🦸

140 30 10
                                    


Estávamos no meu quarto, jogados de maneira desajeitada sobre a cama, ela era um pouco maior que uma cama de solteiro, mas isso não impediu que a gente ficasse em posições que num futuro próximo nos daria dor nas costas.

Em suas mãos estava um dos meus gibis favoritos do X-men, que logo se tornou o favorito dele também, nas minhas estava uma HQ do Super-homem. As vezes a gente batia com o pé no braço do outro e mostrava uma cena aleatória do quadrinho que tivéssemos achado interessante. Bater o pé no braço um do outro deve ser uma frase estranha, não é? É que a gente está um com com a cabeça deitada na parte da cabeceira e outro deitado com a cabeça na parte onde fica os pés. Estamos um ao contrário do outro.

Minha mãe, Park Ayumi, estava na sala assistindo televisão, era o horário do programa favorito dela. Meu pai, Park Hyun, estava no quintal brincando com o nosso cachorro Nico.

Quando Will viu meu cachorrinho, não pensou duas vezes em pular para abraçar o corpinho felpudo marrom, Nico ficou feliz, ele ama ser abraçado e é todo dado com as visitas.

Minha mãe ficou feliz que eu trouxe Will para casa, preparou um almoço bem gostoso para a gente, meu pai lavou a louça, era o dia dele. Eu já tinha contado durante os últimos dias sobre gostar de garotos para eles, meus pais foram super compreensivos e me explicaram que sempre estariam lá por mim, mas ainda não contei sobre ser apaixonado por Will, apenas que ele é meu melhor amigo. Porém ainda acho que eles estão torcendo pra que terminemos juntos.

O tempo passou, lemos tantas HQs que meu cérebro está fritando, no final do dia, percebi que de alguma maneira automática me virei para o lado da cabeceira e deitei minha cabeça do ombro macio de Will. Ele não reclamou, na verdade parecia muito feliz, então continuei ali vendo ele terminar de ler outra HQ, dessa vez da Mulher Maravilha.

— Que tarde! — ele reclamou ao olhar para o relógio na parede. — Você me leva pra casa?

— Claro que sim! — ao contrário de mim, Will não parecia ter feito alguma luta marcial, então sempre deixava ele em casa para que nada o acontecesse. Joyce parecia agradecida por isso, mas algo me diz que não é só coisa de mãe.

— Foi muito legal hoje! — ele disse, enquanto descia as escadas junto comigo, minha mãe ouviu a voz dele e virou a cabeça para nos olhar.

— Foi mesmo, obrigado por vir. — fiz um carinho nos cabelos dele, eram macios.

— Will querido, volte sempre que quiser, tá? — mamãe levantou do sofá e abraçou ele e eu. — toma cuidado na rua, se quiser o pai leva vocês. — fez uma cara preocupada.

— Não precisa, Tia Yu. — Will disse, meio envergonhado.

— Já vamos indo, daqui a pouco eu tô de volta!

Fomos caminhando pelas ruas contando histórias que aconteceram com a gente aos risos, ele parecia mais leve. O por do sol na nossa frente deixava o fim de tarde ainda mais especial.

— Obrigado por me trazer. — paramos na frente da casa dele, eu ia dizer que não era nada, mas não tive reação alguma quando seus lábios encostaram nos meus em um demorado selinho.

Ao fim do beijo, ele encostou sua testa na minha e segurou minhas mãos, me olhando nos olhos. Meu coração batia rápido, ele também gostava de mim?

— Até amanhã. — foi a última coisa que ele disse, antes de beijar as costas das minhas mãos e entrar em casa.

Eu fiquei alguns minutos parado ali, associando tudo, mas resolvi voltar para casa, assim pensaria com mais calma e de quebra não preocuparia meus pais.

Pensando nisso, Will nem se despediu do meu pai e do Nico... Eles devem estar tristes agora.

Mas ele pode nos visitar mais vezes e quem sabe na próxima eu já consiga o apresentar como meu namorado.

Quadrinhos; Will Byers.Onde histórias criam vida. Descubra agora