. Ele sabia o que se tinha passado e andava a chantagea-la com isso. Não vai ser fácil mas eu tenho forma de o meter também na cadeia.

Oiço o som da porta de ferro a abrir e calculo que seja um dos capangas do meu pai. Nem dito nem feito. Um homem moreno e musculado entra pelo armazém a dentro com um saco de papelão na mão. Algo me diz que ele trazia alguma cosia para eu e a minha irmã comermos.

- Trago aqui o almoço para as senhoras, já estão com fome aposto.- Disse de sorriso convencido na cara enquanto caminhava par junto de nós. Ele agachou-se junto à minha irmã o que me meteu raiva . Assim que se apercebeu do meu incómodo começou a dar festas na cara da minha irmã enquanto esta permanecia estática sem conseguir reagir ao que lhe estavam a fazer.

- Larga-a seu porco! Se queres fazer algo a alguém, faz-me a mim.

-Hm, que rapariga invejosa. Se querias atenção era só dizeres, mas primeiro tens que me deixar acabar aqui e depois sou todo teu.

-Mags. - Oiço a minha irmã chamar-me baixinho assim que sente o homem a chegar-se mais perto dela.

-Já te disse para te afastares dela! DEIXA-A EM PAZ!!

-Já me estou a começar a passar contigo.- Dá-me uma estalada tão forte que os meus ouvidos começaram a zumbir quando a minha cabeça bateu fortemente naquele chão de pedra.

-O QUE É QUE LHE FIZESTE? MAGS? MAGS!!!

Não me conseguia mexer, nem que fosse para avisar a minha irmã que estava tudo bem. Aquela dor aguda teimava em ficar presa na minha cabeça. Sinto a presença do homem junto a mim mas não consigo abrir os olhos para ver o que ele estava a fazer. Ele puxa-me por um braço e encosta-me á parede com força.

-Espero que isto sirva de lição. Para a próxima vez não te levantas.- Dito isto solta-me deixando-me cair de costas no chão. Oiço a porta a abrir e o homem a sair enraivecido.

-Oh meu Deus Mags, estás bem? Mags responde-me!

#AshtonPov#

Tinha acabado de ir levar o meu irmão à escola. Ele percebeu que eu não estava bem, aliás é raro ver-me triste ou sem sorrir por mais de 5 minutos. Claro que tenho os meus momentos mas ele sabia que se andava a passar alguma coisa, só espero que esteja tudo bem com a Margarida. Não a queria deixar nada sozinha nesta altura.

Para garantir isso, como tinha dito à Mags, fui só deixar o meu irmão à escola e agora estava a voltar para a sua casa, para a ajudar com as mudanças.

Estacionei o carro à frente da sua garagem porém a porta da entrada da sua casa chamou-me à atenção. Estava meio encostada e dava para perceber a desarrumação que se encontrava a casa. Espero que se tenham entendido e não chateado mais. A Mags pode não ter feito o melhor em tomar a decisão sozinha, mas foi o melhor que ela conseguiu para tentar proteger a família, e isso é o que interessava.

Tranquei o carro e caminhei a passos largos em direção a casa. Chamei por elas mas nenhuma me respondeu. Estranho, não parece que esteja alguém em casa. Vi o piso inferior em busca delas mas não as encontrava. Decidi ir ao andar de cima, pelo sim pelo não. Algo me diz que se passa alguma coisa, e eu não estou a gostar nada disto. Como suspeitava, não estava ninguém em casa, mas onde será que ela estará agora? Será que elas se foram embora mais cedo? Não, a Mags não ia embora sem antes se despedir de mim, sem me dizer nada. Algo se passou aqui... Estou a começar a entrar em pânico. Não consigo ficar assim, tenho que fazer algum coisa. Tentei ligar-lhe a ambas mas nenhuma dava sinal de estar ligado, provavelmente ate deixaram aqui em casa. Liguei para o Calum, podia ser que a Sam tivesse ido despedir-se dele e a Mags fosse com ela mas como previa nem ele nem o restantes do grupo sabiam delas.

Peguei no meu telemóvel novamente e marquei o número.

- 112, qual a sua emergência?

- Queria alertar para dois possíveis desaparecimentos.

A polícia não demorou muito a chegar. Fiz o meu depoimento e aposto que quem quer que tenha feito isto foi o pai da Mags mas porquê? O dia do julgamento da mãe dela é hoje, dentro de duas horas, ela tem poucas hipóteses de sair da prisão, porque raptar as filhas? Não entendo. Mas também o que a para entender? Da cabeça de um psicopata tudo é possível.

- Oficial, Fernando, encontramos algo que pode levar às vítimas.- Tanto eu como o polícia que me estava a interrogar virámos-nos para ver o que o outro tinha encontrado. Era um simples envelope, um pouco amachucado mas dava para perceber o que estava la escrito.

- Isto é uma ameaça. O envelope é demasiado grande para conter só uma carta com duas linhas. Falta aqui alguma coisa.

-Talvez a arma que encontramos.- Faz sentido. Ele queria ver a mãe da Mags presa, porque que não armar isto tudo? Faz sentido! Ele plantou as provas todas para a polícia encontrar mas esqueceu-se de um pormenor, livrar-se da carta. A carta pode não levar diretamente a ele como suspeito mas leva a probabilidade de que havia alguém que sabia da situação toda e ser considerado cúmplice no crime.

- Eu sei quem mandou isso.

-Jovem, não sei se sabes, mas fazer acusações dessas é muito grave.

-Estas acusações tem fundamento. Tanto que sei quem fez isso como sei quem levou a Margarida e a Samanta Sousa.

- Tem mesmo a certeza no que está a dizer?

-Absoluta. - Dei os dados todos que sabia em relação a ele ao polícia responsável pelo caso.

- Avisem as autoridades. Quero a cidade virada de pantanas à procura desse homem. Lancem um alerta, não queremos que ele saia do país.

Green eyes ∞ Ashton IrwinOnde histórias criam vida. Descubra agora